sábado, 6 de junho de 2020

MORRO DA FORCA

MORRO DA FORCA
É um bairro agradável que leva o nome também de Bonfim.
Não discuto o contraste entre os nomes, porém não me parece ter um bom fim quem morre enforcado.
Detalhe a parte, trata-se de um simpático bairro de nossa cidade. Uma comunidade muito solidária onde todos se conhecem pelo próprio nome ou de um membro da família. Por exemplo: Binho da Guita (apelido da mãe do Binho) logo todos identificam.
A praça do morro tem vários bares muito aconchegantes com os proprietários amigos e invariavelmente parceiros na pinga e o barbeiro tradicional o Lalado faz alegria da turma com seus casos ultra engraçados. A barbearia serve a todos como um sanatório. Quando vou lá, saio de alma leve, cabelo cortado e tonto, pois debaixo da sua mezinha tem sempre um garrafão da “marvada”.
Há tempos lá existia um verdureiro que funcionava também como bar. No fundo um balcão de madeira tradicional com vidraças para expor chicletes e outras guloseimas para as crianças quando saiam da escola.
Seu proprietário era um homem bom prestativo e solidário que se chamava Tunico. Era dos poucos que possuía carro próprio, uma Rural Willys.
Era frequentador do bar, um cidadão de cabelo vermelho e olhos azuis que ficava encostado no balcão, não puxava conversa com ninguém, talvez por timidez, mas que prestava atenção a tudo em sua volta, percebia-se logo que se tratava de um homem do campo principalmente quando pedia uma pinga. O sotaque era inegável.
Numa certa manhã, entra lá esbaforido um cidadão, implorando ao Tunico que levasse a mãe dele na Santa Casa, pois estava passando mal.
O Tunico concordou e falou que ia buscar o carro.
Aí, aquele “sapo” de sotaque da roça, intrigado perguntou:
- UAI TUNICO! OCÊ TAMBÉM DIREGE?
- Tô indo!

06/06/2020
Pedro Parente



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