sexta-feira, 19 de outubro de 2018

JUCA FISCAL


JUCA FISCAL
Na São João del-Rei de outrora, nada de digital. Tudo presencial!
A fiscalização da Fazenda Estadual volante era exercida num Jeep Willys, de fabricação brasileira, muito acanhado, porém orgulho da nossa indústria automobilística.
Dentro dele um motorista e um fiscal com talão de multa à mão. Ambos, funcionários do Estado. Algumas vezes a equipe dispunha de um policial civil para impor respeito a algum recalcitrante.
O fiscal era uma figura bizarra muito rigoroso no seu mister. Cabiam-lhe algumas peculiaridades extravagantes, tocador de violino, seu hobby predileto era criar cobras venenosas em sua residência. Só cobras perigosas como cascavéis, corais, urutus e etc... Todas bem condicionadas em caixas de madeira teladas e limpas.
Muito esperto, dizia que esse artifício lhe estava rendendo bons lucros, pois todos os vizinhos sabendo da sua coleção tratavam de se mudar para bem longe lhe vendendo a casa por preço barato.
Aos domingos de manhã, reunia os mais corajosos para tomar sopa de mocotó acompanhado de boa pinga. Nesse ambiente, aproveitava para demonstrar sua qualidade de violinista. Especialista em tangos chegava a provocar lágrimas nos mais sentimentais.
Almoço, uma bela macarronada confirmando sua descendência italiana.
Pois bem, essa criatura, cumprindo seu ofício, ao raiar do dia no jipe em companhia do motorista foi cercar os sitiantes que traziam seus produtos manufaturados para vender na feira.
Juca Fiscal era temido do povo da roça. Todos conheciam sua fama de “ferrabrás”.
Nesse dia, lá vinha um desses colonos, montado em sua mulinha com algumas galinhas peadas para vender na feira.
Deu de cara com o austero fiscal que lhe foi perguntando:
- Cadê a guia?
- Não moço! Essas galinhas foi o patrão que mandou de presente para um tal de Juca Fiscal! O senhor sabe o endereço dele?
Juca imediatamente entregou seu endereço ao cavaleiro.
Está esperando as galinhas até ontem.
Não tripudie a inteligência do matuto!
19/10/2018
Pedro Parente

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