BOLOR
Era uma vez... numa simpática cidade histórica do interior de Minas, São João del-Rei onde escolhi para morar.
No auge dos meus trinta anos, logo me enturmei com a rapaziada da boemia e das boas prosas e ótimos “causos”, assim foi que conheci o Bolor apelido dado aquela pessoa singular.
De boa família austera e tradicional, optou em levar sua vida à seu modo não dando ouvido aos mais velhos que tentavam direcionar a vida dele.
Muito ladino e sagaz vivia sua vida usando de pequenos expedientes muitas vezes ilícitos aos olhos da sociedade. Todos gostavam dele pelo seu jeito educado e respeitoso de lidar com as pessoas.
Era comum vender uísque importado e todos sabíamos da sua perícia em refazer os lacres de chumbo de garrafas usadas
Certo dia o convidei a tomar um uísque e quando me dirigia pra determinado bar em sua companhia, falou-me:
- Aí não! Esse é dos meus!
Era comum quando as pessoas se referiam a uísque de procedência duvidosa, que era de “fabricação do Bolor!”
O fato tornou-se conhecido de todos até que um dia chegou ao ouvido do Delegado de Polícia.
Chamou-o “sob vara” e pediu que esclarecesse aquele rumor de adulteração de produto importado.
Bolor sabia dos meandros da Lei, quando perguntado, declarou ao Delegado:
- Doutor não adultero, apenas transponho um uísque nacional para um recipiente importado elevando seu status. Isso não é crime.
O Delegado gente boa sorriu e alegou que era crime contra a economia popular e o mandou prestar serviço por determinado tempo à uma comunidade carente.
Saudade do meu amigo!
30/05/2023
Pedro Parente