sábado, 15 de dezembro de 2018

DESILUSÃO


  • ENVOLVIDO PELO CLIMA NATALINO. 
  • NÃO O DAS LOJAS! 
  • O AMBIENTE DO CARINHO E REFLEXÃO. 
  • OUVINDO AUGUSTIN LARA COM SUAS MELODIAS ADMIRÁVEIS AO SOM DE SUA VOZ E VIOLÃO, VOU LEVITANDO. ME DESPEDINDO DESTE MUNDO SÓRDIDO ONDE OS SOLIDÁRIOS SÃO ENCARCERADOS E OS MEDÍOCRES SÃO EXALTADOS. 
  • LEVO ESTA AMARGURA PARA A SEPULTURA DO PAÍS QUE AMEI PELA VIDA TODA E ME NEGUEI A DEIXÁ-LO.
  • PREFIRO LEVAR COMIGO AS LEMBRANÇAS DE OUTRORA QUANDO RESPIRÁVAMOS FELICIDADE.
  • DANÇÁVAMOS ABRAÇADOS. TOMÁVAMOS BENÇÃO DA MÃE E DO PAI.
  • OUTROS TEMPOS FELIZES!
  • AINDA CAMINHO ENTRE OS VIVOS, MAS MINHA ALMA JÁ ESTÁ EM OUTRA ATMOSFERA.

  • 15/12/2018
  • Pedro Parente

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

O IDIOTA - E lá se foram os médicos cubanos de volta à sua pátria lamentando deixarem para trás pelo menos 30 milhões de brasileiros com quem mantinham laços profissionais no acompanhamento de suas doenças como também pelo lado afetivo estabelecido entre médico e paciente ao longo de anos de convívio.
Os mais prejudicados, como sempre, serão os pobres, os ribeirinhos da imensa amazônia que muitos enchem o peito para dizer que "A Amazônia é nossa" e não sabem o que é viver a dias de viagem do hospital mais próximo. Muitos daquela lugar não sabiam que existiam médicos.
Médicos existem, mas amontoados nas metrópoles preferencialmente à beira do mar. Normalmente oriundos de famílias abastadas, pois o curso é muito caro e pobre não tem aceso.
Dizem os xenófobos e arautos do "patriotismo": Lugar de cubano é em Cuba. Não percebem que são simples vacas de manadas que seguem o berrante da Globo.
Pois bem esses profissionais da medicina das mais avançadas do mundo, voltam com alegria à sua pátria onde deixaram seus familiares protegidos pelo governo que lhes dá educação, saúde e transporte.
Lá qualquer cidadão pode cursar medicina de alta qualidade oferecida pelo poder central gratuitamente e por isso a expectativa de vida do cidadão é das melhores do mundo.
Pobre Brasil! Como uma peste é eleito (não sei em que circunstância) um idiota incentivador da violência e da tortura que destruiu tudo que foi construído em benefício do povo ao longo de vários anos de luta.
"O castigo vem a cavalo" numa cidade brasileira 70% votou nele, 75% dos médicos cubanos foram embora.
19/11/2018
Pedro Parente

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

FIM DE SEMANA

 
.FIM DE SEMANA- 

Gratificante fim de semana com a presença de meus familiares do meu lado Barroso moradores do Rio de Janeiro e mainha afilhada Márcia com o marido Miguel que residem no E.Santo. 
Recarreguei minhas fracas baterias com o carinho recebido da parte deles.
Com eles comecei minha caminhada pela vida quando cheguei ao Rio de Janeiro em 1960.
Boas lembranças vieram à tona. 
Naqueles anos dourados o Rio era ameno, romântico respirava-se um ar impregnado de alegria. 
Aquele momento parecia eterno e não passaria jamais. Levitávamos na nossa volúpia de jovens transbordando amor nossos olhos voltados para as maravilhas produzidas pelos impulsos da juventude.
Imortais!
Porém, a inexorável marcha do tempo nos mostrou que aquilo era efêmero, passageiro.
Ficaram as marcas, doces lembranças e a presença de uma profunda e irretocável amizade.
Obrigado primos!
Finalmente um grande presente.
Para toda chegada, haverá sempre uma partida.
De volta à rotina com o coração partido, vou curtindo minha solidão.
12/11/2018
Pedro Parente

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

JUCA FISCAL


JUCA FISCAL
Na São João del-Rei de outrora, nada de digital. Tudo presencial!
A fiscalização da Fazenda Estadual volante era exercida num Jeep Willys, de fabricação brasileira, muito acanhado, porém orgulho da nossa indústria automobilística.
Dentro dele um motorista e um fiscal com talão de multa à mão. Ambos, funcionários do Estado. Algumas vezes a equipe dispunha de um policial civil para impor respeito a algum recalcitrante.
O fiscal era uma figura bizarra muito rigoroso no seu mister. Cabiam-lhe algumas peculiaridades extravagantes, tocador de violino, seu hobby predileto era criar cobras venenosas em sua residência. Só cobras perigosas como cascavéis, corais, urutus e etc... Todas bem condicionadas em caixas de madeira teladas e limpas.
Muito esperto, dizia que esse artifício lhe estava rendendo bons lucros, pois todos os vizinhos sabendo da sua coleção tratavam de se mudar para bem longe lhe vendendo a casa por preço barato.
Aos domingos de manhã, reunia os mais corajosos para tomar sopa de mocotó acompanhado de boa pinga. Nesse ambiente, aproveitava para demonstrar sua qualidade de violinista. Especialista em tangos chegava a provocar lágrimas nos mais sentimentais.
Almoço, uma bela macarronada confirmando sua descendência italiana.
Pois bem, essa criatura, cumprindo seu ofício, ao raiar do dia no jipe em companhia do motorista foi cercar os sitiantes que traziam seus produtos manufaturados para vender na feira.
Juca Fiscal era temido do povo da roça. Todos conheciam sua fama de “ferrabrás”.
Nesse dia, lá vinha um desses colonos, montado em sua mulinha com algumas galinhas peadas para vender na feira.
Deu de cara com o austero fiscal que lhe foi perguntando:
- Cadê a guia?
- Não moço! Essas galinhas foi o patrão que mandou de presente para um tal de Juca Fiscal! O senhor sabe o endereço dele?
Juca imediatamente entregou seu endereço ao cavaleiro.
Está esperando as galinhas até ontem.
Não tripudie a inteligência do matuto!
19/10/2018
Pedro Parente

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

MIQUIMBIRA


MIQUIMBIRA
Naqueles tempos quando o Leblon no Rio de Janeiro ainda era uma aldeia, nos conhecíamos pelo nome, e, principalmente o apelido. Tudo muito pessoal e afetivo. Nada de CPF.
Era o final dos “Anos Dourados” quando se exaltava o amor. As pessoas dançavam abraçadas, quando mais comprometidas, de rosto colado. Namoro, só mãos dadas, uns beijinhos e quando muito uns “amassos”.
Na esquina da Rua Carlos Gois com Ataulfo de Paiva e está lá até hoje, o bar Cliper que era considerado possuidor  da melhor serpentina para tirar o chope na medida certa de temperatura e colarinho. Era comandado por laboriosos e amigos lusitanos.
Ali era o ponto de encontro da rapaziada. Todos jovens, bronzeados e felizes. Havia um em especial mais bronzeado que outros. Era negro, sestroso sempre mostrando a dentadura perfeita com dentes alvos invejáveis. Baixinho, voz estridente, mas era a simpatia personificada. Não nos deixava tristes em nenhum momento. Sempre contando piadinhas e tirando sarro com a cara da moçada.
Numa tarde de domingo, as famílias tinham o hábito de pegar seus carros Sinca, Gordini, DKW ou Fusca e iam passear na Avenida Delfim Moreira à beira mar.
Erick jovem filho de norueguês, olhos azuis, cabelo parafinado escorrido sobre os ombros, herdou do carioca a molecagem saudável. Chamou o Miquimbrira e combinaram de fazer uma cena na calçada da avenida beira mar.
Arrumaram um revólver de espoleta, de brinquedo é claro. Combinaram de fingir uma discussão feroz e no auge o Miquimbira puxaria o revólver e dava um tiro de espoleta no peito do Erick que caia levando a mão no coração já vermelho de ketchup portado entre os dedos num saquinho.
Naturalmente os carros ao ver a cena, já diminuiriam a marcha na expectativa do que aconteceria. Naquela época o povo era solidário.
O combinado era que quando os carros parassem e por ventura alguém viesse em socorro do Erick ele levantaria provando que se tratava de uma brincadeira.
Tudo acertado, todo mundo para a praia. A turma ficou dispersa do outro lado para não dar na pista.
Começa a discussão. Os carros diminuindo a velocidade até parar. O Miquimbira saca do revólver e aperta o gatilho na direção do peito do Erick.
A espoleta estalou. O Erick caiu já com o peito enlameado de ketchup de lado no chão.
O motorista do automóvel mais perto, desceu na hora e pegou o Miquimbira pelo braço. O homem era um bruto. Já deu logo um sopapo no negrinho que se explicou dizendo tratar-se de uma brincadeira.
Só que o Erick de molecagem continuou caído enquanto outros motoristas foram chegando e enchendo o Miquimbira de socos e ponta pés.
Desesperado, Miquimba gritava:
- Gringo, pelo amor de Deus, levanta!
Já não aguentando conter o riso, Erick levantou de repente e saiu correndo na contra mão.
Todos com cara de bobos, aí o Miquimbira cresceu:
- Não falei que era brincadeira?
A turma que a tudo assistira voltou pro bar às gargalhadas para ouvir o Miquimbira xingar o Erick.
18/10/2018
Pedro Parente

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

ANIVERSÁRIO

Hoje é meu aniversário - Há 78 anos nasci em Belém do Pará.
Uma longa caminhada, que no final parece efêmera. 
Vivi grandes momentos nesse imenso país que amo e que tenho certeza não há nenhum igual. 
É o melhor do mundo! Meu passaporte está em branco e assim permanecerá.
De um tempo para cá percebi que, de forma velada, a imprensa marrom e inescrupulosa, vem cumprindo seu papel. Como submissa às ordens do Pentágono dissemina o ódio entre irmãos brasileiros, dividindo-nos.
Lamentável que deixássemos nos envolver por essa triste epidemia.
Devido à essa contaminação tenho visto famílias repartidas e amigos estremecidos.
Nunca imaginei assistir ao que tenho presenciado essa divisão insana entre pessoas racionais.
Incrível!
O que há é uma eleição onde o povo tem o sagrado direito de votar escolhendo seu representeante para administrar o país nos próximos anos.
Simples assim.
Merece uma reflexão se vale a pena a perda de amigos e familiares por não sabermos lidar com o contraditório.
De nós depende o destino do nosso país, que para alguns é um lixo, não vale nada.
Não é o que pensam os estrangeiros pois se apossam de todas nossas riquezas sem que ninguém reaja.
Prefiro voltar meu pensamento à minha mãe que me gerou, recebeu-me com carinho e alegria até enquanto pude estar ao lado dela.
A melancolia de não tê-la mais, não empana nenhum pouco os dias de alegria a seu lado.
O dia de meu aniversário hoje, comemoro a data como um marco em que já estou mais próximo de revê-la voltando a paz em minha alma pela presença diária em meu pensamento sem poder tocá-la.
Aos meus queridos amigos, meus agradecimentos pelos votos de saúde e paz!
05/101940
Pedro Parente

domingo, 23 de setembro de 2018

PRIMAVERA


PRIMAVERA
Hoje acordei envolto no perfume do meu manacá florido, lembrei-me da chegada da primavera.
Abri a janela para saudá-la!
Recebeu-me com seu sorriso natural e o hálito inebriado de perfume.
De roupa nova.
O arvoredo com folhagem nova e viçosa.
A passarada alvoroçada e alegre parece que se cumprimenta ao passar rasantes uns pelos outros.
Ao fundo a Serra São José começando a se recuperar de pequenos incêndios combatidos com presteza pelos responsáveis.
Felizmente este ano não houve a calamidade de outros anos.
Nesse cenário, entorpecido e levitando, o pensamento foge ao meu domínio e se solta pelo espaço trazendo consigo tempos passados quando a primavera ainda habitava meu coração romântico, vivendo os melhores momentos da minha vida de jovem destemido sem perceber que o tempo inexorável não para.
À chegada da primavera trocava as calças grossas, paletós e cachecóis por sandália e bermuda.
Finalmente podia voltar a frequentar a praia.
Tomar sol, jogar vôlei, suar bastante, beber um mate gelado, entrar no mar com seu cheiro de saúde e correr ao bar para arrematar com vários chopes na Clippers, a melhor serpentina do Leblon.
Sanduiche de pernil era a especialidade dos simpáticos portugueses que nos tratavam como filhos. Eram tão amigos que até trocavam cheques para a turma mais confiável.
À volta para casa, já com as lâmpadas dos postes acesas, era lenta, pois cada barzinho no caminho, uma meia trava para mais um gole.
Em casa um bom banho e cama.
Que delícia.
Ainda bem que tenho boas lembranças como companhias, disputam lugar na minha mente cansada ocupada de pensamentos tristes que caminham de mãos dadas com a solidão dos velhos.
Minha bela primavera me desculpe!
23/09/2018
Pedro Parente

sábado, 1 de setembro de 2018

IVO NOHRA


IVO NOHRA

Mais uma vez fui surpreendido com a morte do meu fiel amigo Ivo.
Pessoa de alma alegre que veio ao mundo com o objetivo de fazer as pessoas alegres e felizes. Alma boa e sorriso fácil. Onde parava formava-se uma roda de pessoas para escutar seus causos e piadas. Lembrava-me dele diariamente e às vezes o dia todo.
Encontramos a última vez na esquina da Primavera. Eu estava dentro do carro, ele passava distraído pelo passeio. Chamei-o. Agachou no lado do carona, colocou o rosto dentro do carro. Tentamos conversar. As lágrimas não deixaram. Talvez tenha sido o discurso mais eloquente da minha vida. Saiu sem nenhuma palavra, só soluço. Foi o adeus!
Houve época, quando eu administrava o Posto ao lado do Edifício São João que nos víamos diariamente. Foram catorze anos.
Certo dia chegou cedo e me falou de um peixe frito vendido à beira da estrada, próximo a Itaperuna – RJ.
Acabei aquilo que estava fazendo e convidei-o a entrar no meu carro para ir ali!
Toquei para Itaperuna. Sem celular parei em Barbacena para avisar à Laila sua esposa e fomos embora. Mais de 300km de distância.
Chegamos ao tal lugar. Um boteco comum na beira da estrada servia uns cascudinhos saborosos. Como eu estava amargando uma bruta ressaca, foi com sacrifício que engoli o primeiro pedaço acompanhado por uma pinga da roça. O segundo pedaço foi mais fácil acompanhado de umas cinco pingas.
Ivo era muito conhecido dos comerciantes em Muriaé. Sugeriu que fossemos visitar um turco amigo dele forte comerciante naquele local, pois sabia que eu levava no porta-malas um mostruário de cobertores fabricados em São João. Talvez salvássemos a gasolina da viagem.
Muriaé fazia um calor infernal a ponto de o asfalto derreter.
Apresentou-me um turcão de dois metros de altura que parecia um guarda roupas. Trajava uma jardineira com alpercata de pescador. O suor escorria que até suas calças estavam molhadas.
Quando tirei da maleta o mostruário e o Zé da Bahdra viu que era cobertor, falou:
- Moço vender cobertor em Muriaé é a mesma coisa que vender geladeira no polo!
Chegamos à casa de madrugada.
Ganhei um dia desfrutando da companhia de meu querido amigo.
Requiescat in Pace!
01/09/2019
Pedro Parente

domingo, 26 de agosto de 2018

FIM DE JORNADA


Próximo de desencarnar, estou me preparando para me desprender desta vil matéria e finalmente poder levitar livremente sem ser percebido nem incomodar ninguém.
Não pagarei mais pedágio e nem passagem de avião para navegar solto pelos lugares que fui feliz.
Ver de perto a praia onde me criei junto com os meninos humildes daquela bucólica ilha de pescadores no Pará.
Será uma festa.
A pelada na maré baixa. 
Correrei solto com aqueles meninos atrás de uma bola de borracha.
Será que reverei o Candinho?
Meu amiguinho sem saúde que a tudo assistia sem poder participar. Nunca o deixamos de lado. Onde íamos o levávamos.
Muitos anos não o vejo. Nos deixou precocemente.
Quero abraçar a todos e a ele especialmente.
Deitarei no colo da minha mãe e não levantarei mais pela eternidade, tentando apagar o remorso de tê-la deixado vindo para o Rio de Janeiro, como uma mariposa ofuscada pela luz de uma luminária.
Meu pai e meus irmãos estarão comigo.
Reverei meus amigos que tanto amei e que me deixaram.
Repetiremos aquilo que sempre fizemos: em torno de uma grande mesa comemoraremos nosso reencontro.
Finalmente o descanso e a vida eterna!

25/08/2018
Pedro Parente

domingo, 12 de agosto de 2018

DIA DOS PAIS

DIA DOS PAIS - Hoje o calendário destaca como Dia dos Pais. Quero render minha homenagem à essa figura que é o fulcro da família e muitas vezes empanada pelo brilho carismático da mãe.
Batalhador invencível, muitas vezes tendo que "matar um leão por dia" para alimentar os filhos e manter a casa enquanto a mulher se desdobra com os afazeres domésticos.
Oculto no anonimato vai encarando a vida com valentia e altivez.
Não tenho mais o meu! Há muito tempo!
Deixou como herança a imensa saudade que me acompanha diariamente desde que se foi.
Hoje, especialmente as lembranças jorram aos borbotões do fundo da minha alma. Esmaecidas, porém vivas.
Acompanhei sua luta para manter uma prole de cinco homens.
Outros tempos, sem geladeira. A comida teria que ser feita diariamente com produtos vindos frescos da feira e do açougue.
As carnes conservadas na banha.
Quando papai queria tomar um vinho gelado no almoço de domingo, eu ia à Fábrica de Gelo comprar um pedaço. O gelo era mantido em casca de arroz para não derreter sob o infernal calor tropical.
Levava um balaio e vinha depressa para não descongelar.
A nós meninos servia com parcimônia e adicionava açúcar.
Era uma festa.
A marcha inexorável do tempo abateu-se sobre ele que envelheceu. Na vida nada é definitivo.
Certo dia quando cheguei em casa no Bonfim vindo de carro de Belém, recebi o recado pra que voltasse, pois queria se despedir de mim.
Assim o fiz.
Em lá chegando, encontrei-o deitado em sua cama, de pijama.
Sentou-se e deu um inesquecível sorriso de alegria:
- Que bom que você veio, meu filho!
Deitou-se. Como uma vela que se apaga, sua vida foi chegando ao fim.
No seu último estertor, disse:
- Adeus Pedro!
Virou-se de lado e morreu.
Ali. Na minha frente, uma das razões do meu viver, chegara ao fim.
Carrego comigo sua genética e a gratidão por ter me tornado um homem.
ABENÇÃO PAPAI!
12/08/2018
Pedro Parente

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

ADEUS JUJU

ADEUS JUJÚ
Ficar por último é muito triste. A maioria dos meus queridos amigos, já foi!
Ontem meu companheiro de muitas jornadas, madrugadas, campos de peladas e bares, me deixou.
Meu combalido coração está repleto de epitáfios. Cada um mais triste que o outro.
Juarez era seu nome de batismo. Vivemos tempos felizes!
Companheiro calmo, educado e solícito.
Fizemos inúmeras viagens juntos, principalmente à Belém.
Na construção da casa que moro participou ativamente.
Acho que o cigarro seu companheiro inseparável ajudou a abreviar sua trajetória por estas bandas.
No intervalo das nossas peladas "sabadeiras" com os pulmões a mil, o Juju puxava um cigarro e tragava prazeirosamente.
Me doía o coração. Mas, lhe dava prazer. Paciência!
Rubro negro de raça, não pode assistir ao empate heroico do nosso Flamengo ontem em Porto Alegre
Amigo véio! As lembranças de ti permanecerão indeléveis no meu coração.
Vai animar a vida dos bem aventurados ai em cima, com teu humor refinado numa mesa com pano verde e um baralho novinho
Breve nos encontraremos!
REQUIESCAT IN PACE!
02/08/2018
Pedro Parente

segunda-feira, 9 de julho de 2018

O CALVÁRIO


O CALVÁRIO
Naqueles tempos, havia um caminhão velho bastante maltratado que já não possuía as laterais e nem a parte traseira da carroceria.
O capô não tinha mais as presilhas de maneira que quando passava em cima de um buraco abria e batia com força como a boca de um jacaré. Por ter sido de cor verde ganhou o apelido. Movido a gasolina, pouco circulava.
Era dirigido pelo Ivo. Um moreno bem educado e solícito. A todos cumprimentava com gentileza e por isso gozava de grande simpatia.
Certo dia, Tião do Virgílio, homem forte, truculento e de pouco sorriso. Trabalhador da construção civil. Num dia de sábado quando o serviço acaba mais cedo, ao meio dia, catou uns restos de madeira ainda com restos de cimento que serviram para a escora de laje. Fez um feixe, amarrou com arame cozido, forrou com a camisa e “ombrou o bruto”.
Fazia sol de rachar naquele dia de verão e sua casa estava muito longe, no alto do Morro da Forca. Subida forte. Pensou: - Preciso desta lenha para fazer o almoço. E começou a subir.
Trincando os dentes de raiva pelo destino que a vida lhe reservara, a cada passo um impropério.
Parou no Tonico Verdureiro e tomou uma lapada da “marvada”.
- Agora falta pouco!
Com os passos cada vez mais lentos, estimulado apenas pela pinga, continuou subindo.
Ao dobrar na parte mais íngreme da sua rua, já avistando a soleira da porta da sua casa, chega o Ivo em seu velho caminhão, solícito como sempre, segurou na embreagem e insistiu com o Tião:
- Joga a lenha aí atrás e entra!
Tião relutou o que pode. Para não fazer desfeita com uma pessoa tão boa, aquiesceu. Jogou o feixe de lenha no taipar e entrou na boleia sem porta.
Para azar dele, quando o Ivo tentou arrancar com o caminhão, o motor apagou.
- Não se preocupe! Galho fraco! Estamos na descida. É só um tranco e ele pega. Disse o Ivo.
De tranco em tranco o caminhão foi descendo, descendo até estacionar com o restinho do embalo, na frente da construção que o Tião trabalhava.
Ivo foi pedir desculpas.
Com tanta raiva Tião pegou o feixe de lenha atirou no chão despedaçando os sarrafos de tábuas para todos os lados.
Catou tudo novamente, amarrou o feixe e recomeçou lentamente o seu calvário.
Dizem que o caminhão ficou mais de uma semana parado ali até que o Ivo arranjasse um trocado para abastecer.
Vida ingrata!

09/07/2018
Pedro Parente

MORRO DA FORCA


MORRO DA FORCA
Na vetusta, simpática e charmosa cidade São João del-Rei onde moro, tem um bairro chamado Morro da Forca ou Bonfim. O que é pior, seguindo o Morro da Forca o bairro passa a chamar-se Arraial das Cabeças. Tétrico!
Mas isso é assunto para o nosso historiador Antônio Ávila.
Incoerências à parte são bairros singelos que hospedam pessoas e bares da melhor qualidade.
Há de se exaltar a Barbearia do Lalado que funciona também, como terapia para os frequentadores e clientes, pois Lalado de humor refinado é um grande contador de “causos” acompanhados de encenação perfeita.
Dependendo da inspiração do dia um corte de cabelo demora mais de meia hora. Com paciência e cuidado espera o freguês para de rir para não cometer nenhum acidente, deixando o infeliz sem cabeça.
O cômodo onde funciona a barbearia é diminuto. Cabe apenas a cadeira profissional, o espelho tradicional, uma mezinha de canto e três cadeiras de espera. Se chegar mais um espera do lado de fora. Sim, também um sanitário apertado que não se entra de uma só vez. Primeiro abre-se toda a porta, entra-se e aí sim, dá para fechar.
Lê-se na porta do sanitário: SOMENTE Nº 1.
Certo dia, com a lotação completa e mais alguns que fazem uso da boa pinga que o Lalado mantém escondida no cantinho mais fresco da barbearia, chegou um freguês humilde e talvez analfabeto, pediu permissão para usar o sanitário e não atentou para a placa.
Lalado que não faz distinção entre pessoas franqueou-lhe o espaço.
O cidadão extrapolou o tempo normal para se esvaziar a bexiga.
Os circunstantes passaram a se entreolhar desconfiados.
Eis que, de repente, a porta se abriu e o homem saiu pálido abotoando a correia da calça. Agradeceu e sumiu.
Deixou atrás de si só o bafo. Um odor putrefato que empesteou o salão.
O salão ficou vazio.
Os que estavam dentro se espremeram na porta tentando sair de uma só vez, inclusive aquele que estava sentado cortando o cabelo com o guarda pó enrolado no pescoço.
Lalado revoltado:
- Esse excomungado comeu urubu sem tempero!

09/07/2018
Pedro Parente

segunda-feira, 11 de junho de 2018

JUDAS

JUDAS - Naquele tempo em que a vida era calma, o córrego do Lenheiro com suas águas limpas, deslisava sonolento entre os pilares da Ponte da Cadeia.
A Praia ainda não era urbanizada e o córrego ainda não havia sido espremido entre duas paredes de concreto formando um canal.
Ali próximo aos pilares da Ponte, formavam-se poços onde as rãs pimenta faziam sua farra, pois os insetos eram atraídos pela luz morteira da iluminação pública. A maioria caia dentro d'água servindo de regalo para os batráquios.
A turma resolveu, a noite, fazer uma pescaria de rãs para que o Nico, exímio cozinheiro, preparasse as bichinhas.
No meio da turma ia o Marco Antonio. Moço bonito, cobiçado pelas mocinhas mas de uma habilidade enorme na pega das rãs.
Assim foi que coletaram várias delas e entregaram, tarde da noite, ao Nico para comê-las no dia seguinte a tarde.
Combinado o horário cada um para sua casa já salivando o sabor do acepipe da tarde seguinte.
A casa do Nico, na esquina da Rua da Prata, era bastante frequentada pela turma. Por causa disso deixava sempre a porta aberta.
Marco Antonio, esperto, chegou antes dos outros. Entrou. Não viu ninguém, somente a frigideira ainda fervendo em cima do fogão.
Não contou até três. Pegou um prato, serviu-se e sentou-se à mesa.
O Nico chegou na hora acompanhado do resto dos comensais e surpreendeu o Marco Antônio:
- Você é o JUDAS. Nos traiu.
Fui amigo dele por mais de quarenta anos. Sempre juntos consumimos grande parte de nossa vida nos bares do Bonfim e alhures.
Amigo que eu amava.
Ontem nos deixou!
Interrompeu um sofrimento de anos.
Levou consigo parte grande do meu coração, mas tenho certeza que em breve nos encontraremos novamente numa grande festa em torno de uma mesa adornada por grandes amigos que já se foram.
Todos entre os bem aventurados.
DESCANSA EM PAZ MEU AMIGO QUERIDO!
11/06/2018
Pedro Parente

terça-feira, 5 de junho de 2018

O VELEIRO



O VELEIRO




Lá pelos idos de 1975, meu sogro comprou um terreno às margens da Represa de Camargo. Adorei a ideia, pois nascido e criado nas águas turvas dos rios que banham Belém e Mosqueiro, sentia muita falta, nas montanhas de Minas, de um lugar onde pudesse praticar meus esportes aquáticos. Optei pela vela.
Liguei para meu bom amigo Carlos, no Rio. O amigo mais antigo, até hoje, que deixei por lá quando ali morei por alegres dez anos. Fizemos uma boa dupla a tal ponto que namorávamos duas irmãs. Era dos “Anos Dourados”. O Rio de Janeiro exalava romance. Os casais ainda dançavam abraçados e quando se amavam bailavam “de rosto colado”. 
Isto significava comprometimento.
Fomos até uma loja especializada em barcos na Rua da Passagem em Botafogo e lá encontramos um barco de fibra com vela de nylon para duas pessoas. Lindo! Casco laranja, acabamento branco e a vela com faixas largas em diagonal, laranja e branco. Colocamos em cima da minha Brasília que possuía um suporte para carga, porém o barco excedia um pouco o tamanho do carro. Pelas leis do trânsito isso é proibido. Teria que ser sinalizado com um pano vermelho. Resolvi assumir o risco e zarpei pegando a estrada.
Na primeira “barreira” policial, fui intimado a parar. O policial alertou-me que não poderia prosseguir sem sinalizar o excesso da carga com um pano vermelho.
Problema! Onde vou comprar um pano vermelho? Lembrei-me de uma cueca escarlate que estava na minha maleta. Naquela época usava, pois eu não era nenhuma odalisca deslumbrada. Abri a mala e dependurei a cueca na popa do barco. O policial que a tudo assistia com olhar inquisidor, perguntou: - O que é isto? Respondi-lhe: cueca!
Botou a mão no queixo, examinou com cautela, até fez menção de apalpá-la, mas desistiu, pois não sabia se tinha sido usada.
Aí decidiu com firmeza:
- Cueca pode, devolvendo meus documentos, despediu-se:
- Boa viagem!
Pedro Parente
1º/06/2014

BELÉM BRASÍLIA



Lá por volta de 1968, trabalhava no cais do Rio. Resolvi comprar a prestação, um fusca 64 com bateria de 6 volts e ir à Belém visitar minha família. Tinha um porém: a rodovia Belém-Brasília só tinha asfalto no início, até a cidade de Ceres. Quase 2.000km de terra.
Combinei com o Rubinho meu conterrâneo na mesma situação que a minha, muita saudade mas os bolsos vazios.
Às seis da manhã de um certo domingo, saímos rumo a Belém. O Rubinho não dirigia, mas prestava uma atenção enorme. Não largava um suporte que apelidaram de pqp e não tirava os olhos da estrada.
Rodamos o dia inteiro até chegarmos a Brasília. Já de noite.
Pegamos um quartinho num hotel de beira de estrada, os famosos "cama-quente"; quando uma pessoa deita, ainda sente o calor daquela que levantou-se. O travesseiro guarda a marca da cabeça do ocupante anterior. Tomamos umas e outras, comemos um prato feito e deitamos.
De madrugada, ao amanhecer do dia, levantamos e partimos para Anápolis. De lá começa a Belém-Brasília. Dois mil e alguns quilômetros.
Postos de gasolina, ainda eram raros. Levávamos um galão cheio, no banco de trás.
Uma mão na direção, outra na alavanca de câmbio pra não soltar as marchas devido as "costelas" da estrada de chão. Cigarro no canto da boca e pé atolado no acelerador. A estrada larga recém aberta, era só reta. Não tinha nenhuma curva para quebrar a monotonia.
Com a vibração, a primeira coisa que caiu foram os faróis de milha. Daí por diante, foi um tal de cair sem fim. Faróis, faroletes, para-choques tudo foi caindo. Juntávamos e colocávamos dentro do carro.
Lá pelo meio do Estado de Goiás que ainda não era repartido, o carro parou. Nem levantar o capô do motor levantei, pois não entendia nada de carro. O trânsito era muito pouco. Raros se atreviam a enfrentar àquele ermo. Até que um caminhão cegonheiro apareceu. De dentro da boleia o motorista diagnosticou:
- Foi o cabo da bobina que partiu!
Já desceu com uma faquinha na mão, raspou o fio, emendou e acionou o motor.
Bendita alma.
Muita coisa aconteceu, mas isso é outro capítulo.
Finalmente chegamos a Belém.
Inclusive sem cano de descarga, fazia um barulho ensurdecedor a ponto do guarda de trânsito querer nos multar e ainda me xingou de

“porco”, pois o carro e nós dois, éramos pura poeira.
Isso era uma quinta feira bendita.
Pudemos tomar banho, botar roupa limpa, jantar e usufruir do colo da mamãe.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

DELÍCIA DE CHUVA


  • Delícia de chuva - Sou presenteado com o silêncio da noite e a chuva massageando meu pensamento envolto em coisas da minha juventude.
    Vem a minha lembrança as viagens que fazíamos de Belém até as terras de meus avós paternos já falecidos e elas administradas por meu pai.
    Dependíamos dos movimentos das marés, do rio Guamá pois lá elas enchem durante seis hora e vazam também em seis horas com seis minutos de preamar e seis minutos de baixa mar.
    A viagem era sempre a noite com duração de seis horas. Saíamos no início da enchente subindo rio acima.
    Nosso barco era pequeno calava apenas cinco toneladas, movido por motor a óleo diesel.
    Na Amazônia sob o trópico, as estações são apenas duas: inverno e verão.
    Dizem que a diferença de uma para a outra é que no verão chove todo dia e no inverno, chove o dia todo.
    Numa dessas noites de muita chuva foi assustadora.
    Havia um trecho perigoso quando atravessávamos de uma margem à outra num lugar chamado Ponta Negra.
    As marolas foram tantas que nossos utensílios de barro viraram cacos.
    Em compensação em algumas noites, vi surgir por entre a mata a lua gigante, aquela bola iluminada de luz ofuscante deixando refletir sua imagem no leito do rio.
    Ao chegarmos lá pela madrugada havia sempre um cafezinho fresco nos esperando.
    Eu dormia na minha rede no barco atracado no trapiche, acariciado pela brisa fresca do pachorrento rio Guamá.
    10/03/2018
    Pedro Parente





REPRESA DE CAMARGO


REPRESA DE CAMARGO
Meados dos anos 70, meu sogro adquiriu um terreno às margens da Represa de Camargo.
Não havia nada no terreno. Era apenas um campo de terra ruim e a estrada de acesso muito rudimentar.
As casas de veraneio, também, muito raras, mas a represa estava ali, exuberante, pois estávamos no meio do ano, exatamente quando ela atinge sua cota máxima.
A visão que tive foi incrível, um pedacinho do céu. Silêncio profundo e aquele lago de águas calmas e claras a refletir a luz e o azul do céu. Lindo!
Finalmente um lugar para eu praticar algum tipo de esporte aquático, dado às minhas origens amazônicas. Pensei imediatamente em um barquinho a vela.
Ainda com minha família em formação e as filhas pequenas, achei que ali seria o lugar próprio para nossos fins de semanas. Inicialmente íamos aos domingos por não ter onde alojar minha família. Logo depois, ali foi construída uma modesta casa que nos deu condição de pernoite. Começamos a ir no sábado, algumas vezes na sexta. 
Era uma alegria. Tínhamos a companhia invariável da Neuzinha e Pedro Spinelli com suas filhas Mirella e Adriana contemporâneas de Lia e Nara.
Foram dias muito felizes. Inesquecíveis!
Resolvi então, comprar meu barquinho a vela. Liguei para meu velho amigo Duek lá no Rio, pois conhece tudo por lá. Levou-me a uma loja especializada na Rua da Passagem. Chamava-se King não sei mais o que...
Coloquei o barco sobre a Brasília. Carlos ficou no Rio e combinamos umas velejadas no fim de semana seguinte.
Não deu outra! Chegamos cedo à Represa junto com as famílias. Tomamos umas e outras e resolvemos enfunar a vela.
Soprava uma brisa calma vinda do nascente. Como o barco era pequeno e possuía vela grande, deslizava com facilidade com empuxo de qualquer vento.
A represa estava em sua cota máxima. Navegávamos tranquilamente no meio do lago com vento no través. Ao nos aproximarmos dos cabos de alta tensão que passam sobre a represa e por ela estar no limite, a distância da água para os cabos fica pequena. 
A mastreação de alumínio e a vela de nylon colocavam nossas vidas em risco. Sem perceber estávamos indo rumo ao incinerador. Viraríamos torresmo.
Quem nos salvou foi a vela de Nylon que zoando denunciou a indução da alta tensão.
Percebemos o perigo, imediatamente cambei o bordo, saímos dali e fomos tomar uma refrescante e calmante cerveja. 
Escapamos por pouco. Ufa!
Pedro Parente
04/06/2014

terça-feira, 29 de maio de 2018

CANTINA CALABRESA

Foi nessa época que certo dia, cedinho, eu e o Kito saímos para caminhar nas Águas Santas com o propósito de desintoxicar e perder um pouco de peso que já nos rondava.
De short e tênis fizemos nossa caminhada naquele ambiente agradável do lugar.
Exaustos, entramos no carro e voltamos.
Kito morava no Edifício São João, lugar perigoso, pois lá estava a Cantina Calabresa que nos atraia com a simpatia do Ítalo e seus acepipes.
Não deu outra!
Ainda com a porta de aço semi aberta, Kito sugeriu um ovo frito para recompor as energias.
Fomos recebidos pelo Brás que nos servia sempre com muito carinho e participava das nossas conversas como irmão.
Quando um freguês deixava parte do almoço ou jantar intocável sobre a mesa, o Brás tirava o prato, ia na cozinha trocava o prato, fingia que havíamos pedido.
Essa sobra dávamos o nome de "barranco".
Era uma alegria.
Evitávamos o desperdício e o Ítalo era conivente.
Pois bem, quando chegamos naquele horário, ainda cedo da manhã.
O Brás sonolento, se assustou:
- Mas já? Ainda não terminei a limpeza do salão?
- Somos da casa. Um filé com dois ovos!
- E pra beber?
- Nos entreolhamos. Em uníssono:
- Trás um licor Strega que é digestivo. Tomamos uma garrafa!
Feita a digestão, emendamos com um litro de uísque Theacher's.
Nessas alturas a mesa já estava lotada com nossos companheiros que já haviam farejado no que ia dar.
Após detonarmos o estoque de bebidas de dose que o Ítalo mantinha num expositor de portas de vidro embutido na parede, o Ítalo com o dedo que mais parecia um martelo, bateu no balcão e tocou alto sua voz de recolher: DORMIRE!
Chegamos em casa, tropeçamos na tromba das esposas e caímos na cama.
29/05/2018


Pedro Parente