domingo, 24 de janeiro de 2021

TRANSPLANTE

TRANSPLANTE
Corria uma história lá entre a turma da equina da qual eu participava, que um certo morador da cidade muito vaidoso, de repente ficou careca. 
Para ele foi a morte. Não se conformou. 
Resolveu implantar cabelos com o intuito de pelo menos, disfarçar a calvície, para isso tornou-se econômico até em demasia e passou a ser qualificado como “Careca Pão Duro”.
Após muito tempo de sacrifício, conseguiu amealhar o capital suficiente para a execução do transplante, porém, esse procedimento não era feito em sua cidade e teria que ser em Juiz de Fora que possui mais recursos técnicos.
E lá se foi nosso careca entusiasmado com a vitória de ter conseguido o dinheiro e voltar cheio de cabelos na testa sobre os olhos.
Internou-se na clínica e lá ficou o tempo necessário para o implante e adubagem na expectativa das mudas vicejarem. 
O tempo exigido passou e algumas toiças já se consolidavam no couro cabeludo quando recebeu a visita de um amigo da sua cidade.
De alta programada para a parte da tarde e na expectativa de economizar o dinheiro da passagem de ônibus, convenceu o amigo a espera-lo.
De tarde, após a alta da clínica, montaram em uma Brasília usada e pegaram a estrada rumo à casa.
Viagem tranquila, conversa animada, o motorista distraiu-se e deu um golpe agudo na direção do veículo.
No acidente, o recém implantado desmaiou com um corte na cabeça exatamente no local do transplante.
Desacordado, deu entrada no hospital. 
Obedecendo ao procedimento de rotina para esses casos, o enfermeiro imediatamente, munido de um aparelho de barbear e sabão com espuma, raspou todos os cabelos em volta do ferimento.
Já suturado após o atendimento, ainda na maca, despertou.
Levou a mão a cabeça. Sentido o enorme curativo no local do implante, desmaiou novamente.
Salvou a vida, mas perdeu o dinheiro a vaidade e continuou como “Careca Pão Duro”. 
A vida é madrasta!
23/01/2021
Pedro Parente

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