quinta-feira, 5 de junho de 2014

Represa de Camargos

REPRESA DE CAMARGOS
Meados dos anos 70, meu sogro adquiriu um terreno às margens da Represa de Camargo.
Não havia nada no terreno. Era apenas um campo de terra ruim e a estrada de acesso muito rudimentar.
As casas de veraneio, também, muito raras, mas a represa estava ali, exuberante, pois estávamos no meio do ano, exatamente quando ela atinge sua cota máxima.
A visão que tive foi incrível, um pedacinho do céu. Silêncio profundo e aquele lago de águas calmas e claras a refletir a luz e o azul do céu. Lindo!
Finalmente um lugar para eu praticar algum tipo de esporte aquático, dado às minhas origens amazônicas. Pensei imediatamente em um barquinho a vela.
Ainda com minha família em formação e as filhas pequenas, achei que ali seria o lugar próprio para nossos fins de semanas. Inicialmente íamos aos domingos por não ter onde alojar minha família. Logo depois, ali foi construída uma modesta casa que nos deu condição de pernoite. Começamos a ir no sábado, algumas vezes na sexta.
Era uma alegria. Tínhamos a companhia invariável da Neuzinha e Pedro Spinelli com suas filhas Mirella e Adriana contemporâneas de Lia e Nara.
Foram dias muito felizes. Inesquecíveis!
Resolvi então, comprar meu barquinho a vela. Liguei para meu velho amigo Duek lá no Rio, pois conhece tudo por lá. Levou-me a uma loja especializada na Rua da Passagem. Chamava-se King não sei mais o que...
Coloquei o barco sobre a Brasília. Carlos ficou no Rio e combinamos umas velejadas no fim de semana seguinte.
Não deu outra! Chegamos cedo à Represa junto com as famílias. Tomamos umas e outras e resolvemos enfunar a vela.
Soprava uma brisa calma vinda do nascente. Como o barco era pequeno e possuía vela grande, deslizava com facilidade com empuxo de qualquer vento.
A represa estava em sua cota máxima. Navegávamos tranquilamente no meio do lago com vento no través. Ao nos aproximarmos dos cabos de alta tensão que passam sobre a represa e por ela estar no limite, a distância da água para os cabos fica pequena.
A mastreação de alumínio e a vela de nylon colocavam nossas vidas em risco. Sem perceber estávamos indo rumo ao incinerador. Viraríamos torresmo.
Quem nos salvou foi a vela de Nylon que zoando denunciou a indução da alta tensão.
Percebemos o perigo, imediatamente cambei o bordo, saímos dali e fomos tomar uma refrescante e calmante cerveja.
Escapamos por pouco. Ufa!
Pedro Parente
04/06/2014


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