quinta-feira, 21 de novembro de 2019

OEA

Naquele tempo, durante a ditadura imposta, após o golpe de 64 o Mário Andreazza oficial do Exército Brasileiro, foi nomeado Ministro dos Transportes.
Como titular da pasta, passou a viajar pelo Brasil principalmente pelo interior do nordeste.
Numa daquelas viagens visitou uma dessas cidades que tinha um problema terrível devido ao estado precário duma ponte de madeira elo de ligação aos centros de abastecimento e ao transito de carroças e animais.
O Prefeito da cidade era um cidadão sisudo, austero e muito correto, porém não tinha o hábito de engolir aquilo que não gostava de ouvir.
Recepcionou o Ministro com um banquete na Prefeitura.
Entre comidas e bebidas já com a barriga cheia e a cabeça mais ainda, o Prefeito dirigiu-se ao Ministro:
- Oh! Seu Ministro! Na última vez que o senhor esteve aqui, prometeu que iria construir uma ponte de concreto em substituição daquela que já não passa mais caminhão, causando muito transtorno para nossa cidade.
O Ministro ficou de saia curta e arrumou uma desculpa que lhe veio à cabeça na hora:
- É verdade! Não esqueci, porém ela terá que ser feita com dinheiro da OEA.
O Prefeito envermelhou, se ajeitou na cadeira, meio desconfiado não aceitou a desculpa e retrucou:
- Olhe aqui seu Ministro! Aqui na nossa terra O É O E A É A.
Não tem esse negócio de OEA.
O Andreazza saiu liso que nem quiabo deixando o Prefeito a ver navio.
Vida que segue!

21/11/19
Pedro Parente

sábado, 2 de novembro de 2019

PINDORAMA



PINDORAMA
INESQUECÍVEL - Aqui nessa casa morava a felicidade à beira da Praia Grande na ilha de Mosqueiro no Pará.
Nossa infância, eu e meus irmãos, passávamos as férias usufruindo daquela delícia de lugar.
A viagem era uma aventura. Só chegávamos até a ilha num navio movido a vapor chamado Almirante Alexandrino.
Não havia táxi, apenas um micro ônibus que levava os passageiros do navio até o interior da ilha. Família grande, tínhamos que esperar o ônibus voltar para fretá-lo.
Dali em diante só alegria. Nada de sapato, apenas um calção de banho.
As ruas de terra, pés descalços, pelada na areia, banho de água doce, frutas tropicais e um bom peixe.
Mesa grande, papai, mamãe, cinco irmãos todos homens e cada um de nós levava sempre um amigo.
Não havia geladeira, a comida teria que ser feita diariamente no fogão movido a carvão.
Éramos felizes e tínhamos certeza!
02/11/2019
Pedro Parente

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

FIM DA FARSA


42 min
FIM DA FARSA -

O inquérito sobre o atentado às "Torres Gêmeas" nos EEUU concluiu que o mesmo partiu do próprio governo ianque.
O combustível dos dois "aviões" que atingiram as torres não teriam a menor chance de causar o estrago acontecido naquele local, visto que a estrutura das torres eram especiais com aço da melhor qualidade e técnica de engenharia ultra sofisticada.
Segundo documentários, as torres foram atingidas por mísseis numa trama urdida dentro da própria CIA.
O primeiro "avião" chegou a ser filmado por acaso o segundo seria somente a carenagem de um Boeing e na verdade era outro míssil estadunidense.
Foram publicados vários livros sobre a matéria.
Assista o depoimento do Beto Escobar na TV247 no Youtube.
Esses famigerados assassinos não se contentam em matar inocentes pelo mundo afora, de forma cruel chacinam seus irmãos de sangue motivados pela ganância e avareza.
O objetivo era incitar o ódio contra o terrorismo do Talibã e justificar a carnificina no Iraque inclusive com o uso de armas químicas, resgatando como troféu os ricos campos petrolíferos daquela nação.
Até a semana passada um desses carrascos ainda servia ao governo do Trump .
Parece que a Guerra de Ceceção ou a guerra civil estadunidense deixou esse estigma de irmão matar irmão.
A bandeira deles deveria ser representada pelas figuras bíblicas de Abel e Caim.
Não sei o que nos aguarda! Tempos sombrios!
13/09/2019
Pedro Parente

sábado, 24 de agosto de 2019

caviar

CAVIAR -
Naqueles tempos quando São joão del-Rei ainda era uma pacata cidade e os acontecimentos acompanhavam a lentidão com que corre o córrego que corta a cidade, houve um fato relevante que foi a inauguração do supermercado Sanjoanense dos irmãos Borges vindos de Barbacena.
Uma novidade muito bem vinda!
Apressei-me para fazer as compras num ambiente confortável com muitas opções inexistentes até então principalmente na parte de comestíveis exóticos e acepipes. 
Lá deparei-me com uma latinha redonda de caviar preto. Ova do peixe esturjão muito usado na cozinha requintada da Rússia.
Como diz o sambista Zeca Pagodinho: "Nunca vi nem provei/ Só ouço falar!". 
Comprei!
A latinha ficou rolando na geladeira por muito tempo. Não sabia o que fazer com aquilo.
Certo dia a Seleção Brasileira de Futebol ia disputar uma partida da Copa do Mundo num domingo de manhã.
Estava casado havia pouco tempo e morava no Largo de São Francisco. Minha mulher havia saído para a missa.
Convidei minha turma para assistir o jogo lá em casa.
Bebida de todo tipo, desde pinga até uísque.
Lá pela metade do jogo, chegou a Marta minha esposa. Me chamou no canto da sala e me repreendeu, pois não tinha comprado nenhum tira-gosto para meus convidados.
Pessoa muito bem resolvida e que tem solução para tudo me aparece na sala com uns canapês deliciosos, para tanto usou o tal rejeitado caviar.
Acabou o jogo, todos se despediram e um dos participantes da roda num gesto de gentileza e educação, parou no meio da escada, virou-se para trás e falou:
- "Martinha o canapê de ESPINAFRE" estava uma delícia"!
De repente a ova do peixe russo virou folha de horta tupiniquim. 
Alguns entenderam e o resto aplaudiu!
24/08/2019
Pedro Parente.

segunda-feira, 29 de julho de 2019

TIÃO MARGARIDA


TIÃO MARGARIDA
Naqueles tempos, quando operava o posto de gasolina da Texaco no centro da cidade, recebi a visita de um representante da Ipiranga trazendo uma proposta para que eu assumisse o Posto deles em frente ao trevo da fábrica de cimento Barroso.
Era um Postinho bem feito em ponto estratégico, mas não vendia nada de combustível. Aceitei o desafio!
Chamei meu amigo Maurilúcio, vulgo Cafezinho, mineirinho esperto apreciador de uma boa prosa e que gosta de fazer pequenos negócios e lhe pedi que administrasse o restaurante do Posto nas seguintes condições: comida boa e barata e servida por mulheres.
A estratégia deu certo. O restaurante virou um sucesso. Quem passava na estrada ficava admirado com a quantidade de caminhões na pista. Não sabiam que eram fregueses da boia e não do óleo Diesel.
Encantados com as garçonetes os motoristas passaram a dar preferência. Houve até casamento.A freguesia para o combustível não aumentou na mesma proporção que a do rango, mas melhorou. É que os caminhões que vinham carregar cimento já vinham abastecidos de suas cidades.
Nesse intercâmbio formou-se ali uma comunidade de amigos. Os que vinham do sul traziam costela de boi, vinho e pinhão. A turma do norte e nordeste, carne de sol e a mineirada linguiça e carne de lata.
Ali no final da tarde, a turma reunia num canto da pista e o churrasco rolava solto.
Numa dessas noites, a turma já calibrada resolveu ir paquerar em Barbacena. Todos sob efeito etílico, incentivaram.
Lembro que no meu carro levei o “Tião Margarida”. Trabalhava como lavador de carros. O serviço mais inóspito do Posto. Era um bom trabalhador, mas tinha o hábito de xingar a quem lhe chamasse pelo apelido. Os desavisados assustavam, porém nós que lidávamos com ele diariamente, fazíamos de propósito só para ouvir seu xingamento.
Naquela noite chegamos a Barbacena e fomos direto para a “muvuca” onde estavam as moças bonitas. Naquela confusão toda, o “Margarida” falou ao pé do meu ouvido:
- Pedão onde é o “nicotério”?
- Uai! Tião queres ver defunto uma hora dessa? Agora que está ficando bom!
- Tô apertadinho pra fazer xixi!
Ai que minha ficha caiu ele quis falar bonito porque o ambiente exigia e mandou NICOTÉRIO que na verdade seria MICTÓRIO. Seu apelido mudou pra “TIÃO MICTÓRIO” com aumento dos palavrões.
Gargalhada geral!
Rumo de casa!
29/07/2019
Pedro Parente

terça-feira, 23 de julho de 2019

MAZAROPI


MAZAROPI
Naqueles tempos quando eu operava o posto de gasolina ao lado do Edifício São João no centro da cidade de São João del-Rei, mantinha uma equipe grande de trabalhadores como frentistas, lavadores e acabadores dos carros ali lavados.
Entre eles havia um especial.
Singular!
Boa índole, honesto no limite, prestativo e eficiente, porém, elétrico. Apressado em tudo, no caminhar, no atendimento e principalmente falar. De tão rápido falar que se entendia apenas parte da frase. Ciente de sua deficiência repetia tudo várias vezes.
Por sua semelhança física com o famoso ator brasileiro de comédias cinematográficas, apelidaram-no de Mazaropi.
Certo dia a Texaco, proprietária do posto, promoveu o lançamento de novo óleo lubrificante para moto.
Após o ritual de lançamento, tudo nos seus devidos lugares com um moderno expositor entre as bombas, o óleo despertou a atenção dos consumidores ávidos por novidades.
Aí é que foi o problema.
Os clientes curiosos, a toda hora, pediam informações sobre o novo produto.
Mazaropi ficou inseguro e indeciso, passou a perguntar ao gerente de pista qual a finalidade e pra que servia o lubrificante.
O gerente Cabral pacientemente foi lhe explicando repetidas vezes.
Ao final Cabral atolado de serviço, ajudando a calibrar o pneu de uma camionete Rural com as rodas impregnadas de barro, já com o bom humor esgotado, chega novamente o Mazaropi com a pergunta feita durante o dia todo:
- Cabal, Cabal pra que serve o óleo mesmo? (nunca conseguiu pronunciar Cabral)
Cabral já com a paciência esgotada, falou:
- É pra avião!
Na mesma hora, outra pergunta do Mazaropi:
- Eles vêm abastecer aqui na bomba, vem?
E assim o Mazaropi transformou o Posto do Pedrão em Aeroporto do Pedrão.
Pode?
23/07/2019
Pedro Parente

segunda-feira, 22 de julho de 2019

A PESCARIA


A PESCARIA

A turma era animada. Não tinha tempo ruim, nem sovinice todos perdulários e destemidos.
O motivo não interessava, mas era festa todos os dias da semana na “mesa zero” da Cantina Calabresa.
Numa noite, alguém sugeriu uma pescaria no “Velho Chico”. Na mesma hora foram traçados os planos e já saímos dali, cada um com uma ideia na cabeça. Os telefones fixos não paravam. Não havia celulares. Até que chegasse a noite seguinte.
Pronto! Tudo pronto! Sem dificuldade os empecilhos foram todos resolvidos. Nosso amigo Ibsen gerente do Banco Real possuía uma casa em São Romão às margens do rio São Francisco.
Sendo a turma muito grande, lá naquele Banco financiamos um ônibus usado que comportasse a turma, a tralha, o freezer lotado de latas de cerveja e alguns garrafões de cachaça, que não poderiam faltar. Vários assentos tiveram que ser removidos para que coubesse tudo.
Dia marcado, em frente a igreja de São Gonçalo, encostou a viatura. No comando o Waldemar profissional do ofício e que transportava combustível para o posto de gasolina ao lado do Edifício São João. Ele tinha muitos quilômetros rodados e de pouco beber bebida alcoólica, principalmente dirigindo. Estávamos em boas mãos.
Após algumas paradas efêmeras para ligar o freezer e abastecê-lo de energia, conseguimos chegar a Pirapora.
Combinamos que devido à distância que a percorrer, 140 km de estrada de terra, era só almoçar rapidamente e seguiríamos em frente.
Quem disse?
A turma que não podia ver mesa, bom tira gosto e especialmente boa pinga, se esquecia do tempo. Não deu outra.
A primeira garrafa foi consumida numa rodada só. Outras foram vindas. As luzes da cidade acenderam e começou um forró em frente ao restaurante. Na praia cercado de bambus alguns dançarinos foram exibir suas qualidades de “moço da cidade” e se enfaceirar com as “canelinhas” alcunha das morenas de lá.
Os mais responsáveis começaram a ficar impaciente querendo prosseguir viagem, inclusive por causa do sono do motorista.
Após muita conversa e os comensais já lotados de tira gosto e pingas, aquiesceram.
Vamos embora!
Após rodarmos uns vinte quilômetros no asfalto, entramos na estrada de terra. Estreita e eucaliptos de ambos os lados.
Guilherminho substituiu o Waldemar na direção do “grizú”, (apelido do ônibus) e conseguimos chegar em São Romão com o raiar do sol.
Uma trabalheira louca para colocar as coisas no lugar. Éramos 17 homens.
A casa do nosso amigo era boa espaçosa. Ela tinha uma varandinha que antigamente chamavam de alpendre com um telhadinho apoiado em uma das pontas por um barrote de madeira. Meu amigo Robenson foi se apoiar quase o telhado veio ao chão. O barrote estava solto.
Calor insuportável, mosquito borrachudo a vontade, não estava confortável. Ao lado do freezer ficamos por ali aproveitando uma aragem desgarrada. De vez em quando o ruído singular de mais uma lata de cerveja aberta. O garrafão de pinga parecia estar furado, baixando numa velocidade frenética.
Nô Carbajal figura conhecidíssima do povo ligado à música e a boêmia era fundamental na turma. Inteligente e exímio cavaquinhista nos dava muita alegria com seus toques e trejeitos. Naquele momento começou a executar uma de suas músicas prediletas aí se somou uma timba, violão do Murilo e a gaita do Asa Quebrada.
Eis que surge de dentro da casa Maurilúcio por todos conhecidos como “Cafezinho”. Figura formidável. Amigo nota mil. A figura personificada do mineirinho sestroso, maneiro que gosta de bater uma catira e de jogar conversa fora. Um figuraço!
Trazia nas mãos a vara com molinete a caixa de metal com separadores, cheia de anzóis e as coisas de pescaria cuidadosamente arrumadas pelo Claro. Na cabeça, um capacete de segurança encontrado na casa. Disse:
- Agora que terminei meus afazeres, vou pescar!
Era só atravessar a rua e a barranca do rio estava ali.
E lá se foi o Café todo lépido.
Em seguida ouvimos seu grito pedindo ajuda. Corremos em seu socorro lá vinha ele subindo a barranca aos trancos e barrancos com os anzóis esparramados pelo mato, braços e peito cortados pelos espinhos de japecanga, uma trepadeira própria da barranca  com cara de espanto contou que tropeçou numa raiz aqui em cima e foi parar dentro do rio. Cheio de sangue ficou com medo de ser devorado pelas piranhas.
De resto o capacete de obra flutuando na correnteza do “Velho Chico” como o cesto de Moisés.
Vida que segue!
22/07/2019
Pedro Parente.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

O CONTRADITÓRIO



O CONTRADITÓRIO
Contam os compêndios que o Brasil foi “descoberto em 1500”.
Não consta que havia uma lona cobrindo nosso território, por isso mesmo a palavra descoberto é mal colocada, o que houve na verdade foi uma invasão, chacina e saque às pessoas que aqui habitavam.
Aqui foram introduzidos facínoras delinquentes e presidiários oriundos dos cárceres e masmorras portuguesas com o único objetivo covarde de abater os donos das terras numa carnificina inconfessável, pois a população das diversas etnias indígenas de tupis, tapuias e outros mais era bastante numerosa.
Hoje o que restou dessas almas, está confinado em guetos miseráveis expostos às doenças importadas do homem branco, dito civilizado.
Na América Latina erradicaram culturas talvez mais avançadas do que as europeias de olhos azuis.
Saquearam toneladas de ouro e prata da América do Sul para manter a pujança e a mordomia europeia.
Somos o almoxarifado do mundo.
Tudo que aquilo que falta nos outros países, os estrangeiros vem aqui e arrancam aos olhos de um povo sem reação, pacífico ou alienado. O que é pior, sob o aplauso de muitos!
A farra com nossas riquezas é rotineira.
Em outras épocas perdoamos dívida da Inglaterra. O tal D. Pedro presenteou a rainha da Inglaterra com um cacho de bananas em ouro maciço.
Galeões lotados de ouro e de prata saiam a todo o momento do Brasil rumo a Portugal. Alguns ficaram pelo meio do caminho enriquecendo o fundo do mar.
O governo brasileiro atualmente construiu um complexo ferroviário para transferir ao exterior parte do nosso território. Cada vagão numa composição ferroviária transporta cem toneladas. O movimento é constante.
O que é mais triste após tantos anos de exploração das nossa riquezas, administrada por uma burguesia podre e escravocrata, conseguiu produzir 50 milhões de miseráveis que não tem o que comer num país que se ufana de ser o maior produtor de alimentos do mundo.
Ledo engano!
A soja produzida no Brasil é para engordar porcos na Alemanha e na China, porque lá eles usam o solo e produzem alimentos para humanos, seus filhos.
Uma nação não é uma empresa. Ela tem suas nuanças.
O que se arrecada de impostos, terá que ser revertido em prol da sociedade.
A usura e a ganância acabaram com o mundo.
Seria tão bom vivermos todos em harmonia. Cada um respeitando suas fronteiras e seus problemas internos!
Não temos escolha onde nascer!
Amo meu país.
Apesar da idade provecta lutarei até o fim contra esses desmandos!

20/05/2019
Pedro Parente.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

PAISE NO PIDAL


“PAISE NO PIDAL”.
Naqueles tempos em São João del-Rei, as opções de lazer não eram muitas e a rapaziada usufruía intensamente de todas elas.
Durante o dia, em época de calor era mais fácil com a opção de várias cachoeiras, poços e as Águas Santas.
A noite se resumia em menos alternativas e as pessoas escolhiam o que lhes mais agradava.
Os bares já existiam em menos quantidade e de maneira mais formal. Não ficava barato frequentá-los diariamente.
Alguns rapazes amantes do jogo se deliciavam nos ótimos salões de bilhar e sinuca que àquela época era um grande atrativo.
Mesas grandes forradas de pano verde, iluminadas por lâmpadas que desciam do teto até próximo à mesa, protegidas por plafonier para não encandear os jogadores. Silêncio absoluto. Só ouvia-se o barulho do taco de madeira jogando bolas pesadas uma contra outras em direção à caçapa. Muita fumaça de cigarros que ajudavam os jogadores manterem a calma.
As apostas eram feitas em surdina, pois era proibido “jogo a dinheiro”.
Outros preferiam a Rua da Cachaça onde iam cortejar as moças da “vida fácil”.
A outra opção era a sala de cinema.
Já existia o Cine Glória. Esta era a mais procurada opção desde que passasse um filme com atores renomados. As chanchadas da Atlântica faziam um sucesso absoluto. Faziam-se filas imensas para aquisição dos ingressos.
O charme do cinema era a sala de espera. Normalmente um ambiente espaçoso onde todos caprichavam no figurino e ficavam fazendo pose, moças e rapazes se entreolhando. Os casados, normalmente sérios para impor respeito.
Por ser um lugar muito movimentado, exigia certos requisitos para atender às necessidades dos frequentadores qual seja sanitário e água potável.
Certa noite o proprietário substituiu a velha talha de barro por um moderno bebedouro elétrico com esguicho de água gelada. Uma novidade!
Todos ficaram desconfiados sem saber como acionar aquela geringonça. Um funcionário percebeu e explicou a todos que era só pisar no pedal, pois estava lá escrito em alto relevo.
Logo depois da explicação, entrou um cidadão acompanhado de um amigo. Ele tinha o hábito de ler tudo com sotaque da língua inglesa, esbanjando desta forma sua cultura poliglota.
Ao deparar-se com a máquina que todos chamam bebedouro, desconfiado e com a mão no queixo, olhou para o pedal da máquina e mandou alto e bom som com o sotaque carregado para que todos ouvissem: “PAISE NO PIDAL”. PISE NO PEDAL com sotaque britânico.
Ficou sem beber água!
16/05/2019
Pedro Parente

domingo, 5 de maio de 2019

INTRIGANTE


INTRIGANTE
Vivíamos no Brasil, tempo de progresso social. O país menos desigual. A população se alimentando melhor. A indústria, o comércio, o agronegócio trabalhando em ritmo acelerado. Praticamente sem desemprego. Aeroportos lotados.  Os cofres do Tesouro Nacional sendo abarrotados de dólares, devido nossas exportações. O país reconhecido e respeitado internacionalmente.
Um sonho!
De repente devido a uma trama urdida nos gabinetes de Washington, derrubam nossa Presidente honesta e colocam na cadeia sem argumentos e nem provas o responsável pelo progresso e desenvolvimento do Brasil.
A justificativa: medo!
Com as eleições se aproximando, todos sabiam que o “Operário Analfabeto”, se candidato seria imbatível, pois havia deixado o governo com uma marca histórica no mundo, 87% de aprovação.
A luta foi intensa para soltá-lo. Em vão.
Atropelaram todos os prazos judiciais promovidos por um Juiz de primeira instância reprovado na prova da OAB e seus três mosqueteiros do TRF4. Por coincidência, uma quadrilha.
A certa altura o encarcerado foi beneficiado por um habeas corpus que lhe permitia a soltura.
Após diversas manobras para não cumprirem o estabelecido na Lei, certo general, desses que vivem no Clube Militar, comendo lagosta, bebendo uísque e cuspindo no chão, ameaçou que tomaria o poder caso o soltassem.
Que vergonha! Que moral tem um homem desses que passa a vida à custa da Nação deliberar contra o que está disposto na Lei?
É o mesmo que agora treme de medo quando o patrão do hemisfério norte manda invadir nosso país vizinho a Venezuela, pois tem certeza que o “glorioso” só tem munição para uma hora de combate, com armas ultrapassadas que remontam ao tempo do bacamarte.
Sofreriam uma derrota acachapante. O exercito venezuelano é muito bem armado e seus oficiais são fiéis ao presidente eleito pelo voto. Cumprem seu dever em defender suas riquezas.
Aqui assistem passivamente os gringos levarem nossas riquezas sem dar um tiro sequer.
O “Supremo” que custa ao Brasil R$1,5 tri por ano também participa dessa inconfidência brasileira.
Após a entronização dessa marionete na Presidência com seus atos desastrados vais estilhaçando a nação brasileira.
Aqueles que se ufanaram de ter expulsado a Dilma, já estão jogando o leite que não tem mais comprador, no ralo. Com tanta gente passando fome, deveria ter pelo menos a sensibilidade de doar aos necessitados. Teria que ser preso.
A soja comprada pela China do Brasil, agora será comprada dos EEUU. Aqueles caminhoneiros que reclamavam da fila no porto para descarregar, não reclamarão mais. Não haverá soja para transportar. Podem ficar em casa com a família.
A turma do agronegócio que impediu a caravana do Lula de prosseguir com tratores financiados pelo BNDES se quiser pode pegar na inchada e plantar uma roça.
Tristeza!
01/03/2019
Pedro Parente

Dª LINA - REQUIESCAT IN PACE


LINA – REQIESCAT IN PACE

A medida que envelhecemos, passa a fazer parte da nossa rotina a notícia do falecimento de pessoas amigas. Esta semana não foi diferente, fui surpreendido com a morte de Dª Lina Cupollilo Casano.
Italiana de boa cepa nos deixou após ter vivido além dos noventa anos fumando um maço de cigarros ao dia e um litro de uísque por semana.
Oriunda de Paola na Itália, esposa de Ítalo Casano aqui chegaram para premiar São João del-Rei com o melhor da gastronomia italiana.
Em pouco tempo conquistou pela boca e pela simpatia o coração de todos nós. Não sem luta. Trabalhou arduamente fazendo, e mais tarde orientando suas comandadas na cozinha, os diversos pratos servidos naquele restaurante que se tornou uma referência em Minas, a ponto de um amigo meu Consul da Itália dizer que o canelone feito por Dona Lina era insuperável, nem na origem se achava igual.
Os momentos felizes de minha vida são sempre lembrados carinhosamente com um pedacinho da Cantina Calabresa com Dona Lina e Ítalo.
Mesas grandes onde as famílias podiam se acomodar confortavelmente nos tradicionais almoços aos domingos.
Não demorou em que fizesse daquele lugar meu ponto de frequência diária juntamente com minha turma, que não era pequena.
As mesas eram numeradas num papelzinho pregado à parede. Eram dez mesas, logo, a décima era a última com um algarismo em cada papelzinho.
Certo dia o Brás simpático garçom que atendia a mim e ao Judas, por estarmos de pé, perguntou em qual mesa iriamos sentar para tirar a comanda.
Nossa mesa tradicional era a última, nº 10, porém naquele dia o papelzinho que trazia impresso o número 1 caiu restando apenas o 0 (zero) pregado à parde.
Imediatamente o Judas pediu que anotasse na mesa ZERO. Daquele dia em diante estava batizada a mesa que perdurou até o fim de seus dias como a famosa MESA ZERO.
Grandes momentos.
Nesta hora tento deixar a tristeza de lado para homenagear nossa querida Lina, relembrando a alegria e o carinho com que ela tratou a todos nós.
Especialmente por sua família ter me acolhido como amigo.
Tive a honra de batizar a Carla e ser compadre do Claro e da Carmelina.
Ficaram as boas lembranças que permaneceram indeléveis em meu coração.
Pedro Parente
05/05/2019