O GÊNIO
Na nossa turma do Edifício dos Jornalistas no Leblon haviam as figuras mais diferentes umas das outras. Raramente nos desentendíamos.
Naquele tempo que o leiteiro trazia o leite – Vigor - dentro de uma garrafa de vidro com a boca larga e a colocava na porta de cada apartamento. A mesma coisa era feita pelo padeiro.
Alta mordomia!
Algumas vezes os produtos não chegavam aos destinatários, sendo interceptados por algum boêmio sonolento e cheio de “larica”.
Entre vários tipos diferentes um se destacava pela sua inteligência e era reverenciado como bruxo. Não sem motivo!
Chamava-se Murilo, irmão do Carlos Átila moradores do C1.
Diziam que era câmera man. da TV Globo e profundo conhecedor de eletrônica.
Desenvolveu um aparelho, acho que se chamava giroscópio, que representava o drone atual.
Da sua janela botava a geringonça para voar, ia até próximo a Cruzada do D. Elder deixando os moradores encucados. Retornava e pousava suavemente sob seu comando.
Isso acontecia sempre a noite e não eram poucas as histórias inventadas. Muitas senhoras pegavam no terço suplicando pelo sumiço daquela coisa do mal e obra do coisa ruim o cramunhão.
Os papos dez tiravam de letra: “Tô sabendo! É os tar de ovinis”.
Murilo se divertia.
Certo dia na Prudente de Moraes bateu em um poste e quando sua mulher saia do carro desceu um pedaço de concreto que estava solto e atingiu-a deixando-a hemiplégica.
Detonou a vida deles e não tive mais contato.
Lamentável!
28/10/2020
Pedro Parente
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