quarta-feira, 29 de julho de 2020

EVIDÊNCIA

EVIDÊNCIA
Nos anos 90, já adaptado a São João del-Rei vindo do Rio de Janeiro e desfrutando de uma vida bem sucedida financeiramente, era comum juntamente com meu amigo Rici, darmos um passeio pela Colônia na Estrada Velha das Águas Santas.
Ali existia um casal de oriundos da Itália que numa chácara com árvores frondosas, serviam almoço delicioso complementado por um doce de leite especial que se tornou tradicional.
Enfeitiçado por aquele lugar, sempre chegava até lá.
Na volta, sem bafômetro, inexistente naquela época, seguia de carro pela Estrada Velha, ainda de terra e muito bucólica. Na primavera transformava-se em um túnel colorido por flores da época, principalmente ipês amarelos e buganvílias.
Apaixonei-me por um determinado terreno ali. Por força do destino, vim a comprá-lo e transformei-o na casa onde resido. 
Comecei a construção pela área de lazer, pois não sabemos se amanhã estaremos vivos e queria dividir minha alegria com os amigos que eram muitos e eu os amava.
Isso consegui pois ainda estava com o posto de gasolina em plena atividade não me faltando capital para a obra.
Na área que adquiri veio junto um verdadeiro tesouro, um poço com três nascentes. Mantém um estoque quase permanente de setenta mil litros de água. Essa água abastece toda instalação hidráulica. Não existia abastecimento regular pela prefeitura, pois era terreno não urbano
Montei uma bomba d’água para abastecer a piscina e os outros cômodos. Tomei a precaução de além da minha cerca, isolei com arame farpado a bomba e os tubos que faziam a distribuição, pois meu vizinho criava gado leiteiro e era constante suas vacas romperem a cerca atrás de capim fresco.
Certo dia, com a família toda em festa num final de semana, faltou água. Fui procurar e verifiquei que uma das vacas havia rompido as duas cercas e quebrado o tubo de PVC que abastecia nosso balneário jorrando agua à distância.
Chamei o meu bom vizinho Valdemar e mostrei a ele o estrago, pedindo-lhe que fizesse o reparo  no cano pra mim.
Respeitosamente perguntou-me se eu tinha certeza que fora obra das suas vacas.
Me acompanhava naquele instante, meu sobrinho professor de física e química em Juiz de Fora de formação erudita e de esmerado vocabulário. Entrou na conversa cerimoniosamente e apontado ao sitiante um monte de fezes da vaca deixado no local, falou:
- Eis aqui a evidência!
O homenzinho com um olhar de quem não entendeu nada, cutucou o companheiro dele e eu pude ouvir ele cochichando:
- “NÓS NUM TEM VACA CHAMADA VIDÊNCIA!”
Consertou as cercas e a festa continuou com ele chapando uma talagada da “marvada.”
Foi um bom fim de semana!
29/07/2020
Pedro Parente

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