domingo, 4 de outubro de 2020

80 ANOS


Os ponteiros do relógio estavam juntinhos indicando meia noite, eis que de repente o maior deixou o menor para trás e com isso mudou a data chegando ao dia 5 de outubro.

Há precisos 80 anos eu nascia na Santa Casa da Misericórdia em Belém do Pará.

Foram muitas derrotas e vitórias efêmeras, porém valeu a pena, deixo no mundo três filhos maravilhosos.

Os espinhos que pisei descalço para lhes dar a vida, não provocaram nenhuma dor, pelo contrário, foram insignificantes pelo troféu que representam para mim.

Tenho certeza que terão muitas saudades de mim mas não chegará perto da que sentirei deles.

Além desse presente tenho também os amigos queridos que essa peste nos afastou.

Sinto muito!

Me fizeram felizes durante todos os anos que vivi.

Eram muitos, porém a morte não nos deixa acumular tantos e nos arranca sem pedir licença.

A ampulheta que mede o tempo da vida, no meu caso, está se esvaindo.

Não quero envelhecer mais, apesar de não ser eu que determino, tenho receio de me tornar um incômodo aos que me querem bem.

O idoso é um problema. Por onde ando, ouço muitos comentários nefastos.

Os mais novos e sadios tem sua vida para viver. Todos tem que enfrentar os problemas diários e suas rotinas inadiáveis é natural que não tenham o dia todo para dar atenção a quem não responde mais a seus próprios comandos.

Logo mais, em torno de uma modesta mesa quero receber meus filhos e netos para lhes abraçar, não sei se ano que vem estarei presente.

Antecipadamente agradeço a todos meus queridos amigos e amigas pelo bem querer.

05/10/20
Pedrão

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