sábado, 26 de abril de 2014

O ASSALTO

Turma do Buneko: 125º ENCONTRO DA TURMA DO BUNEKO - MARÇO DE 2014 

O
ASSALTO
.



Todo
bar tem sua peculiaridade. Lá no bairro do Segredo o Bar do Carlito é conhecido
pelo rigor de seu funcionamento, principalmente na hora de fechar.  Deu a hora de fechar, não adianta insistir, o
freguês recebe a conta num pedacinho de papel muito bem cortado, e fim de papo,
pois não quer sacrificar sua mãe que o ajuda com seus deliciosos tira-gostos. O
Carlito é uma figura correta e sistemática. A higiene é irretocável. Seu pai e
sua esposa, admiráveis, formando uma família exemplar.
O
bar não é grande, e é costume a todos os freqüentadores que chegam cumprimentar
um por um com um forte aperto de mão.
Pois
bem, ali freqüenta uma turma eclética. A maioria de jovens senhores bem
sucedidos amigos de longa data, tanto que há mais de dez anos criaram a Turma
do Buneko que se reúne todos os meses na residência ou no sítio dos confrades,
para comemoração dos aniversariantes.
Segundo
“Paulo Buda” um dos decanos: “Tem dias que este bar está um verdadeiro
hospício”. Impossível segredo. Todos participam das conversas.
Bar
é lugar de gente alegre. Raro encontrar alguém triste e macambúzio. A ordem é
alegria.
Num
fim de tarde, já escuro, os circunstantes foram surpreendidos por um assalto a
mão armada produzido por dois meliantes que chegaram de bicicleta de modelo
obsoleto que servia de transporte para os dois. Por aí já se percebe o nível!
Colocaram
o revólver na cabeça do primeiro que estava sentado à porta. Segundo o Rodrigo,
pelo frio do cano, tratava-se de um “treisoitão”.
Anunciaram
o assalto. Ninguém deu papo e a conversa continuou em voz alta.
Meio
que desmoralizado, o pivete berrou um palavrão e repetiu que se tratava de um
ASSALTO.
A
turma atendeu e dedicou o merecido respeito ao ato.
O
primeiro a ser assaltado puxou a carteira cheia de dinheiro e na frente do
pivete tirou “cincoentinha” e passou ao coletor de espórtulas. Satisfeito
dirigiu-se ao próximo. Naldinho, nosso querido amigo de idade provecta com a
memória prejudicada pelo mal de Alzheimer, ao ser pressionado pelo bandido,
disse: - Não vou dar mais nada. Hoje já dei esmola!
Desconfiado
o cara dirigiu-se ao nosso intrépido Comandante de Longo Curso conhecido
carinhosamente como Batata. Apontou o revólver e o Batata no auge das suas
lucubrações, pensando tratar-se de um isqueiro, prontamente tirou um cigarro do
bolso e levou-o até a ponta do cano no intuito de acendê-lo. O cara quase
pirou!
Carlito
sorrateiramente, esgueirando-se pelo chão arranjou um jeito de comunicar-se com
sua mulher na parte de cima do bar que imediatamente, da janela, alardeou que
chamaria a polícia.
Ato
continuo, os moleques correram e montaram na bicicleta. O comparsa que dirigia
o veículo, ainda xingou com um palavrão o garupeiro que quase o derrubara ao
saltar afobado na garupa.
Saíram
disparados na medida em que a velha bicicleta agüentasse.
Coisas
de São João!
Pedro Parente
26/04/2014