terça-feira, 29 de maio de 2018

CANTINA CALABRESA

Foi nessa época que certo dia, cedinho, eu e o Kito saímos para caminhar nas Águas Santas com o propósito de desintoxicar e perder um pouco de peso que já nos rondava.
De short e tênis fizemos nossa caminhada naquele ambiente agradável do lugar.
Exaustos, entramos no carro e voltamos.
Kito morava no Edifício São João, lugar perigoso, pois lá estava a Cantina Calabresa que nos atraia com a simpatia do Ítalo e seus acepipes.
Não deu outra!
Ainda com a porta de aço semi aberta, Kito sugeriu um ovo frito para recompor as energias.
Fomos recebidos pelo Brás que nos servia sempre com muito carinho e participava das nossas conversas como irmão.
Quando um freguês deixava parte do almoço ou jantar intocável sobre a mesa, o Brás tirava o prato, ia na cozinha trocava o prato, fingia que havíamos pedido.
Essa sobra dávamos o nome de "barranco".
Era uma alegria.
Evitávamos o desperdício e o Ítalo era conivente.
Pois bem, quando chegamos naquele horário, ainda cedo da manhã.
O Brás sonolento, se assustou:
- Mas já? Ainda não terminei a limpeza do salão?
- Somos da casa. Um filé com dois ovos!
- E pra beber?
- Nos entreolhamos. Em uníssono:
- Trás um licor Strega que é digestivo. Tomamos uma garrafa!
Feita a digestão, emendamos com um litro de uísque Theacher's.
Nessas alturas a mesa já estava lotada com nossos companheiros que já haviam farejado no que ia dar.
Após detonarmos o estoque de bebidas de dose que o Ítalo mantinha num expositor de portas de vidro embutido na parede, o Ítalo com o dedo que mais parecia um martelo, bateu no balcão e tocou alto sua voz de recolher: DORMIRE!
Chegamos em casa, tropeçamos na tromba das esposas e caímos na cama.
29/05/2018


Pedro Parente

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