sábado, 10 de março de 2018

Noite de chuva.






Delícia de chuva - Sou presenteado com o silêncio da noite e a chuva massageando meu pensamento envolto em coisas da minha juventude.
Vem a minha lembrança as viagens que fazíamos de Belém até as terras de meus avós paternos já falecidos e elas administradas por meu pai.
Dependíamos dos movimentos das marés, do rio Guamá pois lá elas enchem durante seis hora e vazam também em seis horas com seis minutos de preamar e seis minutos de baixa mar.
A viagem era sempre a noite com duração de seis horas. Saíamos no início da enchente subindo rio acima.
Nosso barco era pequeno calava apenas cinco toneladas, movido por motor a óleo diesel.
Na Amazônia sob o trópico, as estações são apenas duas: inverno e verão.
Dizem que a diferença de uma para a outra é que no verão chove todo dia e no inverno, chove o dia todo.
Numa dessas noites de muita chuva foi assustadora.
Havia um trecho perigoso quando atravessávamos de uma margem à outra num lugar chamado Ponta Negra.
As marolas foram tantas que nossos utensílios de barro viraram cacos.
Em compensação em algumas noites, vi surgir por entre a mata a lua gigante, aquela bola iluminada de luz ofuscante deixando refletir sua imagem no leito do rio.
Ao chegarmos lá pela madrugada havia sempre um cafezinho fresco nos esperando.
Eu dormia na minha rede no barco atracado no trapiche, acariciado pela brisa fresca do pachorrento rio Guamá.
10/03/2018
Pedro Parente

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