sábado, 9 de agosto de 2008

Causos do Lalado.

Causos do salão
Lalado

Arlindo um servente de pedreiro, homem sisudo de poucas palavras. Morava no alto do Morro da Forca próximo à igreja do Bonfim.
Certo dia, quando subia o morro com um pesado feixe de retalhos de madeiras no ombro, perto do filtro que distribuí água para a cidade, passa por ele, o caminhão em que é Zé Honorato trabalhava.
Um Chevrolet velho,..., que não tinha buzina e nem arranque. Para entrar na cabine, só se fazia pela porta do motorista, pois a outra não funcionava. Quando chovia, a água entrava direto para a cabine, pois não tinha vidros, porém não causava nenhum problema, do jeito que entrava por cima, saia por baixo o assoalho era que nem tábua de pirulito, isto é, todo furado. Naquele caminhão o que o Zé tratava com o maior cuidado eram os freios. Morando no alto do morro tinha consciência que sem eles estaria pondo em risco a integridade física dele, dos pedestres e dos postes de iluminação. Seu caminhão era movido a gasolina e seu abastecimento não era feito direto na bomba e sim com um conta-gotas. Volta e meia via-se o Zé com uma latinha carregando combustível para o caminhão.
Zé Honorato parou o caminhão no bar que ficava em frente ao filtro, como Arlindo era seu vizinho, Honorato ofereceu carona para o amigo:
- Arlindo tu vais pra casa? Joga esse feixe ai na carroceria e vem tomar umas e comer um tira gosto.
Sexta-feira, a grana do Arlindo só saia no Sábado, ele não pensou duas vezes e fez o que Honorato propôs. Beberam umas e outras boas, até esquecer.
Seis e meia da noite entraram no “velho” (caminhão) como era tratado por Honorato que quando bebia exagerava nos “efes e erres”.
- Arrrlindooo, vou ter que darr um tranco para fazer o pau velho pegar.
O caminhão não possuía motor de arranque e eles estavam cerca de cem metros de distância das suas casas, no topo do Morro da Forca. Engrenou uma marcha a ré. E foi dando tranco descendo o morro, passando pela Praça, Rua Ribeiro Bastos, Largo de São Francisco e a Rua da Prata. O pau velho parou próximo ao convento. Ali não tinha mais inclinação para o caminhão descer e não pegou no arranque.
O Arlindo p. da vida, virou para Honorato e disse:
- E agora Zé como que fica? .
Zé Honorato respondeu, curto e grosso:
- Eu vou ficar aqui. Põe a lenha no ombro e sobe o morro novamente.
Arlindo arrependido de ter aceitado a carona, não teve outra alternativa, jogou feixe no ombro, tonto das pingas e p. da vida, refez todo o caminho pela segunda vez, depois de um dia de trabalho pesado.
Chegou em casa as tantas da noite, com o ombro sangrando e ainda por cima tomou uma bronca da mulher:
- Isso é hora de um chefe de família chegar em casa com a cara cheia de cachaça?

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