Naqueles tempos, havia no interior das Gerais, um fazendeiro austero que vivia para a família e por isso mesmo tornou-se um exemplo de pessoa. Isto levou-o a batizar um sem número de crianças.
Uma dessas crianças, uma menina, ficou órfã sem ter quem lhe assistisse.
Seu Honório acolheu-a como filha aumentando mais uma em sua pródiga prole.
Francisquinha, como era chamada, tornou-se uma aluna muito dedicada às letras tendo obtido grande progresso e formando-se precocemente na escola onde cursava seu ensino médio.
Não tendo mais degraus para galgar nos estudos naquele lugar, decidiu migrar para uma cidade maior.
Formou-se em odontóloga de grande sucesso.
Um dia porém adquiriu uma moléstia que tirou-lhe a vida.
Seu Honório ficou sabendo e muito triste, pediu ao filho que o levasse ao cemitério na hora do funeral.
Naquela tarde, quando deu pela coisa, já estava atrasado.
Chamou o filho e montaram numa valha camionete da família.
Pé na tábua!
Desceu com o filho no cemitério, ambos espavoridos, fizeram parar um caixão que se encaminhava para o sepultamento, carregado pelos familiares do de cujus.
Pediu que parassem pois desejava ver a Francisquinha pela última vez.
Todos solícitos e obsequiosos atenderam prontamente.
Quando destamparam a urna, uma surpresa!
Seu Honório com a mão no queixo exclamou baixinho no ouvido do seu filho:
- Francisquinha de bigode?
Um pequeno engano, o enterro era de uma pessoa do sexo masculino.
Chegaram atrasados.
Pedro Parente
26/10/17


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