quinta-feira, 17 de setembro de 2020

BRASÍLIA 75

 

 



BRASÍLIA 75

Quando mudei para São João, deixei no Rio muitos amigos queridos no Edifício dos Jornalistas, no Garden Bar, Clipper e Seu Antônio lugares que frequentava diariamente. Em casa mesmo, só para tomar banho e dormir.

Assim sendo, sentia muita falta deles e dos locais onde encontrávamos. Normalmente às sextas-feiras após o trabalho, pegava minha Brasília e me mandava para o Rio.

Onde a turma estivesse eu já parava o carro e esquecia da vida entre as gargalhadas dos companheiros sem perceber que ela passava. Só alegria, um chope após outro não percebíamos o dia raiando.

Dali a pouco, já estávamos na rede de vôlei na praia disputando uma acirrada partida entre os atletas de final de semana. A juventude nos dava esse privilégio muita energia, alegria e saúde.

Numa dessas viagens de volta, deixei para sair na segunda feira cedo aproveitando ao máximo as delícias do Rio.

Naquela época eu tinha uma Brasília tirada zero quilometro. Bonitinha, branca, motor 1600 apelidaram de cristaleira.

Cedinho peguei meu amigo Preto e caímos na estrada.

Já havíamos passado a cidade de Santos Dumont numa manhã clara de sol, quando, de repente, o motor parou de vez. O embalo só deu para encostar num lugar ermo em cima da braquiária.

Tínhamos deixado para trás um posto de gasolina, porém ali onde estávamos, não tinha nada.

Eis que surge uma figura esguia montando seu pangaré pachorrento. Me fez lembrar a figura de Don Quixote.

Não botei fé.

- Moço será que o senhor nos ajuda a pedir um mecânico no posto logo ali atrás?

Aí entra a história do sortudo, parece que São Cristóvão viaja comigo.

- O senhor deu sorte porque eu também sou mecânico!

Não acreditei. Com toda boa vontade do mundo, próprio do brasileiro, apeou do seu pangaré e já foi na ferida direto.

- Abra a tampa do tanque de abastecimento e veja se chupa ar para dentro.

Assim eu fiz! Certinho, Destampei e fez aquele barulhinho característico. Siiiiiiiiiiiiiii!

Pegou a mangueirinha do suspiro do tanque desentupiu que estava cheia de barro e soprou. Mandou-me escutar se a gasolina borbulhava dentro do tanque. Assim o fiz e deu certo.

- Dá na partida! Rooommmmm!

Maravilha!

Carreguei na gorjeta e se fosse uma mulher lhe daria um beijo.

Adeus amigo! Boa viagem!

17/09/20

Pedro Parente.

 

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