ADEUS MANO
Nascido em uma prole de cinco, todos do sexo masculino,
meu companheiro de infância e juventude era aquele que tinha menos idade, isto
é que nasceu mais próximo de mim.
Com apenas dois anos de diferença entre nós,
participávamos das mesmas brincadeiras: empinar papagaio, rodar pião, bola de
gude, peladas e natação; por fim estreamos na regata de 1958 pelo Clube do Remo
em Belém.
Nosso páreo era disputado num barco iole a quatro remos
e um timoneiro. Eu ocupava a sota-voga e meu irmão a proa
Lembro-me ainda o nome do nosso barco Tuchaua.
A baia estava revolta e a disputa foi acirrada,
felizmente vencemos com galhardia, para euforia da torcida que prestigiava do
cais e de navios embandeirados ao som de orquestras dançantes, comes e bebes
para sócios endinheirados.
Nas peladas nas areias de Mosqueiro, algumas vezes
adversários, pois a escolha era feita na hora no “par ou ímpar”. Ao final um
bom banho nas águas mornas da baia e uma longa caminhada até nossa casa na Praia
Grande onde mamãe nos esperava sentada a mesa para uma boa refeição.
No Colégio do Carmo onde estudávamos, tinha um galalau
que gostava de me bater, até um dia que o mano viu e me defendeu surrando o
cara.
Quando voltávamos da Vila, o bairro que era o ponto
dos veranistas nas férias, a luz dos postes competiam, as vezes perdiam, com a
brasa de cigarro.
Era uma aventura! O medo dos duendes da noite como a
tal Matinta Perera e o Anhangá nos punha pra correr tropeçando nos pedregulhos
da estradinha sem calçamento.
Vivemos dias muito felizes e não percebíamos que o
tempo passava e nós envelhecíamos. Quis o destino que nos separássemos com
minha vinda para o sul.
Apesar do pouco contato sabia que ele ali estava.
Aquilo me confortava. Quando nos falávamos a emoção era a mesma.
Nascemos trazendo alegria, mas a vida madrasta nos
castiga, não sei porque, substituindo as ilusões pelos desenganos.
Hoje meu querido irmão Fernando nos deixou:
Estou muito triste!
07/01/2024
Pedro Parente
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