quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A VOLTA

A VOLTA 2
Após a cansativa viagem de ônibus, chegamos a Belém, eu e Mário Wilson.
Aí sim! A história é outra!
Desfrutamos das delícias do lugar.
Culinária da melhor espécie de exotismo peculiar. Maniçoba, pato no tucupi, tacacá, peixe de todos os tipos e de todas as formas, porém que mais nos fascinava eram os "banhos nos igarapés". Pequenos rios de águas geladas, contrastando com o calor tropical.
Indescritível!
Uma birosca à margem na sombra da frondosa floresta com cervejas geladíssimas, peixe fresco frito com farofa e vinagrete.
A tradição é que as mocinhas nativas ou não, vão se banhar apenas cobertas com uma blusinha normalmente de malha branca. No primeiro mergulho a transparência é total, expondo os contornos femininos daquelas obras de arte.
Nem o Kama Sutra conseguiu descrever.
A sensação é maravilhosa! O Nirvana é pouco.
De volta à realidade, tínhamos que voltar trazendo o heroico fusca.
Partimos. Desta vez, a disputa era quem dirigia, um paliativo para a monotonia da estrada que era só floresta e chão. Para piorar, nenhuma curva. Uma reta só.
Ao cair da noite, a sombra da floresta que ainda estava ali ao lado, já começava a fazer sombra na rodovia. Foi aí que furou um pneu.
Nós, com medo, pois já estava escuro. Nos apressamos para fazer a troca e assim o fizemos.
A disputa pela direção do carro, nos distraiu e o Mário passou sobre uma pedra, furando novamente o pneu.
Já noite.
O pânico nessas horas é uma péssima companhia.
Dois pneus furados e nenhuma perspectiva. Somente escuridão.
Revólver em punho. Nos afastamos do carro e escondemos no mato.
Passado um tempo, apareceu uma luzinha muito longe.
Demorou muito até chegar em nós.
Era uma Patrol motoniveladora dando acabamento na estrada.
O patrolista informou que dali até onde ele ia virar demoraria uma hora, mas tinha um borracheiro que morava lá.
Subimos os dois. Largamos o carro pra lá. Levamos um pneu. A poeira vinha toda na nossa cara. A máquina não tinha cabine confortável como as de hoje.
Depois de muita demora, chegamos no borracheiro que já dormia. Muito solícito fez o serviço.
Para sorte nossa, parou uma Rural Willys com problema de pneu furado.
O motorista um homem chapeludo de revólver na cintura, se condoeu de nossa situação e nos levou até o fusca.
Iluminou até trocarmos o pneu e nos avisou que demos sorte, pois aquele lugar era muito perigoso.
Dormimos dentro do fusca na porta da casa do borracheiro.
De madrugada seguimos em frente, pois ainda estávamos no Estado de Goiás.
"Com Deus adiante, paz no guia. Jesus Cristo e Maria são a nossa companhia."
Pedro Parente
13/09/17

Nenhum comentário: