LARGO DA SÉ
Esse primeiro prédio de
dois andares foi construído pelo meu avô materno oriundo de Portugal que trouxe
consigo suas irmãs e bastante dinheiro. Seguiram os passos de nosso “Rei Fujão”
pelo mesmo motivo: medo do comunismo.
É uma grande construção
confinando seu fundo com a Baia de Guajará onde foi construído, também um
trapiche para atracação de sua lancha Leopoldina que transportava gêneros de
sua propriedade no Alto Rio Guamá. Na parte de baixo do prédio acontecia a
administração e o refeitório da família, Na parte superior haviam dois grandes
salões de festas onde eram comemorados aniversários e datas especiais como o
Círio de Nazaré, Natal e Ano Novo.
Eram lindas festas! Delas
participavam autoridades e a alta sociedade paraense.
Os tempos passaram e
aquele prédio serviu de abrigo para sua família até que o Quartel ao lado
resolveu se apossar daquela área indenizando a família de forma irrisória.
Restaram lembranças
maravilhosas dali.
O prédio foi construído no
Largo da Sé, da catedral de onde sai todos os anos a extraordinária procissão
do Círio de N.S.de Nazaré padroeira de Belém.
Na família aquele prédio era
chamado de Sobrado ou a “Casa da Dindinha” onde minha tia Maria morava com suas
irmãs. Por ser professora, na parte de baixo fundou o Externato Barroso que
administrava o Curso Primário. Lá estudei, claro que levei vantagem sendo
sobrinho da professora...
O Largo era ornado por
várias e frondosas mangueiras centenárias. Uma de cada qualidade. Nunca vou
esquecer o canto alegre dos bem-te-vis que lá se alimentavam daqueles frutos
deliciosos.
A noite Dindinha me
levava pelas mãos para a as novenas da Sé onde ela fazia parte do coro entoado
as musicas sacras. Na saída um bom sorvete de frutas regionais.
Exausto de tanto brincar
nada melhor que uma boa rede e um sono inocente e reparador. Na parede um
quadro com a imagem de Santa Terezinha que com seu olhar acompanhava meus
balanços.
Só alegria!
17/12/2023
Pedro Parente
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