ENCRUZILHADA
A vida passava mansa e alegre sob a proteção da minha mãe que não se cansava de dizer:
- Os pintinhos sob as asas da galinha!
Sua prole de cinco filhos homens lhe exigia grande trabalho para alimenta-los prazerosamente em um fogão que era uma verdadeira obra de arte em ferro fundido vindo da Ilha da Madeira em Portugal e movido a carvão vegetal.
Cinco adolescentes endiabrados, porém, muito amados. A casa era uma alegria só! Meu velho pai no Banco onde trabalhava dava duro para colocar os mantimentos em casa.
Não percebia que envelhecia e me tornava adulto. As brincadeiras mudando até que comecei a remar precocemente no Clube do Remo em Belém. Apaixonei-me pelo esporte e passei a dormir no Clube pois às cinco horas, antes do Sol nascer os barcos tinham que estar na água, pois os companheiros de guarnição eram trabalhadores e às oito horas teriam que estar em seus empregos.
Vencemos uma eliminatória que nos deu direito de disputar o Campeonato Brasileiro na Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio de Janeiro.
Certa noite quando nos preparávamos para dormir o telefone tocou. Era o comandante de um pequeno avião da FAB com cinco lugares e dois pilotos coronéis que estavam completando horas de voo. Aquele avião bimotor havia combatido na guerra e fora adaptado para passageiros.
Teríamos que estar na Base Aérea de Val-de-Cães às cinco da manhã.
Cheio de ansiedade e medo fui para casa dar a notícia a meus pais.
Mamãe com seu instinto sentia que estava me perdendo. Nem passava na minha cabeça não voltar. Implorando pediu a meu pai que não deixasse. Ele justificou; - Se venceu, tem de ir!
Entre lágrimas me despedi de minha mãe querida!
Maravilhado e seduzido pela beleza do Rio, não voltei.
Quando tentei, senti que não podia mais me soltar das teias que eu mesmo teci.
Voltei várias vezes de férias, mas não cheguei a tempo de atender seus chamados nos últimos suspiros para encontrá-la com vida.
Hoje amargo esse remorso que levarei para a sepultura.
Como consolo constitui uma família com três filhos e cinco netos admiráveis.
Vida que segue!
17/03/2022
Pedro Parente
ENCRUZILHADA
A vida passava mansa e
alegre sob a proteção da minha mãe que não se cansava de dizer:
- Os pintinhos sob as asas
da galinha!
Sua prole de cinco filhos
homens lhe exigia grande trabalho para alimenta-los prazerosamente em um fogão
que era uma verdadeira obra de arte em ferro fundido vindo da Ilha da Madeira
em Portugal e movido a carvão vegetal.
Cinco adolescentes
endiabrados, porém, muito amados. A casa era uma alegria só! Meu velho pai no
Banco onde trabalhava dava duro para colocar os mantimentos em casa.
Não percebia que
envelhecia e me tornava adulto. As brincadeiras mudando até que comecei a remar
precocemente no Clube do Remo em Belém. Apaixonei-me pelo esporte e passei a
dormir no Clube pois às cinco horas, antes do Sol nascer os barcos tinham que
estar na água, pois os companheiros de guarnição eram trabalhadores e às oito
horas teriam que estar em seus empregos.
Vencemos uma eliminatória
que nos deu direito de disputar o Campeonato Brasileiro na Lagoa Rodrigo de
Freitas no Rio de Janeiro.
Certa noite quando nos
preparávamos para dormir o telefone tocou. Era o comandante de um pequeno avião
da FAB com cinco lugares e dois pilotos coronéis que estavam completando horas
de voo. Aquele avião bimotor havia combatido na guerra e fora adaptado para passageiros.
Teríamos que estar na
Base Aérea de Val-de-Cães às cinco da manhã.
Cheio de ansiedade e medo
fui para casa dar a notícia a meus pais.
Mamãe com seu instinto
sentia que estava me perdendo. Nem passava na minha cabeça não voltar.
Implorando pediu a meu pai que não deixasse. Ele justificou; - Se venceu, tem
de ir!
Entre lágrimas me despedi
de minha mãe querida!
Maravilhado e seduzido pela
beleza do Rio, não voltei.
Quando tentei, senti que
não podia mais me soltar das teias que eu mesmo teci.
Voltei várias vezes de férias,
mas não cheguei a tempo de atender seus chamados nos últimos suspiros para encontrá-la
com vida.
Hoje amargo esse remorso
que levarei para a sepultura.
Como consolo constitui
uma família com três filhos e cinco netos admiráveis.
Vida que segue!
17/03/2022
Pedro Parente
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