AMIGO ALBERTO
Hoje abraçado às minhas duas companheiras cachaça e solidão, resolvi voltar há tempos passados.
Pus pra tocar músicas de outrora com Roberto Silva, Nelson Gonçalves, Altemar e outros fantásticos da velha guarda.
Não pude deixar de lembrar um grande amigo seresteiro exímio tocador de violão que se chamava Alberto, ou chama-se, pois infelizmente perdi o contato com ele há muitos anos. Gostaria de abraça-lo novamente e brindá-lo com um lá menor e ouvi-lo dedilhar seu pinho com a maestria de sempre.
Quando me acompanhava nas minhas cantorias boêmias, me entusiasmava fazendo eu cantar com o coração, tal era a maneira que me agradava enaltecendo minha voz. Ele, por sua vez, ficava emocionado e esmerava-se nos acordes.
Grande tocador de violão!
Éramos companheiros de serviço. Faturistas no Mercado São Sebastião na Av Brasil – RJ. Pegávamos às 7h e parávamos às 16h.
Uma noite, ao sairmos duma comemoração de final de ano oferecida pela empresa, fomos parar no Bar das Pombas lá na Muda – Tijuca.
Barzinho bacaninha e aconchegante com uma cascata dentro do bar.
Não tinha ninguém nas mesas. Somente um negro de terno branco com violão à mão conversava com o balconista iluminado por uma luz difusa às suas costas.
Já estávamos calibrados!
Embalado pelo som da cascata e os acordes do Alberto, abri a voz!
O negro, que mais parecia uma estátua de ébano, aproximou-se humildemente e pediu para participar com seu violão em dupla com o Alberto.
Boêmio é um tipo diferente. Todos são solidários. Com grande alegria o receemos com carinho.
Fez uma dupla com o Alberto inesquecível.
Quando o acompanhamento é bom as músicas vão surgindo em borbotões.
A noite avançando não tínhamos a menor intenção de parar, porém teríamos que pegar o último lotação da noite e no dia seguinte estar às 7h no serviço.
Ao despedirmos quis encontrar novamente com aquela figura sensacional e na conversa perguntei seu nome e como encontrá-lo. Para surpresa minha passamos a noite na companhia de Synval Silva que acompanhou e compôs várias músicas para Carmem Miranda.
Minhas pernas tremeram!
20/06/2020
Pedro Parente
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