sexta-feira, 14 de julho de 2017

MÁRIO DI TREVOR

MÁRIO DI TREVOR

Ontem recebi uma triste notícia. Meu amigo Mario di Trevor faleceu. Grande amigo, passou por aqui na década de 80. Exímio tocador de violão, tendo participado de concursos internacionais, possuidor de excelente voz que lembrava Orlando Silva boêmio dos bons. Imediatamente passou a fazer parte da nossa turma.
Para levantar uns trocados, claro, passou a exibir seu talento em botequins que ele próprio montava.
A plateia fiel, não decepcionava e todas as noites lotava o bar onde ele estivesse.
Numa dessas noites, o bar estava funcionando no casarão dos Viegas ao lado da Matriz com aluguel intermediado pelo João Luiz.
O bar era na frente de uma construção antiga remanescente dos tempos coloniais.
Com o dinheiro curto, a energia elétrica usada com parcimônia na parte ativa. Os fundos, um breu.
Naquela noite, Mário se preparava para dar seu show, um verdadeiro concerto.
Tinha um porém, ele só tocava se fosse feito silêncio profundo. Era capaz de se ouvir a respiração do amigo ao lado.
Mário pegou o violão solenemente, colocou um dos pés sobre um caixote e quando ia dar seu primeiro acorde, surgem correndo, espavoridas, duas ratazanas enormes vindas do fundo do casarão.
Quando elas depararam com o Mário. Pararam e se entreolharam sem entender nada.
Mário com sua fleugma, dedo em riste, mandou:
- Já pra dentro!
No que foi obedecido imediatamente.
As gargalhadas explodiram e detonaram o silêncio circunspecto.
Saudoso Mário. Descansa em paz.
Às suas filhas Janaína e Lorena meus profundos sentimentos.
Pedro Parente
14/01/2017