PAPAI
Há dias comemorou-se Dia dos Pais. Pai homem porque “pais” engloba o casal pai e mãe.
Ele é um ser especial que enfrenta um leão por dia passa muitas vezes pelo anonimato, raramente lembrado nas homenagens do dia a dia. Infelizes os que não o conheceram.
No meu caso lembro com muita saudade dele.
Levantava-se pela manhã, mamãe da janela do sobrado em que morávamos o seguia com seus olhos até que entrasse no Banco onde trabalhava.
Uma ocasião deixou o emprego e foi trabalhar com seu irmão em um barco grande que construíram.
Levavam mantimentos diversos que trocavam com os ribeirinhos por produtos da floresta.
Carga perigosa, latas contendo vinte litros de querosene pois não tinha energia elétrica nas palafitas.
No meio do Amazonas o motor do barco pifou. Ficaram a deriva açoitado por forte temporal. As ondas cresceram muito e havia risco de soçobrarem.
Papai, que se dizia ateu, fez uma promessa à Virgem de Nazaré, nossa padroeira, de acompanhar o Círio com a família, todos descalços.
Conseguiram se salvar. Depois que a tempestade passou e o rio amainou.
Importaram a peça visto que o Brasil não fabricava quase nada.
Instalaram o eixo virabrequim após esperarem vários dias e seguiram viagem, porém meu pai por ser muito conhecido, fingiu esquecer-se da promessa, mas a mamãe a quem houvera contado, não esqueceu.
Conclusão, no dia da procissão do Círio de Nazaré, mamãe colocou a família toda nos cascos, isto é, sem sapatos.
Meu pai envergonhado com a rosto vermelho de vergonha, atrasou o passo para que fossemos todos no final da romaria evitando com isso olhares conhecidos.
Minha singela de uma das lembranças daquele que não me sai da cabeça desde que se foi.
Espero encontrá-lo novamente!
14/08/2024
Pedro Parente
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