quarta-feira, 16 de março de 2022

PRAIA GRANDE

                                         PRAIA GRANDE

 



Numa das minhas idas à Belém visitar minha família, fui direto para nossa casa de madeira na Ilha de Mosqueiro na Praia Grande.

Lá encontrei um velho amigo de infância, já naquela época, oficial da Marinha de Guerra gozando suas férias na nossa “Bucólica” como tratávamos a ilha carinhosamente.

Era um dia muito bonito. Meia maré de enchente, soprava um vento brando do Leste, sol de nove horas. 

Na cabana a beira mar tomávamos umas biritas, quando meu amigo resolveu apresentar seu último investimento, havia comprado uma canoa a vela e bujarrona. 

Aproveitando o vento constante que soprava, convidou-me para darmos um passeio na Baia de Santo Antônio. 

A baia é imensa a tal ponto que do outro lado fica a Ilha de Marajó. Onde estávamos não enxergávamos a Ilha.

Amava navegar e aventuras!

Flávio chamou o piloto e embarcamos na canoa.

A praia estava cheia de adolescentes veranistas pedindo para participar do passeio. Couberam seis.

Içamos a vela mestra e a bujarrona com o vento no través logo tomou velocidade rumando para o Marajó.

Uma maravilha! 

O marulhar na proa do barco e a brisa fresca no rosto salpicada de pequenas gotas de água doce dava a incrível sensação de prazer e liberdade.

Já estávamos muito longe de onde partimos. Não demos conta que a maré estava bem próxima à preamar e quando isso acontece, o vento cessa.

Foi o que aconteceu, Além do mais a maré começou a vazar nos levando à deriva rumo ao oceano.

Os meninos começaram a ficar inquietos pois as mães os esperavam para o almoço.

Pensei que o piloto fosse experiente, mas não era.

A correnteza estava pesada e já estávamos chegando ao fim da Ilha de Mosqueiro quando assumi o comando:

- Daqui não passo! 

Joguei a âncora e o barco parou.

A garotada já querendo entrar em pânico. As horas passando. O Sol já se encaminhando para o ocaso.

Eu sabia que a maré voltaria a encher e com ela vem sempre um ventão bom de velejar o perigo é que não tínhamos faróis de navegação e poderíamos ser esbarrados por outras embarcações.

Deus olhou por nós! De repente armou-se um temporal. Levantamos os ferros, enfunamos as velas e rumamos para a margem.

Foi um alívio imenso.

A garotada varada de fome e ansiosa pelo adiantado da hora, saiu em disparada carreira para casa e o carinho da mamãe.

Na manhã seguinte, todos já descontraídos, o assunto virou galhofa.

16/03/2022

Pedro Parente.





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