DESILUSÃO.
Naquele tempo, na década
de 60, quando ainda morava no Rio, fazia parte de uma turma de jovens moradores
do EdifÃcio dos Jornalistas no Jardim de Alah, confluência de Ipanema com o
Leblon.
A turma era muito
grande. São três edifÃcios de 16 andares com dois blocos cada um. Tinha
apartamento que participava com mais de um membro, normalmente estudantes
começando a vida.
Entre muitos,
existia um que tinha a peculiaridade de investir e assediar qualquer “rabo de
saia” que por ali passasse.
Certa noite,
conversávamos à parte do restante apoiados na banca de jornais já fechada
naquele horário.
O Leblon ainda
tinha uma atmosfera de aldeia. A iluminação pública da Light não era essas
coisas. Quebrava bem o galho.
De repente meu
amigo “gavião” pressentiu um vulto de mulher do outro lado da rua.
Esfregou as mãos
uma na outra e entusiasmado, mandou:
- Olha lá Masque!
Uma grinfa! (Masque era meu apelido)
Apertou os olhos
para ver se divisava melhor aquela mulher, pois sofria um grau avançado de
miopia e com a pouca luz ficava difÃcil para qualquer um.
Mesmo assim,
obedecendo seu instinto de conquistador, fez um tÃmido aceno, no que foi
correspondido pela mulher.
Ficou louco de
entusiasmo e ao atravessar a rua, quase foi atropelado.
Curioso, me detive
observando o desfecho daquela conquista.
Surpreso, vi os
dois trocarem algumas palavras e ele colocar a mão no ombro da mulher.
Esperaram o
trânsito diminuir e atravessaram abraçados em minha direção.
Pensei: - O cara
se deu bem!
Quando os dois
chegaram na minha presença, ele falou:
“Masque essa aqui
é minha mãe!”
Respeitosamente
engoli minha rizada do Butle cachorro do Dick Vigarista!
06/04/20
Pedro Parente
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