sábado, 8 de abril de 2017

NAQUELES TEMPOS - RUIDER

NAQUELES TEMPOS.
Entre risos, paixões e lágrimas provocadas por rusgas de amores, a vida passava mansa e prazerosa.
Todos trabalhávamos em atividades diferentes um do outro, tornando a turma plural.
A maioria iniciando a vida e por isso mesmo, com pouca renda. O mundo era outro, mesmo com o salário mínimo, o cidadão achava uns trocados para o chope do final de semana.
Sexta feira, após o trabalho, nos encontrávamos em Copacabana onde havia variedade de programas entre eles os "inferninhos". Lugar sombrio, pouca luz, muita fumaça de cigarro e mulheres sem rosto, da balada.
Música alta e de mau gosto, cheiro de suor que salgava até o ar impregnado com odores indecifráveis.
Nesse clima, ainda sobrava espaço para o amor e todos acabavam a noite felizes.
De madrugada destino Beco da Fome. Espaço democrático onde se misturava toda classe de pessoa. Lá conheci Ataúlfo Alves grande compositor que se trajava com esmero. Tanto que era um dos 10 mais elegantes eleito pelo Ibrahim Sued cronista social que também participava da galera do Beco.
Incrível! Era o que hoje chamam de praça de alimentação nos requintados shoppings.
Tinha de tudo, do banqueiro ao batedor de carteira; da madame bem tratada à prostituta depravada. Houve quem visse irmã de caridade fazendo um lanchezinho por lá.
Eu dava preferência para o espaguete à bolonhesa, outros à carne seca com abóbora etc...
Barriguinha cheia, dia clareando rumo ao Leblon, a pé pela praia. Lotação, nem pensar. Aquela hora ainda não circulava e o dinheiro tinha acabado.
Quando fazia sol, jogávamos nosso vôlei, um mergulhinho e uma corrida desesperada para a Cleeper em busca dum chope gelado. Que delícia!
Numa daquelas tardes, não deu praia e nos internamos cedo no boteco. Ficávamos em pé encostados no balcão nos revezando ao sentarmos nos barris de chope.
Eis que chega o Ruider.
Figura querida. Velhinho, cabeça raspada, barrigudinho, short, camiseta e sandália de dedo.
Só sorriso e alegria.
- Um chope pro Ruider! Imediatamente atendido.
Toda atenção pra ele que foi logo contando suas histórias. Não eram poucas pois havia sido proprietário do Bar Siroco tradicional de Copacabana.
O tempo foi passando, o Ruider procurou um barril vago, sentou-se no cantinho e cochilou. Baixamos o tom  da conversa para não incomodá-lo e o deixamos descansar.
Mais tarde Ruider despertou da sua sesta, nos cumprimentou e pediu ao Seu Joaquim:
- Me dê uma média com pão e manteiga!
Ninguém entendeu nada.
Porque o dia estava cinzento e ele acordou na horado lusco fusco, achou que estava amanhecendo.
Gargalhada geral!
08/04/2017
Pedro Parente    









EH! VIDA BOA!


NAQUELES TEMPOS

ALDEIA LEBLON

Naqueles tempos, anos 60, vivíamos as delicias dos "anos dourados" lá pras bandas do Leblon no Rio de Janeiro. Todos jovens e alguns jovens senhores recentemente encanecidos todos felizes
Durante a semana cada um no seu emprego, sonhando e fazendo planos para o final de semana para o nosso vólei na praia.
As coisas eram mais ou menos organizadas. Nossa rede era matriculada na prefeitura sob número 01, lá onde desemboca um dos canais da lagoa Rodrigo de Freitas.
Cedo Jorge Pena trazia a rede para ser armada e marcada a quadra. Nosso amigo Lulu Mangualde, mineirinho de Barbacena, esperto, para não participar daquela chatice, se escondia atrás da bomba de gasolina no Posto do Paulinho. Depois da rede armada e o trabalho concluído, chegava o Lulu com seu sorriso maroto e sua simpatia cativante. Em seguida Flávio Carneiro da Cunha com sua verve, formava uma roda sorridente comentando os assuntos da semana. Não ficava nada a dever ao Stanislaw Ponte Preta humorista refinado à época.
Entre sorrisos e gargalhadas jogava-se uma partida enquanto a manhã passava.Um mergulhinho no mar maravilhoso e um copinho de mate geladinho passávamos a vida lentamente sem preocuparmos se ali era o céu.
De repente, alguma das vezes, o céu mudava. O vento sudoeste acabava com a festa, expulsando os banhistas da praia e a nós consequentemente.
Para uma parte da turma não tinha problema nenhum, corríamos para o bar Cleeper na esquina da Carlos Goes que possuía a melhor serpentina de chope da zona sul. Dois lusitanos nos atendiam com o maior carinho. Segundo meu amigo João Luiz Rangel ainda estão lá até hoje.
Tira gosto maravilhoso. Pernil, carne assada recheada e um detalhe: ovo cozido uns azuis e outros vermelhos. É que na hora do cozimento o português botava na água o envólucro do cigarros Continental (azul) Hollywood (vermelho).
E o tempo passava até chegar em casa, lá para as tantas, após um samba na Cruzada São Sebastião no ap do Sabará.
Eh! Vida boa!
06/04/2017

Pedro Parente.