terça-feira, 23 de julho de 2019

MAZAROPI


MAZAROPI
Naqueles tempos quando eu operava o posto de gasolina ao lado do Edifício São João no centro da cidade de São João del-Rei, mantinha uma equipe grande de trabalhadores como frentistas, lavadores e acabadores dos carros ali lavados.
Entre eles havia um especial.
Singular!
Boa índole, honesto no limite, prestativo e eficiente, porém, elétrico. Apressado em tudo, no caminhar, no atendimento e principalmente falar. De tão rápido falar que se entendia apenas parte da frase. Ciente de sua deficiência repetia tudo várias vezes.
Por sua semelhança física com o famoso ator brasileiro de comédias cinematográficas, apelidaram-no de Mazaropi.
Certo dia a Texaco, proprietária do posto, promoveu o lançamento de novo óleo lubrificante para moto.
Após o ritual de lançamento, tudo nos seus devidos lugares com um moderno expositor entre as bombas, o óleo despertou a atenção dos consumidores ávidos por novidades.
Aí é que foi o problema.
Os clientes curiosos, a toda hora, pediam informações sobre o novo produto.
Mazaropi ficou inseguro e indeciso, passou a perguntar ao gerente de pista qual a finalidade e pra que servia o lubrificante.
O gerente Cabral pacientemente foi lhe explicando repetidas vezes.
Ao final Cabral atolado de serviço, ajudando a calibrar o pneu de uma camionete Rural com as rodas impregnadas de barro, já com o bom humor esgotado, chega novamente o Mazaropi com a pergunta feita durante o dia todo:
- Cabal, Cabal pra que serve o óleo mesmo? (nunca conseguiu pronunciar Cabral)
Cabral já com a paciência esgotada, falou:
- É pra avião!
Na mesma hora, outra pergunta do Mazaropi:
- Eles vêm abastecer aqui na bomba, vem?
E assim o Mazaropi transformou o Posto do Pedrão em Aeroporto do Pedrão.
Pode?
23/07/2019
Pedro Parente

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