terça-feira, 8 de janeiro de 2019

MADRUGADA PERIGOSA


MADRUGADA PERIGOSA
Certa madrugada quando saí do Garden Bar encharcado de chopes, acompanhado pelo Paulo Meninão e Gilberto Gaúcho nos encaminhávamos para nossas casas no Edifício dos Jornalistas no Leblon.
Na esquina em frente ao bloco A1 um cidadão não percebeu que chegávamos, sacou de uma pistola rendendo um casal de jovens muito bem vestidos que saia de um baile no Monte Líbano.
Anunciou o assalto e ordenou que o rapaz deixasse o relógio de pulso no chão.
Tempos românticos como no Velho Oeste!
O casal ficou petrificado e sem cor diante da situação.
O rapaz obedeceu e quando se preparava para tirar o relógio do pulso, cheguei nele aos berros e batendo palmas como se espantasse um cachorro.
Não deu outra, o cara mudou a mira. Virou a arma em minha direção e falou:
- “Agora é tu que vai morrer intrujão”.
- Na frente da minha casa não vais assaltar ninguém!
De repente eu estava sozinho na mira do delinquente.
Percebi que o cara não era profissional, se o fosse eu estaria morto.
Contou que estava num samba na Cruzada e deram uma surra nele.
Fui dando papo e de costa para o prédio passei pela muretinha pensando em sair correndo entre as pilastras. Minha chance seria grande. Ele teria que ser muito bom para me acertar. Mas ele foi acalmando e o assalto acabou quase com um aperto de mão.
Dias depois o casal descobriu meu endereço e foi até o apartamento que eu morava no B2 agradecer pelo meu ato.
Eu não estava. O casal foi recebido pela minha tia.
Ele contou que era cadete da Aeronáutica e que naquela noite havia escapado do quartel para encontrar com a moça no baile. Se algo desse errado seria punido.
O tempo passa. A fila anda.
Um dia, pela manhã, fui à padaria do Luso em baixo do Bloco A2 percebi que havia trocado o atendente.
Uniformizado e sorridente, mandou:
- Lembra-se de mim?
- Claro!
Era o meliante que resolvera mudar seu modo de vida ingressando no exército dos trabalhadores honrados.
Vida que segue!
08/01/2019
Pedro Parente



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