MADRUGADA
PERIGOSA
Certa madrugada quando
saí do Garden Bar encharcado de chopes, acompanhado pelo Paulo Meninão e
Gilberto Gaúcho nos encaminhávamos para nossas casas no Edifício dos
Jornalistas no Leblon.
Na esquina em frente ao
bloco A1 um cidadão não percebeu que chegávamos, sacou de uma pistola rendendo
um casal de jovens muito bem vestidos que saia de um baile no Monte Líbano.
Anunciou o assalto e
ordenou que o rapaz deixasse o relógio de pulso no chão.
Tempos românticos como
no Velho Oeste!
O casal ficou
petrificado e sem cor diante da situação.
O rapaz obedeceu e
quando se preparava para tirar o relógio do pulso, cheguei nele aos berros e
batendo palmas como se espantasse um cachorro.
Não deu outra, o cara
mudou a mira. Virou a arma em minha direção e falou:
- “Agora é tu que vai
morrer intrujão”.
- Na frente da minha
casa não vais assaltar ninguém!
De repente eu estava
sozinho na mira do delinquente.
Percebi que o cara não
era profissional, se o fosse eu estaria morto.
Contou que estava num
samba na Cruzada e deram uma surra nele.
Fui dando papo e de
costa para o prédio passei pela muretinha pensando em sair correndo entre as
pilastras. Minha chance seria grande. Ele teria que ser muito bom para me
acertar. Mas ele foi acalmando e o assalto acabou quase com um aperto de mão.
Dias depois o casal
descobriu meu endereço e foi até o apartamento que eu morava no B2 agradecer
pelo meu ato.
Eu não estava. O casal
foi recebido pela minha tia.
Ele contou que era
cadete da Aeronáutica e que naquela noite havia escapado do quartel para
encontrar com a moça no baile. Se algo desse errado seria punido.
O tempo passa. A fila
anda.
Um dia, pela manhã, fui
à padaria do Luso em baixo do Bloco A2 percebi que havia trocado o atendente.
Uniformizado e
sorridente, mandou:
- Lembra-se de mim?
- Claro!
Era o meliante que
resolvera mudar seu modo de vida ingressando no exército dos trabalhadores
honrados.
Vida que segue!
08/01/2019
Pedro Parente
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