TIO GALILEU.
Quando vim para o Rio de
Janeiro, trouxe no bolso entregue pelo meu pai, o endereço de seu primo Gladstone
que à época da guerra haviam servido como soldados no Regimento Sampaio.
Morava na Rua Farahni em
Botafogo e formara-se em médico psiquiatra catedrático da UFRJ.
Durante os anos que ali
morei, fiz parte de sua encantadora família. Era rotina nos finais de semana,
atravessarmos as Barcas para Niterói e rumarmos para Iguaba Grande no interior
do Estado do Rio, próximo à Lagoa de Araruama onde o Gladstone possuía uma boa
casa de veraneio.
Gladstone era filho do
Tio Galileu irmão de meu avô Garibaldi. Morava no Andaraí numa casa baixa.
Era um personagem do
bairro, todos o admiravam e reverenciavam por ser muito receptivo e ágil, tanto
que se orgulhava de saltar do bonde ainda em movimento.
Tio Galileu gostava de
ser chamado de “Voltaire”. Era intelectual e ao contrário do resto de sua
família não quis ficar em Abaetetuba, me parece que era piloto da Marinha
Mercante e estabeleceu-se inicialmente em Fortaleza. Possuía dotes extra
sensoriais, praticava o espiritismo e era vidente.
Certa noite, o Gladstone
convidou-me a visita-lo em sua casinha. Recomendou-me que não falasse que seu
irmão Garibaldi havia falecido.
Feita as apresentações,
tio Galileu perguntou pelo Garibaldi, seu irmão. Informei-o de que estava bem e
lhe mandava lembranças.
- Estranho! Há dias
passou aqui, despediu-se de mim e comunicou que já estava indo!
Coisas do imponderável!
02/03/2021
Pedro Parente
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