Açaí
AÇAÍ
Dei sorte em ter nascido neste país tão amado pela sua gente hospitaleira. Não sei o nome que os legítimos habitantes lhes
davam, porém os invasores o chamaram Brasil.
De dimensões continentais detém nas suas regiões geográficas vários tipos de culturas.
Sou nato de Belém do Pará na região Norte possuidora de hábitos singulares.
Ali é o império das águas.
Os rios são as avenidas e os igarapés, as ruas. Deste modo o meio de transporte, em grande parte é fluvial.
Barcos de todos os tipos, uns movidos a vela estilo grego com duas vergas; outros a remo e os mais prósperos, a motor estacionário ou de popa.
A natureza generosa protege da fome a população ribeirinha com seu modo peculiar de viver, pois o rio lhes dá o peixe e a floresta, a caça, os frutos e a roça.
Constroem suas casas a beira do rio sobre palafitas protegendo-se do movimento constante das marés que enchem e vazam.
Sem impostos a pagar como IPTU, água e energia elétrica que escravizam as pessoas dos centros urbanos, vivem uma vida modesta sem agonia de ter que pagar tais tributos.
A preocupação é com o querosene que abastece as lamparinas e candeeiros para iluminação.
Hoje o eldorado dos ribeirinhos, não é ouro e sim o AÇAÍ.
Praticamente não existe desemprego. A família toda trabalha.Meninos e meninas por serem mais leves, sobem nas palmeiras nativas finas e altas com o uso da peconha que nada mais é do que algumas folhas do açaizeiro enroladas aos pés que lhes dão sustentação.
Colhem os cachos e debulham os frutos dentro de paneiros, balaios tecidos de cipós, ali mesmo e que tem medida padronizada para transporte e venda na Feira do Açaí em Belém.
A colheita do trabalho é entregue ao atravessador, aquele que compra o produto e em barcos grandes, leva para a Feira do Açaí.
Lá é vendido aos feirantes que por sua vez vendem aos consumidores.
O movimento na feira é insano. Abastecer o mundo de açaí.
Enquanto isso, depois da lida, aquela família vai comer um peixe frito com açaí e farinha. Tudo fresquinho e sem agrotóxicos.
Deitados em redes fazendo a digestão, ficam com os olhos fixos no rio enquanto a vida feliz passa acompanhando a velocidade do remanso.
Brasileiros esquecidos que sem agredir a natureza, contribuem com seu trabalho familiar, para nosso bem estar.
Obrigado aos felizes invisíveis.
24.02.22
Pedro Parente.
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