sexta-feira, 30 de março de 2018

NELSON CAVAQUINHO


NELSON ANTONIO DA SILVA - Nelson Cavaquinho.
Nasceu carioca em 29 de outubro de 1911.
Músico da melhor qualidade dote herdado de seu pai.
Oriundo de família humilde e de parcos recursos financeiros, enfrentou muita dificuldade mas nunca perdeu o dom de tocador de violão e depois cavaquinho que herdou o apelido até o final da sua vida em fevereiro de 1986.
Naquele tempo, o Rio era romântico, um convite pra a boemia. Com o Nelson não foi diferente.
As rondas policiais eram feitas por soldados da policia militar montados à cavalo.
Nelson tentou.
Sentou praça na polícia e conseguiu até ser promovido a cabo na sua efêmera carreira.
Não teve sucesso, pois todas noites que estava de serviço na zona do meretrício no Mangue, sua área preferida, o cavalo voltava sozinho para a baia do quartel.
Nessas andanças conheceu no morro da Mangueira, Carlos Cachaça e o Cartola.
Se já não tinha vocação para policial, descobriu que seu negócio era samba. Boemia em tempo integral.
Talentoso compositor. Quando se apertava vendia suas composições a troco de uns trocados.
Isso foi motivo para a dissolução da parceria com Cartola. Continuaram amigos, porém certo dia o Cartola falou para o Nelson:
- Tem um crioulo lá no morro dizendo que aquele samba que fizemos em parceria é dele?
- Bem Cartola, a minha parte eu vendi!
Admirado e querido por todos. Figura ímpar!
Guardo lembranças dele chegando pelos braços dos amigos já mamado. Sentavam-no numa cadeira de palhinha na Estudantina Musical e ele com sua voz peculiar, dava seu show a troco de mais uma cerveja.
Bons tempos!

30/03/18
Pedro Parente

sábado, 10 de março de 2018

Noite de chuva.






Delícia de chuva - Sou presenteado com o silêncio da noite e a chuva massageando meu pensamento envolto em coisas da minha juventude.
Vem a minha lembrança as viagens que fazíamos de Belém até as terras de meus avós paternos já falecidos e elas administradas por meu pai.
Dependíamos dos movimentos das marés, do rio Guamá pois lá elas enchem durante seis hora e vazam também em seis horas com seis minutos de preamar e seis minutos de baixa mar.
A viagem era sempre a noite com duração de seis horas. Saíamos no início da enchente subindo rio acima.
Nosso barco era pequeno calava apenas cinco toneladas, movido por motor a óleo diesel.
Na Amazônia sob o trópico, as estações são apenas duas: inverno e verão.
Dizem que a diferença de uma para a outra é que no verão chove todo dia e no inverno, chove o dia todo.
Numa dessas noites de muita chuva foi assustadora.
Havia um trecho perigoso quando atravessávamos de uma margem à outra num lugar chamado Ponta Negra.
As marolas foram tantas que nossos utensílios de barro viraram cacos.
Em compensação em algumas noites, vi surgir por entre a mata a lua gigante, aquela bola iluminada de luz ofuscante deixando refletir sua imagem no leito do rio.
Ao chegarmos lá pela madrugada havia sempre um cafezinho fresco nos esperando.
Eu dormia na minha rede no barco atracado no trapiche, acariciado pela brisa fresca do pachorrento rio Guamá.
10/03/2018
Pedro Parente