segunda-feira, 28 de setembro de 2020

LAPSO DO COOTIDIANO.

 

LAPSO DO COOTIDIANO.

 

De repente em 1989 minha vida revirou.

Separei-me da minha família e fui morar em um apartamento no Bairro Bonfim.

Comecei a reconstruir minha vida remendando os cacos que sobraram.

Retirei apenas minhas roupas e uma TV portátil da casa em que morava.

Meu apartamento passou a ser frequentado por meus amigos que eram muitos e queridos.

Não tinha dia de folga, todos eles o movimento na cozinha era grande. Local preferido de meus comensais.

Contratei uma cozinheira para atender a demanda.

A vida lhe dá uma aula por dia. Comigo não foi diferente.

A cozinheira se tornou para mim uma figura surpreendente, tanto que hoje estou lembrando dela com gratidão e saudade.

Analfabeta, o que não quer dizer sem inteligência, pelo contrário, a admirava pela sua desenvoltura com os problemas do dia a dia.

Contou-me que morou muitos anos no Rio de Janeiro e sua patroa era da classe A. Na condição de analfabeta, circulou pelo Rio tomando o “lotação” pelo número. Saia de casa com um papelzinho escrito. Mais fácil do que o nome do bairro.

Negra de certa idade, usava o óleo de cozinha para umedecer sua pele. Nívea, nem pensar.

Entre inúmeras qualidades, adorava uma pinga e tocar pandeiro. A pinga estava lá sempre à disposição, porém nunca se excedeu. Com tanta admiração passei a fazer parte da família dela, absorvendo seus problemas e ela os meus. Não me importava com o cardápio, quando chegava para almoçar estava tudo pronto com sabor incrível.

O tempo passou e nos tornamos amigos íntimos.

Ela era muito esperta. Não tinha nada de boba ou lerda.

Certo dia fui ao açougue e comprei um filé e 2kg de maçã do peito, carne de segunda própria para cozinhar.

Então ela me perguntou:

- Seu Pedrinho a maçã do peito é pra mim?

Eu cheio de ironia lhe respondi:

- Não é o filé!

No dia seguinte, na hora do almoço vim para casa salivando um tremendo Filé ao Molho Madeira sua especialidade.

Sentei-me à mesa e fui surpreendido por um tremendo cozido.

Engoli em seco e não pude falar nada.

Elogiei o cozido e aprendi que

O BOM CABRITO NÃO BERRA E BRONCA É ARMA DE OTÁRIO!

28/09/20

Pedro Parente.

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

PRIVILÉGIO INACREDITÁVEL.

 PRIVILÉGIO INACREDITÁVEL.

O Deputado Paulo Pimenta (PT-RS) denunciou hoje através da TV247 no programa Giro das Onze uma aberração na Lei que protege familiares de militares das "Forças Armadas Brasileira".
Contou um caso de um general de 92 anos de idade, aposentado que para não perder sua gorda pensão, simulou seu casamento com uma moça de dezessete anos.
Ao falecer o general, a moça herdou a aposentadoria dele na condição de não casar, pois se o fizesse perderia o benefício.
Quiz o destino que essa moça se tornasse mulher e veio a namorar um funcionário federal de alto escalão.
Para não perder o benefício viveu com o homem durante muitos anos na condição de solteira.
O homem morreu de repente deixando sua robusta aposentadoria para a mulher com quem viveu maritalmente a vida toda.
Ela requereu em juízo provando que havia sido companheira do falecido durante muitos anos e teria direito aos benefícios por ele deixado.
Foi atendida imediatamente.
Conclusão:
Ficou com a pensão do general por ser solteira e do marido (companheiro) por ser viúva.
Tudo pago pelo Estado que se nega a pagar a "esmola" do Bolsa Família.
Isso tudo foi criado por esses bandidos oligarcas e escravagistas que assaltam os cofres públicos desde a proclamação da "República".
Essa senhora passeia com seu cachorrinho em Copacabana e detesta negros.
Esses mesmos que são assassinados a cada 26 minutos.
BRASIL - VERGONHA E REVOLTA!
25/09/2020
Pedo Parente
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quarta-feira, 23 de setembro de 2020

ABL - AUSTREGÉSILO DE ATHAIDE

 ABL – Austregésilo de Athaide.

Amigo Welington, bom dia.

Dentre as inúmeras memórias de momentos felizes que passamos com nossa turma do Jornalistas, existe uma que me lembro diariamente da qual você é a figura principal.

Numa noite quente, como sempre, batíamos papo ali debaixo da janela do Vasco morador do segundo andar do A1 e para não o incomodar alguém sugeriu que fossemos até a praia.

Assim fizemos. 

Éramos mais de três, porém lembro de você e do Giba.

No meio do papo nós literalmente “chutando lata” e sem nenhuma inspiração para nada melhor, você propôs que construíssemos frases soltas.

Nesse instante você assumiu o ar arrogante de intelectual e mandou:

- O primeiro sou eu

“SINTO UM PAU QUE PULSA DENTRO DE MIM”

A gargalhada foi geral, inclusive a sua ao perceber o duplo sentido da frase.

Bons tempos meu bom amigo!

23/09/2020

Pedrinho Masque.


quinta-feira, 17 de setembro de 2020

BRASÍLIA 75

 

 



BRASÍLIA 75

Quando mudei para São João, deixei no Rio muitos amigos queridos no Edifício dos Jornalistas, no Garden Bar, Clipper e Seu Antônio lugares que frequentava diariamente. Em casa mesmo, só para tomar banho e dormir.

Assim sendo, sentia muita falta deles e dos locais onde encontrávamos. Normalmente às sextas-feiras após o trabalho, pegava minha Brasília e me mandava para o Rio.

Onde a turma estivesse eu já parava o carro e esquecia da vida entre as gargalhadas dos companheiros sem perceber que ela passava. Só alegria, um chope após outro não percebíamos o dia raiando.

Dali a pouco, já estávamos na rede de vôlei na praia disputando uma acirrada partida entre os atletas de final de semana. A juventude nos dava esse privilégio muita energia, alegria e saúde.

Numa dessas viagens de volta, deixei para sair na segunda feira cedo aproveitando ao máximo as delícias do Rio.

Naquela época eu tinha uma Brasília tirada zero quilometro. Bonitinha, branca, motor 1600 apelidaram de cristaleira.

Cedinho peguei meu amigo Preto e caímos na estrada.

Já havíamos passado a cidade de Santos Dumont numa manhã clara de sol, quando, de repente, o motor parou de vez. O embalo só deu para encostar num lugar ermo em cima da braquiária.

Tínhamos deixado para trás um posto de gasolina, porém ali onde estávamos, não tinha nada.

Eis que surge uma figura esguia montando seu pangaré pachorrento. Me fez lembrar a figura de Don Quixote.

Não botei fé.

- Moço será que o senhor nos ajuda a pedir um mecânico no posto logo ali atrás?

Aí entra a história do sortudo, parece que São Cristóvão viaja comigo.

- O senhor deu sorte porque eu também sou mecânico!

Não acreditei. Com toda boa vontade do mundo, próprio do brasileiro, apeou do seu pangaré e já foi na ferida direto.

- Abra a tampa do tanque de abastecimento e veja se chupa ar para dentro.

Assim eu fiz! Certinho, Destampei e fez aquele barulhinho característico. Siiiiiiiiiiiiiii!

Pegou a mangueirinha do suspiro do tanque desentupiu que estava cheia de barro e soprou. Mandou-me escutar se a gasolina borbulhava dentro do tanque. Assim o fiz e deu certo.

- Dá na partida! Rooommmmm!

Maravilha!

Carreguei na gorjeta e se fosse uma mulher lhe daria um beijo.

Adeus amigo! Boa viagem!

17/09/20

Pedro Parente.

 

LANDAU 79

  




LANDAU 79

Por volta de 1983 comprei um Ford Landau 79 vindo de São Paulo.

Quando aqui chegou, percebi que o motor estava comprometido. Levei-o a oficina de amigos meus e o diagnóstico não foi animador.

Tive que retificar e refazer o motor V8 canadense. Não foi barato. Só de tuchos hidráulicos foram 16 importados do Canadá.

Concluído o serviço no motor, meu amigo Espanhol garantiu-me que poderia ir a qualquer lugar que desejasse sem problemas.

Peguei minhas “tralhas” e fui testar aquela preciosidade na estrada rumo a Belém do Pará. 

Dessa vez fiz um trajeto diferente, preterindo a estrada 040 Rio x Brasília. Saí por Lavras até Araguari. Ali trocaria de rodovia e iria direto para Anápolis via Catalão.

Cheguei em Araguari num sábado por volta de meio dia.

Eis que, de repente, um barulho forte de alguma coisa batendo dentro do motor. 

Voltei imediatamente e parei num posto de gasolina. Perguntei onde encontraria um mecânico. Me informaram a casa de um rapaz, pois sua oficina já estava fechada.

Fui até lá. O parecer do mecânico me desanimou de vez. O motor estava perdendo compressão. 

Grave!

Quem não tem sorte não vai a lugar nenhum. 

No momento em que o rapaz dava seu parecer, saiu de sua casa um senhor que ouvira o diagnóstico do filho. Olhou para mim e disse:

- O senhor tem sorte. Aposentei-me na Ford onde nos últimos anos      só mexi com este motor. Não tem nada ruim, foi o “prisioneiro” que soltou! (Prisioneiro é uma porca de metal). 

Pediu ao filho uma chave e trocou a porca. Aí o carro funcionou normalmente e pude seguir viagem. 

Meu desejo era carregar aquele homem no colo e leva-lo comigo.

Como dizia o poeta em sua canção: “Quem anda com Deus não tem medo de assombração” (Luís Vieira).

Pude chegar a casa de meus pais sem transtorno.

Bela viagem!

17/09/20

Pedro Parente