sábado, 11 de novembro de 2023

O BOM VELHINHO

 O BOM VELHINHO

Quando cheguei do Rio de Janeiro vim trabalhar numa fábrica de tecidos. Não me passava pela cabeça que no setor industrial, a administração trabalha, também aos sábados.

Não tinha o menor cacoete. Não estava acostumado. No Rio trabalhava só até sexta..

A salvação é que no próprio prédio da fábrica havia um barzinho administrado pela simpática Dª Esther e suas filhas. Ela havia sido operária durante muitos anos.

Aos sábados comecei a frequentar o bar e corrompendo alguns companheiros de serviço passávamos horas bebendo e comendo as delícias feitas por mãos habilidosas. O patrão não gostava mas como eu fazia parte da administração ele relevava.

O bar é um lugar democrático. As pessoas tem direito de falar o que quiser, sentar com quem quiser, morrer de rir e alguns insensíveis que não sabem beber, se exaltarem tornando-se inconvenientes.

Nesse bar nunca presenciei nenhuma desavença, pelo contrario só alegria.

Nesse clima angariamos a simpatia dos frequentadores e formamos uma pequena comunidade

Tinha um velhinho que caminhava com muita dificuldade apoiado por duas muletas, Para ganhar um dinheirinho a mais, escrevia jugo do bicho. Penalizados por sua dificuldade de locomoção nos cotizamos e lhe demos uma cadeira de rodas. Ficou numa alegria imensa. Todos tinham carinho por ele.

Certo dia chegou um cidadão e humilhou o velhinho.

- Vou jogar uma mixaria. Não jogo mais porque o senhor não paga.

O sangue me subiu na cara. Tirei um bom dinheiro da carteira e insultei o cara:

- Joga ai essa grana. A “salva” é sua!

O cara olhou sem graça e saiu de fininho.

As forças cósmicas conspiraram a meu favor. Ganhei a centena. Era muito dinheiro. O coitadinho não teve coragem de descer de sua casa com aquela grana toda.

Me levou em sua casa e deu um pacote com os montinhos amarrados pelo tradicional elástico.

Tirei um dos pacotinhos e lhe dei de presente.

Relutou em aceitar.

Com o dinheiro fui a Belém ver minha família.

Quando retornei, o bom velhinho me ofereceu o dinheiro dizendo que não havia mexido e que estava a minha disposição.

Boas lembranças de bons momentos.

Só saudade!

11/11/2023

Pedro Parente

 

 

Quando cheguei do Rio de Janeiro vim trabalhar numa fábrica de tecidos. Não me passava pela cabeça que no setor industrial, a administração trabalha, também aos sábados.

Não tinha o menor cacoete. Não estava acostumado. No Rio trabalhava só até sexta..

A salvação é que no próprio prédio da fábrica havia um barzinho administrado pela simpática Dª Esther e suas filhas. Ela havia sido operária durante muitos anos.

Aos sábados comecei a frequentar o bar e corrompendo alguns companheiros de serviço passávamos horas bebendo e comendo as delícias feitas por mãos habilidosas. O patrão não gostava mas como eu fazia parte da administração ele relevava.

O bar é um lugar democrático. As pessoas tem direito de falar o que quiser, sentar com quem quiser, morrer de rir e alguns insensíveis que não sabem beber, se exaltarem tornando-se inconvenientes.

Nesse bar nunca presenciei nenhuma desavença, pelo contrario só alegria. 

Nesse clima angariamos a simpatia dos frequentadores e formamos uma pequena comunidade

Tinha um velhinho que caminhava com muita dificuldade apoiado por duas muletas, Para ganhar um dinheirinho a mais, escrevia jugo do bicho. Penalizados por sua dificuldade de locomoção nos cotizamos e lhe demos uma cadeira de rodas. Ficou numa alegria imensa. Todos tinham carinho por ele.

Certo dia chegou um cidadão e humilhou o velhinho.

- Vou jogar uma mixaria. Não jogo mais porque o senhor não paga.

O sangue me subiu na cara. Tirei um bom dinheiro da carteira e insultei o cara:

- Joga ai essa grana. A “salva” é sua!

O cara olhou sem graça e saiu de fininho.

As forças cósmicas conspiraram a meu favor. Ganhei a centena. Era muito dinheiro. O coitadinho não teve coragem de descer de sua casa com aquela grana toda. 

Me levou em sua casa e deu um pacote com os montinhos amarrados pelo tradicional elástico.

Tirei um dos pacotinhos e lhe dei de presente. 

Relutou em aceitar.

Com o dinheiro fui a Belém ver minha família.

Quando retornei, o bom velhinho me ofereceu o dinheiro dizendo que não havia mexido e que estava a minha disposição.

Boas lembranças de bons momentos.

Só saudade!

11/11/2023

Pedro Parente



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