BRASÍLIA 75
Quando mudei para
São João, deixei no Rio muitos amigos queridos no Edifício dos Jornalistas, no
Garden Bar, Clipper e Seu Antônio lugares que frequentava diariamente. Em casa
mesmo, só para tomar banho e dormir.
Assim sendo, sentia
muita falta deles e dos locais onde encontrávamos. Normalmente às sextas-feiras
após o trabalho, pegava minha Brasília e me mandava para o Rio.
Onde a turma
estivesse eu já parava o carro e esquecia da vida entre as gargalhadas dos
companheiros sem perceber que ela passava. Só alegria, um chope após outro não
percebíamos o dia raiando.
Dali a pouco, já
estávamos na rede de vôlei na praia disputando uma acirrada partida entre os
atletas de final de semana. A juventude nos dava esse privilégio muita energia,
alegria e saúde.
Numa dessas
viagens de volta, deixei para sair na segunda feira cedo aproveitando ao máximo
as delícias do Rio.
Naquela época eu
tinha uma Brasília tirada zero quilometro. Bonitinha, branca, motor 1600
apelidaram de cristaleira.
Cedinho peguei meu
amigo Preto e caímos na estrada.
Já havíamos passado
a cidade de Santos Dumont numa manhã clara de sol, quando, de repente, o motor
parou de vez. O embalo só deu para encostar num lugar ermo em cima da braquiária.
Tínhamos deixado
para trás um posto de gasolina, porém ali onde estávamos, não tinha nada.
Eis que surge uma
figura esguia montando seu pangaré pachorrento. Me fez lembrar a figura de Don Quixote.
Não botei fé.
- Moço será que o
senhor nos ajuda a pedir um mecânico no posto logo ali atrás?
Aí entra a
história do sortudo, parece que São Cristóvão viaja comigo.
- O senhor deu
sorte porque eu também sou mecânico!
Não acreditei. Com
toda boa vontade do mundo, próprio do brasileiro, apeou do seu pangaré e já foi
na ferida direto.
- Abra a tampa do
tanque de abastecimento e veja se chupa ar para dentro.
Assim eu fiz!
Certinho, Destampei e fez aquele barulhinho característico. Siiiiiiiiiiiiiii!
Pegou a
mangueirinha do suspiro do tanque desentupiu que estava cheia de barro e
soprou. Mandou-me escutar se a gasolina borbulhava dentro do tanque. Assim o
fiz e deu certo.
- Dá na partida!
Rooommmmm!
Maravilha!
Carreguei na
gorjeta e se fosse uma mulher lhe daria um beijo.
Adeus amigo! Boa
viagem!
17/09/20
Pedro Parente.
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