terça-feira, 2 de março de 2021

TIO GALILEU

 

 

TIO GALILEU.

Quando vim para o Rio de Janeiro, trouxe no bolso entregue pelo meu pai, o endereço de seu primo Gladstone que à época da guerra haviam servido como soldados no Regimento Sampaio.

Morava na Rua Farahni em Botafogo e formara-se em médico psiquiatra catedrático da UFRJ.

Durante os anos que ali morei, fiz parte de sua encantadora família. Era rotina nos finais de semana, atravessarmos as Barcas para Niterói e rumarmos para Iguaba Grande no interior do Estado do Rio, próximo à Lagoa de Araruama onde o Gladstone possuía uma boa casa de veraneio.

Gladstone era filho do Tio Galileu irmão de meu avô Garibaldi. Morava no Andaraí numa casa baixa.

Era um personagem do bairro, todos o admiravam e reverenciavam por ser muito receptivo e ágil, tanto que se orgulhava de saltar do bonde ainda em movimento.

Tio Galileu gostava de ser chamado de “Voltaire”. Era intelectual e ao contrário do resto de sua família não quis ficar em Abaetetuba, me parece que era piloto da Marinha Mercante e estabeleceu-se inicialmente em Fortaleza. Possuía dotes extra sensoriais, praticava o espiritismo e era vidente.

Certa noite, o Gladstone convidou-me a visita-lo em sua casinha. Recomendou-me que não falasse que seu irmão Garibaldi havia falecido.

Feita as apresentações, tio Galileu perguntou pelo Garibaldi, seu irmão. Informei-o de que estava bem e lhe mandava lembranças.

- Estranho! Há dias passou aqui, despediu-se de mim e comunicou que já estava indo!

Coisas do imponderável!

02/03/2021

Pedro Parente

 

Nenhum comentário: