sábado, 24 de agosto de 2019

caviar

CAVIAR -
Naqueles tempos quando São joão del-Rei ainda era uma pacata cidade e os acontecimentos acompanhavam a lentidão com que corre o córrego que corta a cidade, houve um fato relevante que foi a inauguração do supermercado Sanjoanense dos irmãos Borges vindos de Barbacena.
Uma novidade muito bem vinda!
Apressei-me para fazer as compras num ambiente confortável com muitas opções inexistentes até então principalmente na parte de comestíveis exóticos e acepipes. 
Lá deparei-me com uma latinha redonda de caviar preto. Ova do peixe esturjão muito usado na cozinha requintada da Rússia.
Como diz o sambista Zeca Pagodinho: "Nunca vi nem provei/ Só ouço falar!". 
Comprei!
A latinha ficou rolando na geladeira por muito tempo. Não sabia o que fazer com aquilo.
Certo dia a Seleção Brasileira de Futebol ia disputar uma partida da Copa do Mundo num domingo de manhã.
Estava casado havia pouco tempo e morava no Largo de São Francisco. Minha mulher havia saído para a missa.
Convidei minha turma para assistir o jogo lá em casa.
Bebida de todo tipo, desde pinga até uísque.
Lá pela metade do jogo, chegou a Marta minha esposa. Me chamou no canto da sala e me repreendeu, pois não tinha comprado nenhum tira-gosto para meus convidados.
Pessoa muito bem resolvida e que tem solução para tudo me aparece na sala com uns canapês deliciosos, para tanto usou o tal rejeitado caviar.
Acabou o jogo, todos se despediram e um dos participantes da roda num gesto de gentileza e educação, parou no meio da escada, virou-se para trás e falou:
- "Martinha o canapê de ESPINAFRE" estava uma delícia"!
De repente a ova do peixe russo virou folha de horta tupiniquim. 
Alguns entenderam e o resto aplaudiu!
24/08/2019
Pedro Parente.