JUCA FISCAL
Na São João del-Rei de
outrora, nada de digital. Tudo presencial!
A fiscalização da
Fazenda Estadual volante era exercida num Jeep Willys, de fabricação
brasileira, muito acanhado, porém orgulho da nossa indústria automobilística.
Dentro dele um
motorista e um fiscal com talão de multa à mão. Ambos, funcionários do Estado.
Algumas vezes a equipe dispunha de um policial civil para impor respeito a
algum recalcitrante.
O fiscal era uma figura
bizarra muito rigoroso no seu mister. Cabiam-lhe algumas peculiaridades extravagantes,
tocador de violino, seu hobby predileto era criar cobras venenosas em sua
residência. Só cobras perigosas como cascavéis, corais, urutus e etc... Todas
bem condicionadas em caixas de madeira teladas e limpas.
Muito esperto, dizia
que esse artifício lhe estava rendendo bons lucros, pois todos os vizinhos
sabendo da sua coleção tratavam de se mudar para bem longe lhe vendendo a casa
por preço barato.
Aos domingos de manhã,
reunia os mais corajosos para tomar sopa de mocotó acompanhado de boa pinga.
Nesse ambiente, aproveitava para demonstrar sua qualidade de violinista.
Especialista em tangos chegava a provocar lágrimas nos mais sentimentais.
Almoço, uma bela
macarronada confirmando sua descendência italiana.
Pois bem, essa
criatura, cumprindo seu ofício, ao raiar do dia no jipe em companhia do
motorista foi cercar os sitiantes que traziam seus produtos manufaturados para
vender na feira.
Juca Fiscal era temido
do povo da roça. Todos conheciam sua fama de “ferrabrás”.
Nesse dia, lá vinha um
desses colonos, montado em sua mulinha com algumas galinhas peadas para vender
na feira.
Deu de cara com o
austero fiscal que lhe foi perguntando:
- Cadê a guia?
- Não moço! Essas
galinhas foi o patrão que mandou de presente para um tal de Juca Fiscal! O
senhor sabe o endereço dele?
Juca imediatamente
entregou seu endereço ao cavaleiro.
Está esperando as
galinhas até ontem.
Não tripudie a
inteligência do matuto!
19/10/2018
Pedro Parente
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