O BOM VELHINHO
Quando cheguei do Rio de Janeiro vim trabalhar numa
fábrica de tecidos. Não me passava pela cabeça que no setor industrial, a
administração trabalha, também aos sábados.
Não tinha o menor cacoete. Não estava acostumado. No
Rio trabalhava só até sexta..
A salvação é que no próprio prédio da fábrica havia um
barzinho administrado pela simpática Dª Esther e suas filhas. Ela havia sido operária
durante muitos anos.
Aos sábados comecei a frequentar o bar e corrompendo
alguns companheiros de serviço passávamos horas bebendo e comendo as delícias
feitas por mãos habilidosas. O patrão não gostava mas como eu fazia parte da
administração ele relevava.
O bar é um lugar democrático. As pessoas tem direito
de falar o que quiser, sentar com quem quiser, morrer de rir e alguns
insensíveis que não sabem beber, se exaltarem tornando-se inconvenientes.
Nesse bar nunca presenciei nenhuma desavença, pelo
contrario só alegria.
Nesse clima angariamos a simpatia dos frequentadores e
formamos uma pequena comunidade
Tinha um velhinho que caminhava com muita dificuldade
apoiado por duas muletas, Para ganhar um dinheirinho a mais, escrevia jugo do
bicho. Penalizados por sua dificuldade de locomoção nos cotizamos e lhe demos
uma cadeira de rodas. Ficou numa alegria imensa. Todos tinham carinho por ele.
Certo dia chegou um cidadão e humilhou o velhinho.
- Vou jogar uma mixaria. Não jogo mais porque o senhor
não paga.
O sangue me subiu na cara. Tirei um bom dinheiro da
carteira e insultei o cara:
- Joga ai essa grana. A “salva” é sua!
O cara olhou sem graça e saiu de fininho.
As forças cósmicas conspiraram a meu favor. Ganhei a centena.
Era muito dinheiro. O coitadinho não teve coragem de descer de sua casa com
aquela grana toda.
Me levou em sua casa e deu um pacote com os montinhos
amarrados pelo tradicional elástico.
Tirei um dos pacotinhos e lhe dei de presente.
Relutou em aceitar.
Com o dinheiro fui a Belém ver minha família.
Quando retornei, o bom velhinho me ofereceu o dinheiro
dizendo que não havia mexido e que estava a minha disposição.
Boas lembranças de bons momentos.
Só saudade!
11/11/2023
Pedro Parente
Quando cheguei do Rio de Janeiro vim trabalhar numa fábrica de tecidos. Não me passava pela cabeça que no setor industrial, a administração trabalha, também aos sábados.
Não tinha o menor cacoete. Não estava acostumado. No Rio trabalhava só até sexta..
A salvação é que no próprio prédio da fábrica havia um barzinho administrado pela simpática Dª Esther e suas filhas. Ela havia sido operária durante muitos anos.
Aos sábados comecei a frequentar o bar e corrompendo alguns companheiros de serviço passávamos horas bebendo e comendo as delícias feitas por mãos habilidosas. O patrão não gostava mas como eu fazia parte da administração ele relevava.
O bar é um lugar democrático. As pessoas tem direito de falar o que quiser, sentar com quem quiser, morrer de rir e alguns insensíveis que não sabem beber, se exaltarem tornando-se inconvenientes.
Nesse bar nunca presenciei nenhuma desavença, pelo contrario só alegria.
Nesse clima angariamos a simpatia dos frequentadores e formamos uma pequena comunidade
Tinha um velhinho que caminhava com muita dificuldade apoiado por duas muletas, Para ganhar um dinheirinho a mais, escrevia jugo do bicho. Penalizados por sua dificuldade de locomoção nos cotizamos e lhe demos uma cadeira de rodas. Ficou numa alegria imensa. Todos tinham carinho por ele.
Certo dia chegou um cidadão e humilhou o velhinho.
- Vou jogar uma mixaria. Não jogo mais porque o senhor não paga.
O sangue me subiu na cara. Tirei um bom dinheiro da carteira e insultei o cara:
- Joga ai essa grana. A “salva” é sua!
O cara olhou sem graça e saiu de fininho.
As forças cósmicas conspiraram a meu favor. Ganhei a centena. Era muito dinheiro. O coitadinho não teve coragem de descer de sua casa com aquela grana toda.
Me levou em sua casa e deu um pacote com os montinhos amarrados pelo tradicional elástico.
Tirei um dos pacotinhos e lhe dei de presente.
Relutou em aceitar.
Com o dinheiro fui a Belém ver minha família.
Quando retornei, o bom velhinho me ofereceu o dinheiro dizendo que não havia mexido e que estava a minha disposição.
Boas lembranças de bons momentos.
Só saudade!
11/11/2023
Pedro Parente
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