VILA DE MOSQUEIRO
No dicionário
Mosqueiro significa local de muitas moscas, porem a origem do nome dado à ilha,
onde passei parte da minha infância, está relacionado a Moquém, uma grelha de
paus sobre o lume onde se assam ou secam peixes.
Os índios que ali habitavam
tinham o costume de se reunirem na praia,
todos da tribo e promoviam uma imensa pescaria. O produto, normalmente, de bastante
volume, contendo quantidade abundante de peixes de todas as espécies. Cabia às
mulheres a tarefa de limparem as vísceras e brânquias do pescado. Sendo grande
quantidade, a tribo teria que secar os peixes que abasteceriam a aldeia por
algum tempo.
Na praia erguiam
os moquéns promovendo a secagem. Até hoje por lá se usa o termo “peixe moqueado”
que corresponde a “peixe defumado”.
Sendo uma ilha
escolhida pela elite, tornou-se muito procurada por turistas que dali fizeram seu
passeio de férias e finais de semana. Construíram seus adoráveis chalés de
madeira em seus arborizados quintais, cada um mais bonito que o outro.
Por se tratar de
ilha sua comunicação e abastecimento com o continente era feita por via
marítima. Sua porta de entrada, um trapiche enorme baía adentro onde encostavam
embarcações e, principalmente o navio a vapor que trazia moradores e veranistas.
Nas generosas
férias escolares o movimento da ilha crescia demais, mantendo as devidas proporções.
Ruas de terra, apenas um pequeno ônibus que fazia duas viagens, uma quando o
navio chegava e outro quando ia embora.
Ali na frente junto
ao trapiche todos chamavam o bairro de Vila, onde tinha o Mercado Municipal. Em
frente várias barraquinhas onde as artesãs locais comerciavam seus deliciosos e
singelos produtos culinários como
mingaus, tapioquinha, café e mil e uma quitandas
Na minha inocência,
achava que ali era o céu!
A tarde tradicionalmente
é a hora do tacacá. Um tipo de caldo quente de origem indígena consumido na
cuia. Feita com goma de polvilho, tucupi que é o suco extraído da mandioca
brava, jambú uma folha que deixa a boca meio anestesiada e camarão seco.
Uma delícia
insuperável!
Num quiosque da
Prefeitura Tia Raimunda servia em sua banca o tacacá mais famoso e saboroso por
isso mesmo muito disputado. Tia Raimunda de seus quarenta anos e talvez cento e
cinquenta quilos, sorriso franco, turbante na cabeça, querida de todos. Com todos
esses predicados tornou-se conselheira espiritual dos jovens desencantados com
seus efêmeros namoricos. Em volta de sua banca tinha sempre uma alegre roda de
rapazes e moças alegres como um bando de maritacas.
Tempos felizes!
11/12/2023
Pedro Parente
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