PRIVILÉGIO - Morar no interior.
Às vezes me pego pensando e avaliando o privilégio de morar no interior.
Há tempos decidi não assistir TV pela preferência que dão às notícias de desgraças.
Num acidente o repórter foca a câmera nos olhos de um moribundo prezo
às ferragens do veículo e se regozija com o sofrimento daquele infeliz
que agoniza.
Quando ainda dirigia por essas estradas do Brasil, na
hora do almoço, dava preferência aos restaurantes ou botecos que não
possuíssem televisão. Há alguns que
enquanto almoçam, não tiram os olhos da telinha chegando até a errar a
garfada de macarrão com feijão que levam à boca.
Procedendo à minha maneira, me privo das desgraças transmitidas por esses órgãos de "comunicação".
Prefiro valorizar minha cidade do interior, minha comunidade.
Coisas simples.
Durante o mês, penduro minhas contas no comércio que dependo para manutenção da minha casa e de mim mesmo.
Que maravilha!
Final do mês, sem descer do carro (as pernas não deixam) peço ao Raimundo minha conta na Padaria Peter Pão.
Com toda educação e sorriso gentil, Raimundo traz o famoso "caderno"
(instituição mineira) escrito na capa apenas Pedrão sem CPF, endereço ou
telefone.
Eu deveria pagar mais caro pelo tempo e pela boa prosa na hora da liquidação do débito.
A história se repete no açougue do Valdecir e no bar do Wilsinho nas Mangueiras.
Isso é que dou valor!
A comunidade onde nos conhecemos pelo nome e não pelo CPF.
Invariavelmente alguém quer saber de outra, pergunta pela pessoa, não identificando, completa: - O fulano casado com sicrana.
Isso podemos chamar de comunidade. Somos uma família e toda família tem direito a "fofoca".
Alguns protestam porque falam de si. Faz parte!
Vivendo assim, meu mundo não tem violência.
Vivo mais sorrindo do que chorando, a não ser de emoção quando ouço minhas músicas prediletas!
Amo São João del-Rei!
9.01.2018
Pedro Parente
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