domingo, 31 de outubro de 2010
Cara a cara -Nelson Gonçalves
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
UM CERTO NATAL
Pedro Parente
FILHO

sexta-feira, 22 de outubro de 2010
O SEPTUAGENÁRIO
O SEPTUAGENÁRIO
Parece que foi ontem que escrevi uma crônica com o título “O Sexagenário” referindo-me a idade que tinha aquela época.
Para minha surpresa, hoje, após dez anos, escrevo O Septuagenário.
Muitas mudanças.
No entardecer da vida as perdas são freqüentes.
Muitos amigos vão tombando nessa luta desenfreada pela sobrevivência.
Cada perda uma ferida, com o tempo uma cicatriz, porém aquela marca não desaparecerá e nosso coração se transforma num imenso cemitério de recordações.
Saudade do que passou.
Meu filho a quem, de mãos dadas, ensinava os caminhos mais suaves pelas trilhas tortuosas da vida, hoje rapaz, me ensina suas modernidades e com ele aprendo seu novo palavreado.
Fiquei velho.
As dores físicas vão travando uma intensa luta com as dores morais do meu consciente.
A artrose me corroendo os joelhos e minha mente reflexiva vai me interrogando se errei muito. Se fui injusto? Se ofendi alguém?
Essas reflexões me levam a crer que se prejudiquei alguém, foi involuntariamente e peço perdão. Jamais o faria premeditadamente.
Os amores? Ah! Os amores!
Velhos amores, velhas recordações.
O viço cedeu lugar ao torpor, ao desalento e aos poucos vamos ingressando no exército dos invisíveis. Não somos mais notados. Ninguém nos vê e o que mais machuca é a indiferença de quem um dia nos amou e trilhou caminhos difíceis ao nosso lado.
Com razão 70 anos não são 70 dias.
Daquela imagem jovem e vigorosa, restou apenas um espectro claudicante e cabisbaixo.
Dessa caminhada inglória rumo à sepultura, resta um tesouro conquistado passo a passo, copo a copo, gota a gota: os amigos.
Por eles valeu a angústia de envelhecer.
É prazeroso tê-los sempre em meus pensamentos e se possível à minha ilharga.
Hoje nos confraternizaremos pela passagem dos aniversariantes do mês de outubro, uma tradição da Turma do Buneko e me parece um recorde, pois já ultrapassam 80 reuniões com essa finalidade.
Lá estaremos todos alegres e felizes esquecendo por momentos nossas tristezas e abrindo espaço para um efêmero entusiasmo jovial, exarcebando naquilo que nos resta: os prazeres da boca.
Nesse imenso algodoal de têmporas encanecidas, não haverá espaço para tristeza.
Amanhã estaremos um dia mais velhos.
Disse-me meu amigo José Norberto: “Para não envelhecer, basta morrer novo”.
Vida que segue!
Pedro Parente.