quarta-feira, 27 de dezembro de 2023
quarta-feira, 20 de dezembro de 2023
JUÁ
JUÁ
domingo, 17 de dezembro de 2023
LARGO DA SÉ
LARGO DA SÉ
Esse primeiro prédio de
dois andares foi construído pelo meu avô materno oriundo de Portugal que trouxe
consigo suas irmãs e bastante dinheiro. Seguiram os passos de nosso “Rei Fujão”
pelo mesmo motivo: medo do comunismo.
É uma grande construção
confinando seu fundo com a Baia de Guajará onde foi construído, também um
trapiche para atracação de sua lancha Leopoldina que transportava gêneros de
sua propriedade no Alto Rio Guamá. Na parte de baixo do prédio acontecia a
administração e o refeitório da família, Na parte superior haviam dois grandes
salões de festas onde eram comemorados aniversários e datas especiais como o
Círio de Nazaré, Natal e Ano Novo.
Eram lindas festas! Delas
participavam autoridades e a alta sociedade paraense.
Os tempos passaram e
aquele prédio serviu de abrigo para sua família até que o Quartel ao lado
resolveu se apossar daquela área indenizando a família de forma irrisória.
Restaram lembranças
maravilhosas dali.
O prédio foi construído no
Largo da Sé, da catedral de onde sai todos os anos a extraordinária procissão
do Círio de N.S.de Nazaré padroeira de Belém.
Na família aquele prédio era
chamado de Sobrado ou a “Casa da Dindinha” onde minha tia Maria morava com suas
irmãs. Por ser professora, na parte de baixo fundou o Externato Barroso que
administrava o Curso Primário. Lá estudei, claro que levei vantagem sendo
sobrinho da professora...
O Largo era ornado por
várias e frondosas mangueiras centenárias. Uma de cada qualidade. Nunca vou
esquecer o canto alegre dos bem-te-vis que lá se alimentavam daqueles frutos
deliciosos.
A noite Dindinha me
levava pelas mãos para a as novenas da Sé onde ela fazia parte do coro entoado
as musicas sacras. Na saída um bom sorvete de frutas regionais.
Exausto de tanto brincar
nada melhor que uma boa rede e um sono inocente e reparador. Na parede um
quadro com a imagem de Santa Terezinha que com seu olhar acompanhava meus
balanços.
Só alegria!
17/12/2023
Pedro Parente
.
LARGO DA SÉ
LARGO DA SÉ
Esse primeiro prédio de dois andares foi construído pelo meu avô materno oriundo de Portugal que trouxe consigo suas irmãs e bastante dinheiro. Seguiram os passos de nosso “Rei Fujão” pelo mesmo motivo: medo do comunismo.
É uma grande construção confinando seu fundo com a Baia de Guajará onde foi construído, também um trapiche para atracação de sua lancha Leopoldina que transportava gêneros de sua propriedade no Alto Rio Guamá. Na parte de baixo do prédio acontecia a administração e o refeitório da família, Na parte superior haviam dois grandes salões de festas onde eram comemorados aniversários e datas especiais como o Círio de Nazaré, Natal e Ano Novo.
Eram lindas festas! Delas participavam autoridades e a alta sociedade paraense.
Os tempos passaram e aquele prédio serviu de abrigo para sua família até que o Quartel ao lado resolveu se apossar daquela área indenizando a família de forma irrisória.
Restaram lembranças maravilhosas dali.
O prédio foi construído no Largo da Sé, da catedral de onde sai todos os anos a extraordinária procissão do Círio de N.S.de Nazaré padroeira de Belém.
Na família aquele prédio era chamado de Sobrado ou a “Casa da Dindinha” onde minha tia Maria morava com suas irmãs. Por ser professora, na parte de baixo fundou o Externato Barroso que administrava o Curso Primário. Lá estudei, claro que levei vantagem sendo sobrinho da professora...
O Largo era ornado por várias e frondosas mangueiras centenárias. Uma de cada qualidade. Nunca vou esquecer o canto alegre dos bem-te-vis que lá se alimentavam daqueles frutos deliciosos.
A noite Dindinha me levava pelas mãos para a as novenas da Sé onde ela fazia parte do coro entoado as musicas sacras. Na saída um bom sorvete de frutas regionais.
Exausto de tanto brincar nada melhor que uma boa rede e um sono inocente e reparador. Na parede um quadro com a imagem de Santa Terezinha que com seu olhar acompanhava meus balanços.
Só alegria!
17/12/2023
Pedro Parente
.
quarta-feira, 13 de dezembro de 2023
BAIRRO DA VILA
BAIRRO DA VILA
O bairro principal da ilha de Mosqueiro, chama-se Vila que concentra o comércio onde todos vão buscar mantimentos para o suprimento de suas casas, por não ter geladeiras para conservar perecíveis, as compras teriam que ser diárias. Por isso aquele local era a parte mais movimentada da cidade, antes do almoço.
Dois amigos Rauland e Mansur sonorizaram a praça usando cornetas alto-falantes fixadas nos postes da “rede elétrica”. Não se perdia nenhuma música gerada em um estúdio precário no quiosque da prefeitura. Muito trabalhoso, pois tudo era feito manualmente. Acabava um LP que hoje chamam “bolachão”, entrava a voz impostada de um dos sócios fazendo reclame do patrocinador. Era época dos “Anos Dourados” e as músicas muito românticas, algumas vindas de Cuba e do Caribe, criavam um clima propício ao namoro e as paixões arrebatadoras dos jovens corações adolescentes.
Havia um salão de danças, comum à época, chamado Praia Bar. Ali os dançarinos exibiam seus passos requintados com suas hábeis damas. Quem não soubesse dançar somente assistia com inveja. Nesse ofício era exigido muita destreza.
É comum nesses arrabaldes seus tipos inesquecíveis. Cada qual com sua peculiaridade; fazia parte desse grupo a Paula. Uma mulher generosa. Ela acolhia aqueles boêmios que prolongavam a esbórnia. Os acolhia em sua casa servindo a eles uma sopa substancial, acompanhada pela “marvada pinga” Com eles amanhecia o dia participando ativamente das conversas. Por ter se prostituido cedo possuía grande experiência no trato com a turma. Não fazia distinção com ninguém e não havia abuso. Todos a respeitavam e acarinhavam.
Ali havia uma figura muito querida com o apelido de Manteiga. Na época das férias mudava-se de sua casa em Belém para a casa da Paula em Mosqueiro. Trazia a roupa do corpo, a rede e um calção de banho que não tirava durante o tempo que estivesse por ali como hóspede.
Meu amigo Napoleão, companheiro de juventude e que passava as férias conosco, lembrou da “Sopa do Padre Serra”. De padre não tinha nada, a não ser o nome, talvez porque recuperasse o estado normal daqueles que erravam a mão na pinga durante a madrugada.
Cinco da manhã íamos deixar o papai na Vila para pegar o navio que o levava a Belém para trabalhar. Quando voltávamos a pé para casa teríamos que levar temperos e peixes para o almoço, porém antes, uma generosa sopa no Pe. Serra. Não podíamos esquecer de levar o pão para a mamãe.
Após o café da manhã sob austera administração da mamãe, maré cheia, água fresca e uma boa pelada na areia.
Depois, lauto almoço. Normalmente peixe fresco e de sobremesa um bom açaí.
Uma boa sesta numa rede na varanda recebendo a brisa fresca vinda das bandas do Marajó.
Não percebia que a vida passava e a felicidade não é perene.
13/12/2023
Pedro Parente
segunda-feira, 11 de dezembro de 2023
VILA DE MOSQUEIRO
VILA DE MOSQUEIRO
No dicionário
Mosqueiro significa local de muitas moscas, porem a origem do nome dado à ilha,
onde passei parte da minha infância, está relacionado a Moquém, uma grelha de
paus sobre o lume onde se assam ou secam peixes.
Os índios que ali habitavam
tinham o costume de se reunirem na praia,
todos da tribo e promoviam uma imensa pescaria. O produto, normalmente, de bastante
volume, contendo quantidade abundante de peixes de todas as espécies. Cabia às
mulheres a tarefa de limparem as vísceras e brânquias do pescado. Sendo grande
quantidade, a tribo teria que secar os peixes que abasteceriam a aldeia por
algum tempo.
Na praia erguiam
os moquéns promovendo a secagem. Até hoje por lá se usa o termo “peixe moqueado”
que corresponde a “peixe defumado”.
Sendo uma ilha
escolhida pela elite, tornou-se muito procurada por turistas que dali fizeram seu
passeio de férias e finais de semana. Construíram seus adoráveis chalés de
madeira em seus arborizados quintais, cada um mais bonito que o outro.
Por se tratar de
ilha sua comunicação e abastecimento com o continente era feita por via
marítima. Sua porta de entrada, um trapiche enorme baía adentro onde encostavam
embarcações e, principalmente o navio a vapor que trazia moradores e veranistas.
Nas generosas
férias escolares o movimento da ilha crescia demais, mantendo as devidas proporções.
Ruas de terra, apenas um pequeno ônibus que fazia duas viagens, uma quando o
navio chegava e outro quando ia embora.
Ali na frente junto
ao trapiche todos chamavam o bairro de Vila, onde tinha o Mercado Municipal. Em
frente várias barraquinhas onde as artesãs locais comerciavam seus deliciosos e
singelos produtos culinários como
mingaus, tapioquinha, café e mil e uma quitandas
Na minha inocência,
achava que ali era o céu!
A tarde tradicionalmente
é a hora do tacacá. Um tipo de caldo quente de origem indígena consumido na
cuia. Feita com goma de polvilho, tucupi que é o suco extraído da mandioca
brava, jambú uma folha que deixa a boca meio anestesiada e camarão seco.
Uma delícia
insuperável!
Num quiosque da
Prefeitura Tia Raimunda servia em sua banca o tacacá mais famoso e saboroso por
isso mesmo muito disputado. Tia Raimunda de seus quarenta anos e talvez cento e
cinquenta quilos, sorriso franco, turbante na cabeça, querida de todos. Com todos
esses predicados tornou-se conselheira espiritual dos jovens desencantados com
seus efêmeros namoricos. Em volta de sua banca tinha sempre uma alegre roda de
rapazes e moças alegres como um bando de maritacas.
Tempos felizes!
11/12/2023
Pedro Parente
quinta-feira, 7 de dezembro de 2023
MOSQUEIRO
MOSQUEIRO
Não sei em que século, a Amazônia na região norte do Brasil, houve uma ‘corrida em busca do tesouro”, no caso, tratava-se da borracha extraída de uma planta, a seringueira, nativa daquela região.
Iniciava-se a explosão industrial com o Henry Ford, nos Estados Unidos, fabricando automóveis em série. Equipados com quatro pneus e um sobressalente aqueceu em demasia o consumo da borracha.
Logo chegaram os empresários, na maioria portugueses, para explorar aquele nicho de mercado. Adquiriram imensos latifúndios, empregaram ribeirinhos e nordestinos que fugiam da seca num regime de escravidão sujeito a todo tipo de intempéries e doenças tropicais como malária, febre terçã, impaludismo causando a morte de um exército de temerários.
Os patrões logo multiplicaram seus lucros. Muitos cometendo exageros perdulários chegando a queimar dinheiro. Contam que para fazer bonito na presença de cortesãns acendiam charutos cubanos com uma cédula de quinhentos mil reis, a maior da época.
Junto com esse esbanjamento vieram boas novidades como a arquitetura de casas requintadas que algumas recebiam o nome de palácio. A cidade de Belém foi premiada com esse casario. Ainda existem alguns remanescentes de muito bom gosto. Distingue-se aqui o belo Teatro da Paz que abrigou a apresentação das maiores empresas de espetáculo daquele tempo.
Essas famílias abastadas devido ao calor tropical inclemente, gostavam de sair e usufruir de igarapés ou praias de areia. A moral era severa e os patriarcas não gostavam nem um pouco de expor suas mulheres e filhas ao olhar indiscreto de outros banhistas. Elegeram a Ilha de Mosqueiro sua predileta. Ali levaram a opulência de grandes chalés de madeira de lei com arte rebuscada nos detalhes do alpendre.
De colônia de pescadores aquele povoado passou a ser muito procurado por veranistas, tornando-se famoso. Apesar dessa frequência endinheirada até hoje não perdeu seu apodo de “Bucólica”.
Sendo uma ilha seu acesso era somente via marítima. Tinha um navio ainda a vapor, que fazia o trajeto partindo de Belém. Chegava ao cair da noite em Mosqueiro e voltava de madrugada levando os trabalhadores..
Meu pai trabalhava para um banqueiro muito rico que veio de Portugal com sua família fugindo do “comunismo” que comia crianças. (hoje matam as crianças e não comem. A noite estão orando na sinagoga ou na Meca).
Nós éramos cinco irmãos. O terceiro foi atacado por uma moléstia chamada beribéri. A medicina era incipiente. Meus pais desesperados foram aconselhados pelo médico da família a leva-lo para Mosqueiro, pois o clima de lá talvez o salvasse.
Meu pai adquiriu um terreno na Praia Grande e lá construiu uma casa avarandada onde assistimos o milagre da recuperação de meu irmão Guilherme
As férias escolares gozávamos as delícias daquela aldeia. Eu e meus irmãos passamos a fazer parte da família daquela gente humilde e hospitaleira. Eu era mais um entre eles.
Maré baixa era hora da pelada. Aproveitávamos que a areia ficava certinha. Fincávamos dois sarrafos marcando a trave e o pau quebrava. Os pescadores adultos participavam também. Não tinha nada de aliviar. Certo dia o Chinês errou a bola e acertou a canela do Adamor. Jogo interrompido. Canela quebrada.
Naquela semana Adamor não pescou. Chinês foi no seu lugar com Crisóstomo e Chico buscar os peixes.
07/12/2023
Pedro Parente