terça-feira, 24 de abril de 2018

LUMINOSA MANHÃ



LUMINOSA MANHÃ
Outono aqui na Colônia bairro onde moro, os dias já amanhecem friozinhos e deixar a cama é difícil. 
O céu claro e o sol ameno transmitem paz celestial ao meu velho e cansado coração.
Não tenho nada a fazer. Nenhum compromisso que não possa ser adiado, pois sou aposentado e vivo no ócio esperando minha derradeira chamada.
Enquanto não chega volto minha vista ao derredor. 
Deslumbrante a natureza que me brinda com um cenário deslumbrante emoldurado pela Serra São José.
Flores de outono com a singeleza da estação, cores amenas onde buganvílias se destacam com seus diferentes matizes.
Nesse clima bucólico, fui premiado com oito filhotes de minha pachorrenta vira lata. 
Aquecida pelo fogão de lenha, trata com carinho de sua pródiga prole. Não falta carinho a nenhum.
Esqueço as maldades do mundo e me introduzo no corpo de um deles para usufruir do regaço e de tanto afeto da mãe dedicada. Chego a sentir o calor e o coração ofegante daquela criatura.
Preocupa-me o destino deles. Provavelmente não se verão mais durante a vida. Uns mais e outros menos privilegiados pela sorte obedecerão ao que o destino lhes reserva. Por enquanto desfruto desse inocente quadro à minha frente com sentimento de paz.
Tanta claridade no céu. São famosos os dias e as noites de abril. Dizem que são os mais limpos. Concordo. À noite podemos destacar com clareza as constelações no firmamento. 
Aqui já foi mais calmo. Rua de terra, o gado caminhava vagarosamente e não se ouvia ninguém buzinar. Hoje já se projetam até quebra-molas. 
Agora vou passar um cafezinho fresquinho num coador de pano para egoísta, isto é, só para uma pessoa. Passo direto na caneca uma dose só para que fique bem quentinho. Acompanhado de broinha de fubá fresquinha.
Não existe condomínio de luxo que dê a tranquilidade desse momento. É o privilégio de morar no arrabalde cercado de nuanças despercebidas em outros lugares agitados.
São servidos?
Pedro Parente
24.04.2018