AVERSÃO A GATOS
Quando criança morávamos em uma casa grande pois a família era numerosa. O quintal era proporcional a casa com muito espaço onde meu pai criava umas galinhas e cultivava arvores frutíferas.
Vivendo integrados com a natureza era comum a convivência com animais domésticos como cachorros e gatos.
Certo dia uma das galinhas produziu vários pintainhos, entre eles, um destoava da cor amarela predominante. Era preto com manchinha amarela na crista. Preparei uma caixinha de papelão de guardar sapatos e dela fiz sua casinha. Forrei-a com algodão e areia. Naquela criaturinha depositei todo meu carinho infantil e nos tornamos amigos íntimos. Quando já franguinho me acompanhava pelos cômodos da casa sob bronca da minha mãe que não admitia sujeira dentro de casa.
Amanheceu corri para ver meu amiguinho e achei só penas que eram as digitais do gato. Naquele instante tive minha primeira decepção com o mundo, aquele animal malvado acabou com meu sonho.
Guardo em minha retina aquela imagem até hoje!
Daquele dia em diante passei a ter repulsa por esse tipo de felino tratando-os com desprezo e rancor sem considerar que o animal apenas obedeceu seu instinto.
O tempo, mestre do mundo que coloca tudo em seu devido lugar, foi passando e eu carregando o rancor comigo. Mudei para minha casa onde vivo atualmente com minha família, mulher, filho, nora e uma linda netinha de três anos.
Nossa casa é retirada num agradável arrabalde onde travei uma luta inglória com ratos do campo que invariavelmente amedrontavam nossas moradoras.
Bicho asqueroso e repulsivo não tinha nada que os detivesse. Lembrei-me que em minhas andanças ouvi alguém dizer que rato tem medo até do miado do gato.
Impotente na minha luta, passei a mensagem para meu filho e minha nora. Não demorou um dia e eles chegaram com dois gatos, um adulto e outro filhote.
Os ratos sumiram e eu me enchi de afeto por eles, o menor, muito audacioso sobe na minha cama e vai cheirar meu bigode, o adulto já é mais tranquilo enquanto escrevo me faz companhia salivando ao ver os passarinhos que voam de galho em galho no pé de manacá.
Agora em paz com os “bichanos” tento me redimir admirando-os.
“Somente os idiotas não mudam de opinião!” (NR).
Vida que segue!
16/06/2024
Pedro Parente
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