RECORDAÇÕES
Corriam os anos sessenta, Edifício dos Jornalistas no Leblon onde eu morava.
A turma era grande e a felicidade constante.
Dentro do condomínio rolava uma pelada que se tornou famosa a partir do momento que ali participavam Newton Santos e Garrincha.
O dono da bola era o Murilo Asfora que nos deixou recentemente levando consigo um pedaço do que resta do meu combalido coração.
Este é um momento triste, porém prefiro ficar com as boas recordações daquela época.
Murilo tinha um irmão, Lúcio que devido a grande empatia, nos tornamos íntimos. Era uma pessoa muito engraçada, dessas que possuem um jeito peculiar de contar seus casos. Sempre que encontrávamos me saudava com uma frase em italiano:
-“Domani sarà tropo tardi!”. Dizia que fazia parte de um filme protagonizado por Frank Sinatra.
Impossível conter a gargalhada!
Contou-me que seu tio veio do Nordeste, acho que de Recife, para visitar a família do irmão Permínio.
Certa manhã aquele senhor circunspecto, decidiu conhecer o Centro do Rio. Pegou um “troleybus” que substituiu os bondes e desceu próximo a Avenida Rio Branco com o intuito de caminhar e admirar aquelas preciosidades do Rio.
Ao atravessar a Avenida Presidente Vargas o sinal luminoso abriu e não deu tempo de alcançar a calçada do outro lado.
Oito pistas de carros e lotações verdadeiros bólidos a porfiar uns com os outros.
Nosso ilustre visitante não teve dúvida, desesperado ajoelhou-se no meio da pista e com as mãos para o céu gritava:
-Parem! Parem que eu não sou daqui!
Quando o sinal fechou novamente, conseguiu chegar ao outro lado da pista, pegou um taxi interrompendo sua visita antecipadamente.
Momentos felizes!
17/05/2023
Pedro Parente
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