REPRESA
DE CAMARGOS
Meados dos anos 70, meu sogro adquiriu um terreno às
margens da Represa de Camargo.
Não havia nada no terreno. Era apenas um campo de
terra ruim e a estrada de acesso muito rudimentar.
As casas de veraneio, também, muito raras, mas a
represa estava ali, exuberante, pois estávamos no meio do ano, exatamente
quando ela atinge sua cota máxima.
A visão que tive foi incrível, um pedacinho do céu.
Silêncio profundo e aquele lago de águas calmas e claras a refletir a luz e o
azul do céu. Lindo!
Finalmente um lugar para eu praticar algum tipo de
esporte aquático, dado às minhas origens amazônicas. Pensei imediatamente em um
barquinho a vela.
Ainda com minha família em formação e as filhas
pequenas, achei que ali seria o lugar próprio para nossos fins de semanas.
Inicialmente íamos aos domingos por não ter onde alojar minha família. Logo
depois, ali foi construída uma modesta casa que nos deu condição de pernoite.
Começamos a ir no sábado, algumas vezes na sexta.
Era uma alegria. Tínhamos a companhia invariável da
Neuzinha e Pedro Spinelli com suas filhas Mirella e Adriana contemporâneas de
Lia e Nara.
Foram dias muito felizes. Inesquecíveis!
Resolvi então, comprar meu barquinho a vela. Liguei
para meu velho amigo Duek lá no Rio, pois conhece tudo por lá. Levou-me a uma
loja especializada na Rua da Passagem. Chamava-se King não sei mais o que...
Coloquei o barco sobre a Brasília. Carlos ficou no
Rio e combinamos umas velejadas no fim de semana seguinte.
Não deu outra! Chegamos cedo à Represa junto com as
famílias. Tomamos umas e outras e resolvemos enfunar a vela.
Soprava uma brisa calma vinda do nascente. Como o
barco era pequeno e possuía vela grande, deslizava com facilidade com empuxo de
qualquer vento.
A represa estava em sua cota máxima. Navegávamos
tranquilamente no meio do lago com vento no través. Ao nos aproximarmos dos
cabos de alta tensão que passam sobre a represa e por ela estar no limite, a
distância da água para os cabos fica pequena.
A mastreação de alumínio e a vela de nylon colocavam
nossas vidas em risco. Sem perceber estávamos indo rumo ao incinerador.
Viraríamos torresmo.
Quem nos salvou foi a vela de Nylon que zoando
denunciou a indução da alta tensão.
Percebemos o perigo, imediatamente cambei o bordo,
saímos dali e fomos tomar uma refrescante e calmante cerveja.
Escapamos por pouco. Ufa!
Pedro Parente
04/06/2014
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