segunda-feira, 6 de abril de 2020

DESILUSÃO

DESILUSÃO.
Naquele tempo, na década de 60, quando ainda morava no Rio, fazia parte de uma turma de jovens moradores do Edifício dos Jornalistas no Jardim de Alah, confluência de Ipanema com o Leblon.
A turma era muito grande. São três edifícios de 16 andares com dois blocos cada um. Tinha apartamento que participava com mais de um membro, normalmente estudantes começando a vida.
Entre muitos, existia um que tinha a peculiaridade de investir e assediar qualquer “rabo de saia” que por ali passasse.
Certa noite, conversávamos à parte do restante apoiados na banca de jornais já fechada naquele horário.
O Leblon ainda tinha uma atmosfera de aldeia. A iluminação pública da Light não era essas coisas. Quebrava bem o galho.
De repente meu amigo “gavião” pressentiu um vulto de mulher do outro lado da rua.
Esfregou as mãos uma na outra e entusiasmado, mandou:
- Olha lá Masque! Uma grinfa! (Masque era meu apelido)
Apertou os olhos para ver se divisava melhor aquela mulher, pois sofria um grau avançado de miopia e com a pouca luz ficava difícil para qualquer um.
Mesmo assim, obedecendo seu instinto de conquistador, fez um tímido aceno, no que foi correspondido pela mulher.
Ficou louco de entusiasmo e ao atravessar a rua, quase foi atropelado.
Curioso, me detive observando o desfecho daquela conquista.
Surpreso, vi os dois trocarem algumas palavras e ele colocar a mão no ombro da mulher.
Esperaram o trânsito diminuir e atravessaram abraçados em minha direção.
Pensei: - O cara se deu bem!
Quando os dois chegaram na minha presença, ele falou:
“Masque essa aqui é minha mãe!”
Respeitosamente engoli minha rizada do Butle cachorro do Dick Vigarista!
06/04/20
Pedro Parente

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