sábado, 31 de outubro de 2020

A REDE

  


A REDE.

Entre as relíquias do nosso tradicional Edifício dos Jornalistas no Leblon – RJ, recebi do meu amigo Carlinhos Raposo essa foto de pessoas queridas que faziam parte, fundadores, da rede de vôlei montada no canal da praia do lado do Leblon.

De pé: 

THOMPSON DO ABIAHI CARNEIRO DA CUNHA – Banco do Brasil (SUMOC) Morador do C1/10 and. Paraibano dos bons. Dedilhava o violão com maestria.

PINGA e seu filho – Exímio jogador de vôlei. Morador do Humaitá. Paraibano dos bons. Ótimo interprete do Altemar Dutra. 

LULU – Luís Mangualde – Fundador da PETROBRÁS – Atuava na área de Desenho Industrial e Mapas Topográficos. Morador da Visconde de Pirajá. Frequentador do Amarelinho no Centro. Ficava escondido no Posto Esso do Paulinho até que a rede estivesse armada, para chegar de mansinho.

SÉRGIO VELHO – Sérgio Sparnazi – O mais ranzinza. Só faltava ter um enfarto quando jogava ao lado do Maneco ou do Turquinho, pois os dois faziam tudo para errar e ver o Sérgio irritado. Grande amigo. Morava no redondo da Gal San Martin. Companheiro de noitadas.

MAZÔ – Era seu apelido – O nome complicado não lembro. Nasceu num dos países baixos. Engenheiro da Wella Cosméticos.

TIO JORGE – Jorge Pena – Nosso líder. Foi técnico de futebol tendo atuado no exterior A rede ficava guardada em sua casa no Jardim de Alah próximo a praia. A rede foi matriculada por ele na Prefeitura com o número 1.


Agachados:

VASCO – Raimundo Vasco – Jornalista da United Press. Morador do A1 exatamente em cima donde a turma reunia pra bater papo. Havia noite que ele não aguentava e pedia para diminuirmos o volume. Sem problema. Todos o adoravam. Um detalhe: se o chamasse pelo primeiro nome, nossa mãe seria exaltada pejorativamente onde estivesse!

SABARÁ – Carlos Nascimento – Motorista da Vale e trabalhou muitos anos com o Carlinhos Raposo. Morador da Cruzada São Sebastião. Adorava o samba na sua casa e os tira gostos da Dona Ana. As cortadas dele no vôlei faziam buracos na areia.

FLÁVIO – Flávio Carneiro da Cunha. Advogado, porém, preferiu ser representante comercial. Morava ao lado do Bar do Veloso na Prudente de Moraes. Meu guru. Extraordinário. Sem ele a rede ficava sem graça. Casado com a Violeta Cavalcanti cantora da Rádio Nacional. Passava a noite tomando cafezinho ou Coca Cola enquanto a Violeta enfiava o pé no conhaque. Dura na queda!

REUBEM – Morador do A1. Grande amigo. Amigo de emprestar dinheiro! Acho que se tornou funcionário da Receita Federal. Numa determinada época fazíamos revezamento com a namorada.

Esses eram alguns dos participantes assíduos da rede, porém havia domingo de ter mais de 50 pessoas que iam ali somente para assistir, prosear e eventualmente morrer de rir da brigalhada “dos velhos”. 

A praia podia estar lotada em dias de sol no verão, mas percebia-se um imenso clarão vazio em torno da rede. As senhoras e suas crianças ficavam longe para que os meninos não aprendessem novos palavrões.

No verão brabo, a gente tinha que enfiar os pés na areia esperando o saque pra não queimar. Nariz descascado. Cabelo queimado ficava louro que nem palha de milho.

Normalmente a última dupla éramos, eu com o Sabará versus Sérgio Velho e Fávio.

Ganhar dos dois era impossível! Flávio metia a mão na rede e não acusava. O Sabará tinha que se matar pra fazer pontos dobrados. Se o Flávio errasse um passe para o Sérgio, danou-se. Tirava o boné, jogava no chão, pisava em cima e esculhambava o Flávio, que quebrava o Velho com seu simpático sorriso.

Nessas alturas já eram 15 horas. Debaixo daquele sol, a língua virava gravata. 

Eu dava um mergulhinho na água fria e nem olhava pra trás, corria para a Clipper. Pedia dois chopes. Seu Joaquim não entendia: 

- Dois “Pidrinho”?

Um pra agora, outro pra depois! Que delícia! O chope gelado descia de uma vez trincando a mucosa da garganta. O outro descia civilizadamente com uma porção do tradicional pernil ou carne assada.

Até completar o tanque, a turma já tinha ido em casa tomado banho e trocado de roupa, ai eu me sentia deslocado, com vergonha ia embora para o bar do Seu Antônio no Jorna. 

As vezes tinha um violão perdido por lá com o Nerthan irmão do Thompson e a farra continuava.

Nossa aldeia era uma festa! Todos se amavam!

31/10/20

Pedro Parente.



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