SEQUELAS DA BOEMIA
Há tempos, no Bar do Antônio José, nas noites de terças feira era dedicada à seresta no que o proprietário batizou de “Noite do Aldo.
Aldo Lobo Leite tinha um vozeirão de fazer inveja. Se acompanhava com seu inseparável violão seresteiro. Como seu amigo de longas datas, me atrevia a participar com ele daqueles verdadeiros saraus.
Era uma temeridade, pois na madrugada, embriagado, assumia o volante do meu velho Gol 1.600 e atravessava a cidade para chegar à minha casa.
Tinha o cuidado de manter meu estado etílico controlado.
Certa noite, a seresta estava muito gostosa e o Aldo tinha hora para deitar-se. O Bar estava cheio alguém pediu que o substituísse. Um dos participantes pegou o violão e a emoção tomou conta de mim fazendo que perdesse a noção do tempo.
Alta madrugada o dono do Bar já querendo dormir pois o mesmo era em sua casa de moradia, paramos, pagamos a conta e saímos.
Aí percebi que tinha excedido na “marvada pinga”. Sentei-me ao volante do “pau velho” e não sabia se dormia ou dirigia.
Com a imagem do meu filho na lembrança, dispus-me a chegar rápido em casa.
Próximo à minha casa no bairro retirado onde moro na zona rural, desceram na minha frente dois cavalos.
Consegui desviar, porém não desviei do barranco e entrei com tudo nele.
Bati com violência. Sem cinto de segurança não machuquei porque Deus não quis.
Passado um tempo, percebi que minha coordenação motora não estava bem. Tentava colocar a tampa numa garrafa, errava o gargalo.
Tive que levar minha família a B. Horizonte. No meio do caminho notei que estava “comendo a faixa” que divide as pistas.
Percebi o perigo e pedi que meu sobrinho nos trouxesse de volta.
Chegando em casa liguei para meu amigo Dr José Flávio e contei-lhe do meu sintoma. Pediu-me que fosse internado imediatamente na S. Casa.
Após fazer ressonância na minha cabeça, constatou um sangramento que estava pressionando meu cérebro perigosamente.
No dia seguinte o Dr Paranhos abriu minha cabeça. A pressão era tão grande que o sangue coagulado saltou longe.
Felizmente correu tudo bem nas mãos desses profissionais de primeira categoria.
Quando voltei da anestesia e recobrei meus sentidos, o meu amigo Zé Flávio para verificar meu estado de consciência, falou:
- E aí Pedrão?
- Estive no inferno!
- Tinha mulher boa lá?
- Se tivesse eu tinha ficado por lá!
Aí ele pode confirmar o meu estado de lucidez!
Essa foi uma das minhas visitas a UTI da Santa Casa a quem devo agradecer a competência e generosidade de todos aqueles que ali militam.
Já era para eu estar do outro lado, porém o Zé Flávio e o Paranhos não deixam!
Obrigado!
03/03/2023
Pedro Parente
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