LAMBRETAS
Naqueles “Anos Dourados”
o Rio de Janeiro era um charme e o Hotel Copacabana Palace cobiçado pela
maioria do “Jet Set” internacional.
Por lá passaram reis,
rainhas, atores de Holywood, play boys internacionais e etc...
Copacabana tornara-se a “Princesinha
do Mar” na voz de Dick Farney, Lúcio Alves e Cil Farney fazia sucesso no cinema
contracenando com Fada Santoro.
Havia um bar famoso na NS
de Copacabana em frente à rua Inhangá que vendia (na moita) calças contrabandeadas
Lewis, azul; branca, Lee. Só para aqueles que tinham bala na agulha ou papai
rico.
Os sapatos masculinos
eram fabricados de couro cru sob medida por um sapateiro habilidoso chamado
Mota que se instalou em uma lojinha na NS de Copacabana próximo ao Cinema
Bruni. Conquistou tanto sucesso que teve que expandir seu negócio e trocou de
nome para Loja do Motinha e posteriormente Motex, já mais sofisticada.
Copacabana não dormia,
tanto que o Bar Bico no Posto 6 não tinha portas. Durante a noite servia chopes
e salgados, quando amanhecia mudava o cardápio e virava para “média com pão e
manteiga” fresquinhos.
Acompanhando o clima
charmoso do Rio, surgiram as Lambretas importadas da Itália. Verdadeiras
joinhas cobiçada por toda juventude, porém usada por poucos moços abastados.
Tornou-se uma febre!
Não demorou muito tempo para
que os rapazes proprietários dessas cobiçadas motonetas passassem a se reunir
no bar Snack na rua Sá Ferreira. Ficavam ali fazendo pose de artistas. Uns de
sapatos do Motinha, calças Lee, jaqueta de couro e todos com os cabelos
emplastrados de brilhantina Glostora.
A noite saiam em bando e
iam exibir suas máquinas e seu charme pessoal, desfilando pela avenida
beira-mar. Iam até o final da Av Delfim Moreira no Hotel Leblon e voltavam pela
outra pista.
Aquilo foi aguçando a
curiosidade na “Turma do Jornalistas” edifício famoso na Av Ataulfo de Paiva
50.
A turma não era menos
famosa, pois na 14ª DP no Jóquei, havia um mapa dependurado na parede com o
contorno da jurisdição da mesma. Lá um X vermelho marcava as turmas de esquina
comuns à época. No caso da turma do Jornalistas ao invés de um insignificante X
havia uma enorme bola vermelha.
Não era para menos, a
turma era muito grande, pois compunha a rapaziada que habitava o conjunto de três
prédios compostos por dois blocos com dezesseis andares cada um.
Um dos líderes dessa
imensa turma, Sérgio “Lacerda” (devido a semelhança fisionômica com o Corvo)
era uma das pessoas mais espirituosas e molecas que já ouvi falar. Sempre
pensando em fazer “arte” nada que prejudicasse alguém. De bom caráter e ótima
cultura.
Numa noite de verão,
muita gente na roda, o “Lacerda” convocou a turma para ir à beira mar.
Chegando lá, na hora dos
motoqueiros passarem, expos o plano. Distribuiu a turma, metade na calçada da
praia e a outra no jardim central que divide as pistas.
Tudo combinado, lá vem os
boys. Passaram na direção do final do Leblon e a rapaziada fingindo que “não tô
nem ai”, na verdade morrendo de inveja se preparou para a volta.
Não deu outra.
Lá vem os caras! Faróis
acesos numa velocidade de passeio, vieram se aproximando e a turma posicionada,
metade de um lado outra metade do outro.
Quando estavam bem próximo
o “Lacerda” gritou:
- AGORA!
E os dois lados fizeram
menção de puxar uma corda imaginária entre eles, esticando-a no meio da pista.
Foi um tal de meter o pé
no freio, uns desviando dos outros que se tocavam.
Quando perceberam que não
havia nenhuma corda, ficaram com cara de tacho. Alguns quiseram encarar, mas
pelo volume da turma, desistiram e aceleraram o que puderam saindo dali no
limite da máquina.
Acabou o corso de
Lambretas no Leblon!
06/10/20
Pedro
Parente
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