sexta-feira, 3 de março de 2023

SEQUELAS DA BOEMIA

 SEQUELAS DA BOEMIA

Há tempos, no Bar do Antônio José, nas noites de terças feira era dedicada à seresta no que o proprietário batizou de “Noite do Aldo.

Aldo Lobo Leite tinha um vozeirão de fazer inveja.  Se acompanhava com seu inseparável violão seresteiro. Como seu amigo de longas datas, me atrevia a participar com ele daqueles verdadeiros saraus.

Era uma temeridade, pois na madrugada, embriagado, assumia o volante do meu velho Gol 1.600 e atravessava a cidade para chegar à minha casa.

Tinha o cuidado de manter meu estado etílico controlado.

Certa noite, a seresta estava muito gostosa e o Aldo tinha hora para deitar-se. O Bar estava cheio alguém pediu que o substituísse. Um dos participantes pegou o violão e a emoção tomou conta de mim fazendo que perdesse a noção do tempo.

Alta madrugada o dono do Bar já querendo dormir pois o mesmo era em sua casa de moradia, paramos, pagamos a conta e saímos.

Aí percebi que tinha excedido na “marvada pinga”. Sentei-me ao volante do “pau velho” e não sabia se dormia ou dirigia. 

Com a imagem do meu filho na lembrança, dispus-me a chegar rápido em casa.

Próximo à minha casa no bairro retirado onde moro na zona rural, desceram na minha frente dois cavalos.

Consegui desviar, porém não desviei do barranco e entrei com tudo nele.

Bati com violência. Sem cinto de segurança não machuquei porque Deus não quis.

Passado um tempo, percebi que minha coordenação motora não estava bem. Tentava colocar a tampa numa garrafa, errava o gargalo.

Tive que levar minha família a B. Horizonte. No meio do caminho notei que estava “comendo a faixa” que divide as pistas.

Percebi o perigo e pedi que meu sobrinho nos trouxesse de volta.

Chegando em casa liguei para meu amigo Dr José Flávio e contei-lhe do meu sintoma. Pediu-me que fosse internado imediatamente na S. Casa. 

Após fazer ressonância na minha cabeça, constatou um sangramento que estava pressionando meu cérebro perigosamente.

No dia seguinte o Dr Paranhos abriu minha cabeça. A pressão era tão grande que o sangue coagulado saltou longe.

Felizmente correu tudo bem nas mãos desses profissionais de primeira categoria.

Quando voltei da anestesia e recobrei meus sentidos, o meu amigo Zé Flávio para verificar meu estado de consciência, falou:

- E aí Pedrão?

- Estive no inferno!

- Tinha mulher boa lá?

- Se tivesse eu tinha ficado por lá!

Aí ele pode confirmar o meu estado de lucidez!

Essa foi uma das minhas visitas a UTI da Santa Casa a quem devo agradecer a competência e generosidade de todos aqueles que ali militam.

Já era para eu estar do outro lado, porém o Zé Flávio e o Paranhos não deixam!

Obrigado!

03/03/2023

Pedro Parente


Nenhum comentário: