sexta-feira, 23 de abril de 2021

CLARISSE

 ADEUS CLARISSE.

Hoje é mais um dia triste na vida deste octogenário!

A vida tem o trajeto de uma droga que te excita no início, mas te cobra no dia seguinte em forma de ressaca e abatimento moral.

Quando aqui cheguei e fui trabalhar na Fábrica São João em Matosinhos, tornei-me amigo do Nonato responsável pela parte burocrática da mesma.

Levou-me para dentro de sua casa e concedeu-me o privilégio de participar de sua família. Nos tornamos irmãos inseparáveis. Chefe de uma prole de oito filhos, tinha como esposa uma das criaturas das mais admiráveis que conheci na minha vida de muitas andanças.

CLARISSE. Acho que possuía todos os predicados de uma mulher do bem. Simples, generosa, afável, solicita e nunca de mau humor. 

Cheia dos afazeres domésticos e tendo que cuidar da casa e dos filhos, ainda encontrava tempo de, nos sábados, preparar deliciosos tira-gostos quando voltávamos da pelada, famintos e sedentos.

Participavam da festa os dois times adversários, pois todos eram amigos. No sábado seguinte a mesma coisa, com um detalhe, os uniformes do time, limpíssimos lavados por ela.

Ontem, ao seu estilo de anjo celestial, nos deixou saudosos e tristes, porém na certeza que levou suas luzes para ampliar a claridade onde transitam os bem aventurados filhos de Deus.

Descansa em paz. 

Breve nos veremos.

23/04/2021

Pedro Parente





domingo, 4 de abril de 2021

VENTOS DO SUL

 

VENTOS DO SUL

Ventos do sul com temperaturas baixas anunciam mudança de estação.

Chegou o outono!

Mudanças de hábito aqui em nossa pequena cidade na região sudeste do Brasil.

Retiram-se dos armários casacos e blusas de mangas; cachecóis e mantas postos ao sol para espantar ácaros e mofo; as roupas leves guardadas ficarão ali à espera do próximo verão.

O menu muda.

As comidas vão sendo substituídas por alimentos mais pesados, caldos suculentos bem quentes.

Dou preferência a um belo “caldo verde” com batata, linguiça, couve e bastante azeite do bom. Especiaria da culinária portuguesa.

Fico observando os passarinhos se aninharem mais cedo em silêncio coladinhos uns aos outros. O aconchego deles leva meu olhar espontâneo à minha cama que me estende os braços macios com sua mantinha estendida.

Minhas cachorras já vão se acercando de suas cobertas bem próximas ao fogão à lenha que ferve sua chaleira com o guarda-mancebo preparado com o saco tradicional e pó de café a fim de passar um estimulante “fresquinho”.

Nesse clima de muita paz e uma boa prosa, esperamos o sono chegar e não demora mais do que meia hora, nos enfiamos sob as cobertas e dormimos o sono dos justos.

Faço minhas orações a Deus e meus Orixás e descaso tranquilo

Boa noite!

04/04/1921

Pedro Parente.