quinta-feira, 30 de abril de 2020

TAQUICARDIA

Naquele tempo, na volta dum "inferninho" em Copacabana, cheguei em casa no B2 904 na alta madrugada junto com Wandick amigo de fé.
Minha tia não estava em casa e veio um misto de ressaca com porre e a deprê tomou conta de mim.
Comecei a contar as pulsações. Cada vez que contava aumentava a taquicardia.
Quando chegou a 140 batimentos por minuto, lembrei-me do meu vizinho Dr José Moraes, morador do 7º andar (?).
Bati em sua porta e me atendeu prontamente. Pelo o avançado da hora até me assustei com a presteza.
- Dr estou morrendo! Minha pulsação está a mil!
Comigo você não morre!
Logo percebi que ele estava mais tonto do que eu.
Aí botei fé. Seja o que Deus quiser!
-Deita aí! E me apontou um sofá.
-Respira fundo, tampa o nariz e força soltar a respiração!
Sem muita convicção atendi ao procedimento.
Na terceira vez mandou que eu contasse o pulso. Para minha surpresa 82 pulsações!
-Muito obrigado doutor, quanto custa?
-Você não vai embora sem tomar uma cachaça que trouxe do E. Santo!
Eu queria morrer.
Com receio de cometer uma lambança, joguei a malvada na goela para não dar retorno.
-Gostou? Toma mais uma!
Virou festa!
Com o dia já clareando me despedi morrendo de rir já esquecido que há pouco estava no fundo do poço. Aflito!
Cachaça faz coisas incríveis!
Doutor José Moraes onde estiver minha saudade e o meu respeito.
30/04/20
Pedro Parente

De Notificações

segunda-feira, 13 de abril de 2020

CONTO DA CAROCHINHA


CONTO DA CAROCHINHA

Naquele tempo, na aldeia do Leblon no nosso querido Edifício dos Jornalistas no Jardim de Alah, havia uma galera enorme de jovens de todos os tipos de personalidade.
Entre eles, tinha um que era calmo, reservado de poucas palavras, boa pinta e de muita sorte com as moças. Nem tão moças, nem tão velhas o rapaz sempre tinha uma atenção especial que dedicava a elas.
Num domingo a tarde, daqueles que convidam à depressão e à ressaca moral, nosso amigo que estava “chutando lata” vagando pelo canal rumo à praia foi parar sentado em um daqueles bancos tradicionais da orla marítima.
Ficou ali quieto durante algum tempo assistindo o movimento de carros e Lambretas fazendo o “corso”.
Eis que de repente, passa um automóvel Mercedes com o motorista de quepe e luvas brancas e no banco traseiro uma linda passageira solitária.
Passou muito lentamente olhou sorrindo para o rapaz que lhe retribuiu o sorriso e seguiu.
Minutos depois volta o carro desta vez parando em frente ao nosso amigo.
A moça desceu, sentou-se a seu lado entabularam uma conversa amistosa e pediu que ele a acompanhasse.
Prontamente atendeu
Daí por diante, todo final de semana, vinha um avião do Paraguai busca-lo para o fim de semana em terras guarani, pois tratava-se da filha de um general ligado aquele governo.
Com inveja, passei a sentar-me no ditoso banco na esperança de um repeteco.
“Ledo engano!”.
Nenhuma moça nem de bicicleta que me olhasse.
Desilusão de um conquistador barato.
13/04/2020
Pedro Parente

segunda-feira, 6 de abril de 2020

DESILUSÃO

DESILUSÃO.
Naquele tempo, na década de 60, quando ainda morava no Rio, fazia parte de uma turma de jovens moradores do Edifício dos Jornalistas no Jardim de Alah, confluência de Ipanema com o Leblon.
A turma era muito grande. São três edifícios de 16 andares com dois blocos cada um. Tinha apartamento que participava com mais de um membro, normalmente estudantes começando a vida.
Entre muitos, existia um que tinha a peculiaridade de investir e assediar qualquer “rabo de saia” que por ali passasse.
Certa noite, conversávamos à parte do restante apoiados na banca de jornais já fechada naquele horário.
O Leblon ainda tinha uma atmosfera de aldeia. A iluminação pública da Light não era essas coisas. Quebrava bem o galho.
De repente meu amigo “gavião” pressentiu um vulto de mulher do outro lado da rua.
Esfregou as mãos uma na outra e entusiasmado, mandou:
- Olha lá Masque! Uma grinfa! (Masque era meu apelido)
Apertou os olhos para ver se divisava melhor aquela mulher, pois sofria um grau avançado de miopia e com a pouca luz ficava difícil para qualquer um.
Mesmo assim, obedecendo seu instinto de conquistador, fez um tímido aceno, no que foi correspondido pela mulher.
Ficou louco de entusiasmo e ao atravessar a rua, quase foi atropelado.
Curioso, me detive observando o desfecho daquela conquista.
Surpreso, vi os dois trocarem algumas palavras e ele colocar a mão no ombro da mulher.
Esperaram o trânsito diminuir e atravessaram abraçados em minha direção.
Pensei: - O cara se deu bem!
Quando os dois chegaram na minha presença, ele falou:
“Masque essa aqui é minha mãe!”
Respeitosamente engoli minha rizada do Butle cachorro do Dick Vigarista!
06/04/20
Pedro Parente